- Você também vai? - a diretora perguntou séria cruzando os braços.
- Não - ele disse sorrindo e olhou para mim com um olhar estranho.
- Você é a avó da Mallory? - ele perguntou para a minha avó.
- Sim - ela disse sorrindo - Me chamo Alicia Hunter.
- Sou Richard - ele disse e estendeu a mão para ela que o cumprimentou - É um prazer conhecer a senhora - ele disse sorrindo.
O que ele está fazendo? Olhei para ele sem entender nada. A diretora parecia que queria me matar com os olhos, enquanto a minha avó não parava de olhar para o Richard e para mim sorrindo.
- Com licença - o Richard disse e beijou a minha bochecha e saiu do quarto.
Fiquei congelada enquanto o meu cérebro estava em um trabalho difícil tentando fazer o meu corpo voltar ao normal. Um garoto me beijou, pensei. Nenhum garoto nunca tinha me beijado, eu sei que ele só beijou a minha bochecha, mas isso foi estranho.
- Temos que ir logo - falei quando eu consegui sair do meu transe.
- Claro querida - a minha avó disse sorrindo - Vamos - ela disse saindo do quarto.
Olhei para a diretora que estava com um olhar de raiva para mim, balbuciei um tchau para ela e sai do meu quarto indo atrás da minha avó. Quando a alcancei ela me lançou um olhar estranho e sorriu. Era só o que me faltava, pensei.
- Você não vai deixar as rosas no seu quarto? - ela disse.
- Eu vou levar para a minha família - falei.
- Nós vamos de ônibus se não se importa - ela disse cabisbaixa.
- Não tem problema.
- Na volta você vai ter que vir sozinha - ela disse enquanto saímos do orfanato.
Chegamos ao ponto de ônibus e para a nossa sorte o ônibus chegou poucos minutos depois. Eu já não estava aguentando ficar sentada naquela poltrona dura, olhei para a minha avó e fiquei triste. Ela estava sentindo muito mais dor do que eu e não reclamava sequer nenhum momento.
Descemos do ônibus e começamos a caminhar indo em direção ao cemitério. Respirar o ar de Tenebris era aconchegante. Senti a brisa morna me envolver, os meus cabelos começaram a voar e eu senti um cheiro de sândalo que foi substituído por um cheiro horrível do cemitério junto ao cheiro das rosas.
A minha avó me levou para o lugar onde eles haviam sido enterrados. A lápide com o nome da minha mãe estava na direita, a do meu pai estava no meio e a minha irmã na esquerda. Coloquei uma rosa encostada nas lápides da minha família e me sentei no chão. A minha avó ficou um tempo ali comigo e depois disse que ela iria ir embora. Despedi-me dela e voltei a me sentar.
- Eu amo tanto vocês... - falei com a voz embargada.
- Agora eu tenho uma amiga, ela se chama Krystal. Ela também mora no orfanato, sabe a diretora do orfanato eu não gosto muito dela - sussurrei - Hoje um garoto me beijou - falei envergonhada e olhei para o lado - Não precisam se preocupar foi na bochecha. Eu não sei porquê ele fez isso, ele só pode ser doido. Ele nem me conhece direito e primeiro que já foi entrando no meu quarto sem a minha permissão. É um bêbado e sem educação - falei começando a ficar irritada.
- Como vocês estão? - perguntei tentando me acalmar - Eu queria poder abraçar vocês - sussurrei - Vocês sabem o motivo de eu não ter morrido? Aliás, eu pulei do quarto andar e eu só tive pequenos arranhões. Eu sei que vocês acreditam em milagres, mas eu não. Eu deveria ter morrido também, não fiquem tristes por eu ter falado isso, mas a vida foi tão injusta comigo. Ela me tirou as pessoas que eu mais amava - sussurrei e segurei para não chorar.
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Desperta-me | Livro 1 - Completo
Mystery / Thriller(Livro um da trilogia Desperta-me) "Sinto um cheiro de alguma coisa queimando invadir o meu quarto, abro os olhos e procuro por algum sinal de fogo, mas não encontro. Abro a porta e me deparo com uma fumaça negra por todos os lugares, olho para o ch...
Capítulo VIII - Parte II
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