CAPÍTULO 01

74.1K 3.9K 776
                                    

MARIANA CASTRO

Cheguei no meu apartamento aos tropeções, uma mochila no ombro direito e os braços abarrotados de livros. Mas feliz, acabei de concluir meu primeiro ano no curso de arquitetura. Estava orgulhosa, consegui ficar um ano longe da barra da saia de minha mãe, consegui provar que poderia morar sozinha sim, enquanto que ela dizia o contrário.
Tá legal, devo confessar e admitir que a minha independência não vai tão longe assim, preciso muito deles, o aluguel do apartamento e a mensalidade da faculdade é meu pai quem paga. O resto das despesas consigo manter graças ao salário que meu pai me dava quando trabalhava em sua loja de agropecuária desde os quatorze anos e assim consegui juntar em quatro anos um bom dinheiro. Guardei cada centavo, só pensando no dia que pudesse ingressar nos meus estudos e tornar realidade o meu sonho de ser arquiteta.
E o fato de morar sozinha e ter um espaço só meu não tem preço, de onde vim aos dezenove anos é motivo de orgulho para qualquer garota.

― Meu Deus mulher! estava envelhecendo aqui com sua demora.

A voz masculina me assustou, me fazendo jogar meus livros no sofá e levar as mãos no peito.

― Credo, Rafa, porque chegar assim? Assustou sabia?

― Pare com o drama, já são duas horas da tarde e devíamos estar na estrada a uma hora atrás.

Então estendeu o prato com sanduiche, e junto um copo de suco.

― Nossa, isso era tudo que precisava agora.

Praticamente agarro tudo das suas mãos, sentei-me no sofá em meios as minhas almofadas coloridas.

― Sou amigo, Mari, não precisa avançar em mim por causa da comida ― diz pegando meus livros que havia jongado no sofá e também uma das minhas almofadas amarelas e vermelho, jogando tudo no chão.

― Me conte como é que uma pessoa que pretende ser arquiteta tem almofadas tão feias como essas Mari?

Sorrio e mostro a língua para ele, coloco meus pés sobre seu colo, meu amigo já sabendo o que eu queria começa a massageá-lo.

Conheci Rafael a um ano atrás, assim que entrei na faculdade, ele cursava o segundo ano de veterinária. E o nosso santo bateu instantaneamente. Confesso que me senti atraída por ele no início, Rafael era o tipo que todas as mulheres se voltavam para olha-lo mais uma vez. Se vestia impecavelmente, seu físico forte e com um rosto de modelo deixava qualquer mulher interessada.
Então contou que era gay. O que foi uma surpresa, pois Rafael não dava pinta alguma da sua preferência sexual.
Não me ressenti, até porque não me apaixonei e muito menos tive qualquer intensão de namora-lo, mesmo ele sendo lindo e legal pra caramba.

Rafa também era reservado do tipo que só mostrava suas emoções para os mais íntimos, e acho que por isso somos tão amigos.

― Falou com seus pais? ― Ele pergunta olhando meus pês com as unhas pintadas de rosa claro.

― Falei, meu pai não gostou nada quando contei que vou passar um mês na praia com os meus amigos, mas consegui dobrar a fera prometendo que passaria a próxima férias com eles.

Coloco o prato e copo vazios na mesinha de centro. E volto para o sofá.

― Sabe Mari, acho legal essa coisa dos seus pais, sempre querendo a filha por perto, é desculpável, são pessoas simples que sempre viveram em cidades pequenas e agora tem medo que sua única filha fique longe e sozinha.

― Meu pai sempre diz que nas cidades grandes tem muito perigos, carros velozes e mulheres perdidas! ― Olhamos para o outro e rimos disso.

Bate aquela preguiça quando se está cansada com de barriga cheia e ainda recebendo uma massagem nos pês não deu outra, me aconchego melhor no sofá. Mas bruscamente Rafa jogou minhas pernas para fora de seu colo pegando-me desprevenida fazendo com que eu escorregasse para o chão.

OBSESSÃO  DO  AMORWhere stories live. Discover now