† Introdução †

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Acordo.

Estou com uma dor de cabeça tremenda, e nem ao menos sei o que aconteceu na noite passada. Ouço meus pais trocando palavras nervosas, e apesar de não estar entendendo o que eles dizem, imagino que é sobre mim. Minhas costas doem, o que será que eu fiz de errado? A última coisa que me lembro, é de ter ido para a festa do Glenn. Devo ter bebido demais, ou alguém colocou algo em minha água. São várias as possibilidades, e não posso descartar nenhuma.

Na escuridão do meu quarto, apalpo meu travesseiro procurando pelo meu celular, sempre o guardo ali debaixo. Quando o encontro, vejo que há quatro mensagens novas e duas ligações perdidas. Estou sem saco para lê-las ou ver de quem são as mensagens e as ligações. Meu corpo ainda dói, e por esse motivo, tento não me levantar. "Não é preguiça, é paz de interior", sempre ouço Glenn dizer, mas sim, ele é um completo preguiçoso. Quero voltar a dormir, mas não consigo, minha cabeça dói, meu corpo dói, e acho que até minha língua estaria doendo caso eu estivesse sentindo ela.

Apenas rolo pela cama, e sem perceber, vou ao chão.

O barulho do meu corpo caindo chão chama a atenção dos meus pais. Eles entram no quarto rapidamente e me ajudam a levantar. Por mais estranho que pareça, me sinto anestesiado agora, nada de dor, com exceção da enxaqueca.

- Lucius, filho! - É a voz da minha mãe. - Quer que chamemos um médico para você?

- N... - Tento formular alguma frase. Naquele momento, estava parecendo um drogado, mas ainda assim, consegui balbuciar alguma coisa legível. - Não... Precisa... Tô... Bem... Agora... - Ou quase legível, considerando as pausas que fiz.

Quando meus pais finalmente me convenceram de abrir os olhos por completo e descer para tomar café, fragmentos de minha memória voltaram a tona. Eu realmente estive na festa do Glenn, bebi um pouco, levei um fora de uma garota (nada que me importasse muito, eu nem gostava tanto assim dela mesmo), bebi mais um pouco. Resumindo: o ontem foi um meio para chegar a este fim, estou desmemoriado, com uma baita dor de cabeça, e para finalizar, não faço a mínima idéia onde deixei meu celular... Ah sim, tá embaixo do travesseiro.

Desci a escada aos tropeços. São apenas 8 de graus (contei uma vez, e nem sei como lembro disso), então, não demorei para chegar à mesa do café e me sentar. Já estavam todos la. Mamãe estava a minha direita, e bem ao lado dela, meu irmão mais novo Sam de 13 anos. A direita de Sam, e sentado na cadeira que ficava na ponta da mesa, o homem da família, meu pai. Também tinha minha irmã, mas está estava só de visita a casa, pois era a mais velha, casada com um ricaço, e com uma mansão do outro lado da cidade. Lauren sempre vinha visitar a família aos domingos (ou quase sempre, as vezes tinha um contratempo ou outro, mas suas 'faltas' não eram frequentes).

Como em toda refeição, não falamos muito. Quase sempre mantinhamos silêncio, se alguém falava, era para contar alguma novidade do colégio ou do trabalho. Evitavamos falar sobre assuntos irrelevantes. Mas, algo que eu já esperava que fosse acontecer no café da manhã de hoje, foi o fato de que todos parecia olharem para mim enquanto eu não olhava para eles, aquele tipo de olhar que diz "Você errou, mas não vou te julgar, não aqui, não agora", e por esse motivo, sempre fingiam não estar olhando quando eu percebia que eles estavam. No fim das contas, foi apenas isso. Nada de discussão, nada de sermões, nada de nada.

Depois do café, me preparei para dar uma saída. A dor de cabeça já estava passando, e meu corpo havia deixado o estado "doloroso-barra-anestesiado". Avisei que ia sair, meu pai estava assistindo TV e apenas disse para não me demorar e que tivesse cuidado, minha mãe fez praticamente o mesmo, só que com mais palavras e seguido de um beijo em cada bochecha. Ao sair de casa, dei uma olhada no quarteirão. Sam, meu irmão, estava na casa do vizinho jogando alguma coisa. Lauren já havia saído há um bom tempo, provavelmente já estava em sua mansão do outro lado da cidade, comendo comida chique e beijando o marido louco dela. Não que o cara seja louco, ele até que é legal, mas digamos que... Ele sempre aparece com a barriga e o corpo pintados quando vamos para o jogo de basquete ou quando estamos assistindo com a família pela televisão. Ele perde a normalidade nesses casos, mas nada de grande tamanho.

Ascendente: Entre Anjos e Demônios Onde as histórias ganham vida. Descobre agora