O perseguidor

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Quando me falaram que nas próximas duas seria feriado, eu suspirei aliviada, estava totalmente lotada de trabalhos da escola, sem tempo até para respirar. Eu não conseguia mais tocar piano a 3 dias, pois eu nunca conseguia dar conta de todas as minhas tarefas. 

Eu percebi que de certa forma Beta sempre parecia cada vez mais forte, ela realmente estava provando que não era como minhas antigas amigas. Um tempo antes de algo acontecer com elas, elas começaram a ficar pálidas, magras, e sempre adoeciam facilmente. E o pior é que eu sabia que elas ficavam assim apenas perto de mim. Mas com Beta era diferente, ela me dava uma força que me ajudava de certa maneira. Ela se tornara minha melhor amiga, uma amiga que eu nunca tinha tido. 

- Que tal se fossemos ao Jardim Botânico esse feriado? - Beta disse no meio da aula de religião, o que não agradou muito o professor, que nos olhou com uma cara brava. 

- Estava pensando na Ópera de Arame - Respondi depois de um tempo.

- O problema é que vai ser mais difícil irmos a Ópera de busão, é mais afastado da cidade.

- Eu não sei... não conheço a cidade ainda. Mas eu posso pedir o carro da minha mãe emprestado.

- O carro? Com você dirigindo? - Ela fez uma ara de quem não estava intendendo nada - Que eu saiba 1. você ainda é menor de idade e 2. você não tem carteira de motorista.

- Dês de quando isso é algum problema? É só não pegarmos nenhuma avenida...

- Mesmo assim, não. Eu peço para minha mãe nos levar, e depois voltamos de táxi. O que acha?

Pensei um pouco a respeito, o táxi seria mais caro e... eu não gostava de andar de carro com pessoas no volante que eu não conhecia, péssimas experiencias passadas.

- Não. Táxi nem pensar. 

- OKAY - ela estava com uma cara de emburrada. - Então nós vamos ao shopping, tem um perto do meu prédio.

Respirei fundo e concordei com a cabeça, eu não queria andar de carro.

- Vamos andando até lá, eu moro a 3 quadras daqui. - Beta respondeu sem muita animação. - Mas eu ainda queria ir no Jardim Botânico.

Revirei os olhos e o professor chamou nossa atenção, disse para pararmos de conversar. E assim se fez. 

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Uma hora em ponto estávamos no shopping, a primeira coisa de que Beta comprou foi um Milk-shake ENORME de Ovomaltine, andamos, andamos, andamos até que vi um letreiro azul, era uma loja de instrumentos, eu não aguentei, tive de puxar Beta para a loja junto comigo. Não que eu fosse comprar alguma coisa, por que estava praticamente sem dinheiro ali, mas eu amava olhar os pianos novos... não necessariamente novos, por que eu amava ver o som dos pianos antigos. Eram um som aconchegante.

Guitarras, bateria, violinos... nenhum piano, fomos ao andar superior da loja e lá sim eu achei o que queria. Era como um paraíso, pianos elétricos, teclados, e finalmente pianos de cauda e verticais. Percebi que nunca tinha tocado em um piano de calda, uma vez quando eu era pequena, eu minha mãe e meu pai (meu padrasto, mas eu insisto em chama-lo de pai) fomos para o Canadá. Lá no aeroporto, perto de umas lojinhas cheias de bonés, havia um piano totalmente branco, era lindo, mesmo com algumas notas desafinadas, como eu era pequena eu não lembro bem qual foi a musica que minha mãe tocou, mas eu sei que foi mágico. Aquela foi a primeira vez que a vi tocar, e dês de então eu me apaixonei, insisti para minha mãe comprar um piano igualzinho mas ela só realizou meu desejo um ano depois, quando eu comecei a aprender tocar "brilha brilha estrelinha" numa velocidade extremamente lenta. Olhei em volta e na ponta esquerda da "sacada" havia um piano preto de meia calda. não havia nenhum de calda inteira, até por que caberiam apenas uns dois no tamanho do local. 

AnastaziaWhere stories live. Discover now