Capítulo VIII - Parte II

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- Você também vai? - a diretora perguntou séria cruzando os braços.

- Não - ele disse sorrindo e olhou para mim com um olhar estranho.

- Você é a avó da Mallory? - ele perguntou para a minha avó.

- Sim - ela disse sorrindo - Me chamo Alicia Hunter.

- Sou Richard - ele disse e estendeu a mão para ela que o cumprimentou - É um prazer conhecer a senhora - ele disse sorrindo.

O que ele está fazendo? Olhei para ele sem entender nada. A diretora parecia que queria me matar com os olhos, enquanto a minha avó não parava de olhar para o Richard e para mim sorrindo.

- Com licença - o Richard disse e beijou a minha bochecha e saiu do quarto.

Fiquei congelada enquanto o meu cérebro estava em um trabalho difícil tentando fazer o meu corpo voltar ao normal. Um garoto me beijou, pensei. Nenhum garoto nunca tinha me beijado, eu sei que ele só beijou a minha bochecha, mas isso foi estranho.

- Temos que ir logo - falei quando eu consegui sair do meu transe.

- Claro querida - a minha avó disse sorrindo - Vamos - ela disse saindo do quarto.

Olhei para a diretora que estava com um olhar de raiva para mim, balbuciei um tchau para ela e sai do meu quarto indo atrás da minha avó. Quando a alcancei ela me lançou um olhar estranho e sorriu. Era só o que me faltava, pensei.

- Você não vai deixar as rosas no seu quarto? - ela disse.

- Eu vou levar para a minha família - falei.

- Nós vamos de ônibus se não se importa - ela disse cabisbaixa.

- Não tem problema.

- Na volta você vai ter que vir sozinha - ela disse enquanto saímos do orfanato.

Chegamos ao ponto de ônibus e para a nossa sorte o ônibus chegou poucos minutos depois. Eu já não estava aguentando ficar sentada naquela poltrona dura, olhei para a minha avó e fiquei triste. Ela estava sentindo muito mais dor do que eu e não reclamava sequer nenhum momento.

Descemos do ônibus e começamos a caminhar indo em direção ao cemitério. Respirar o ar de Tenebris era aconchegante. Senti a brisa morna me envolver, os meus cabelos começaram a voar e eu senti um cheiro de sândalo que foi substituído por um cheiro horrível do cemitério junto ao cheiro das rosas.

A minha avó me levou para o lugar onde eles haviam sido enterrados. A lápide com o nome da minha mãe estava na direita, a do meu pai estava no meio e a minha irmã na esquerda. Coloquei uma rosa encostada nas lápides da minha família e me sentei no chão. A minha avó ficou um tempo ali comigo e depois disse que ela iria ir embora. Despedi-me dela e voltei a me sentar.

- Eu amo tanto vocês... - falei com a voz embargada.

- Agora eu tenho uma amiga, ela se chama Krystal. Ela também mora no orfanato, sabe a diretora do orfanato eu não gosto muito dela - sussurrei - Hoje um garoto me beijou - falei envergonhada e olhei para o lado - Não precisam se preocupar foi na bochecha. Eu não sei porquê ele fez isso, ele só pode ser doido. Ele nem me conhece direito e primeiro que já foi entrando no meu quarto sem a minha permissão. É um bêbado e sem educação - falei começando a ficar irritada.

- Como vocês estão? - perguntei tentando me acalmar - Eu queria poder abraçar vocês - sussurrei - Vocês sabem o motivo de eu não ter morrido? Aliás, eu pulei do quarto andar e eu só tive pequenos arranhões. Eu sei que vocês acreditam em milagres, mas eu não. Eu deveria ter morrido também, não fiquem tristes por eu ter falado isso, mas a vida foi tão injusta comigo. Ela me tirou as pessoas que eu mais amava - sussurrei e segurei para não chorar.

Desperta-me | Livro 1 - Completo Where stories live. Discover now