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Pesadelo de presente ou premunição do futuro.

Essa noite sonhei que estava em um quarto escuro com pessoas acorrentadas que gritavam muito alto, uma cena muito perturbadora.

"SOCORRO! ME TIRA DAQUI EU NÃO MEREÇO ISSO. Por favor, alguém me salva..."

Gritos, soluços e o som das correntes enchiam meus ouvidos cada vez mais.

O barulho foi diminuindo aos poucos até quase desaparecer, quando a tormenta parecia ter terminado, senti uma mão firme no meu ombro e ao olhar para trás havia um homem alto e forte.

"Bata neles, ou será um deles. Não acha que é capaz de fazer isso?" - Ele enrolou a mão em meus cabelos e me puxou para trás, e de repente a sensação súbita de de estar acorrentada surgiu em meus pulsos.

"Eu não preciso te provar do que sou capaz." - Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

A situação pareceu ficar em câmera lenta e consegui enxergar melhor a situação, havia correntes em meus pulsos, eu estava com roupas pretas e desgastadas, meus cabelos soltos sobre os ombros naquele ambiente sujo e úmido. Ao abaixar a minha cabeça e vi minhas mãos cobertas por machucadas em ferida aberta, as manchas que se misturavam com preto da sujeira e o vermelho do sangue que não dava para entender se era mão ou de outras pessoas, afinal não estava ardendo e sim se curando. Levantei-me com muita dificuldade e comecei a correr com todas as forças até ser jogada para puxada em um solavanco para trás, as correntes não eram longas. Tentei me soltar puxando com toda a força que eu tinha, foi quando consegui arrancá-las das paredes e começar a correr no mesmo segundo do estrondo delas estourando pelo meio das pessoas que gritavam. Corri o máximo que pude até dar de cara com uma parede, sem saída. Por mais que tentasse sair, ela não se levantava uma poeira. Até me dar conta de que não havia saído do lugar, ajoelhei-me em sinal de rendição e as lágrimas escorreram com mais intensidade.

Acordei com um grito, levantei e desci as escadas correndo.

Na cozinha vi minha mãe, que apesar de não ter me gerado cuidou de mim por alguns anos. Eu vi o seu corpo frio e sem vida no chão, banhado de sangue. Ela que estava com uma camisola branca, agora tingida de vermelho. Segurei sua cabeça em meu colo, acariciando seus cabelos. Stefan apareceu com sacolas nas mãos, foi tudo tão rápido. Quando eu o vi já havia me puxado para longe dela e me segurava enquanto eu me debatia tentando chegar mais perto. Com a outra mão ele ligou para a emergência, mesmo sabendo que seria em vão a essa hora e pela quantidade de sangue.

Depois de falar com alguém do outro lado da linha, ele me levou para o meu quarto.

- Já passamos por isso. Ele está chegando, precisamos ir para um lugar mais longe. - Stefan disse me segurando debaixo da água do chuveiro para tentar tirar o sangue que cobria boa parte dos meus braços tronco e pernas.

-Ele não precisava ter feito isso. E quem é ele? Você fala tanto, 'ele, ele, ele', mas nunca diz seu nome verdadeiro para mim. -   Suplique já sem forças deitando minha cabeça nos meus joelhos.

- E pelo seu próprio bem Alice. – Seu olhar era triste e compreensivo ao mesmo tempo, estava tão cansado quanto eu e chegava a beirar a culpa por ter saído e nos deixado sozinhas.

-Mesmo argumento, lugares diferentes, enterros em sequência...- Reclamei, ignorando-o e me virando de costas para evitar seu olhar de pena. - Me dá licença, preciso tomar um banho decente e trocar de roupa. Queima essa aí, e pode ir resolver as coisas com os paramédicos e do enterro eles estão chegando.

-Eu também consigo ouvir. - Ele respondeu me soltando de vez.

-Sabemos que "Ele" não vai me matar, pelo menos ainda. – Fechei a cortina e tirei o restante da roupa já esfregando o corpo em choque pela quantidade de sangue.

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⏰ Última atualização: Jan 30 ⏰

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