— Kevin — tenho sua atenção prontamente. — Como conseguiu chegar aqui sem GPS?

Ele se vira para o transito.

— Kevin?

— Eu menti. Eu sempre soube chegar aqui. Não briga comigo — diz receoso. — Usei dessa conversa só para que aceitasse vir comigo. Devia ter falado a verdade, mas fui um idiota.

"Ih! Começamos com uma mentirinha de leve."

— Está tudo bem. Não precisa ficar nervoso. Sei que você quer acertar.

Ele sorri tímido e diz:

— Vou acertar. Prometo.

Os olhos do Kevin brilham.

Depois que saímos da parte central pegamos uma estrada que segue por uns dois quilômetros até chegarmos nas dependências de um condomínio fechado. Estávamos chegando à praia de Iporanga.

Durante o caminho pude observar ao longe as casas que aparecem em meio ao verde tropical do lugar. A maioria delas, tem o branco como cor em suas paredes. Pegamos uma subidinha até a entrada.

"Uau, que mansão!"

A casa é incrivelmente linda, branca, com portas de vidro em quase todas as entradas. Na entrada da frente à porta tinha trincos enormes. Kevin deixa o carro na garagem que fica do lado da entrada, o jardim bem cuidado é um sonho de tão perfeito.

Quem abre a porta e nos recebe é uma senhora baixinha e meio gordinha, negra e com cabelos curtos, está vestida com um uniforme azul claro, sua feição alegre me faz sentir que sou bem vindo a esse lugar.

Ela para de repente na porta de entrada, parece surpresa ao me ver, mas assim que o Kevin desce do carro ela vai abraçá-lo. Sinto que a ligação entre eles dois é muito forte, o Kevin beija o alto da cabeça dela e recebe em troca um abraço carinhoso na cintura, a senhora teve que levantar a cabeça para olha-lo nos olhos e dizer:

— Meu menino! Pensei que viria só no sábado. Estou feliz por estar aqui — ela sorri satisfeita. Seu sotaque é engraçado. Típico de americanos que tentam falar português.

— Os planos mudaram babá — olha para mim e depois volta a olhar a mulher.

— É ele? — A senhora baixinha pergunta ao Kevin.

— É ele sim — Kevin responde. Ele me estende a mão e me puxa para perto. — Sabine, gostaria de te apresentar esse garoto maravilhoso. Pablo, essa é Sabine a minha babá e uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sabine, esse é o Pablo.

Sabine me abraça tão carinhosamente, que tive saudades dos abraços da minha mãe.

— Prazer te conhecer Sabine! — digo em meio ao abraço.

Ela se afasta do abraço e diz com nariz retorcido:

— Está com fome meu rapaz? — Ela me olha de cima para baixo. — Parece tão abatido, magrinho. Tenho certeza que a torta de chocolate que acabo de fazer vai resolver isso rapidinho, como diria minha mãe "torta de chocolate é o melhor remédio para muita coisa."

Eu não pude deixar de rir diante desse gesto de carinho que a Sabine tem comigo. Ela acabou de me conhecer e já me fala das frases da mãe dela, isso é muito legal.

"Nada de chocolates, lembra?"

— Eu vou aceitar sim Sabine — cochicho no ouvido dela. — Mas, o senhor "paredão" aí não vai querer que coma essa deliciosa torta, então será um segredo só nosso.

— Estou ouvindo isso Pablo, lembra-se que sua saúde vem em primeiro lugar — Kevin me adverte.

Sabine e eu nos olhamos e caímos na risada. Ela é ótima, logo de cara eu percebo que seremos amigos.

Manhã de Domingo (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now