Primeiro desafio

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Passei muito tempo da minha vida me lamentando. Desejei milhões de vezes ter nascido diferente. Amaldiçoei o criador dessa brilhante ideia de híbridos outras tantas vezes, para mim, melhor seria se a humanidade fosse dizimada logo, assim você não condenaria uma raça toda à escravidão eterna.

Escravidão era a palavra que definia a vida dos ômegas para mim e o pior é que era feita uma alienação tão grande que a massacrante maioria deles não percebia o quanto essa vida era horrível e que depois de estar fadado a ser um ômega, todos os seus sonhos acabariam, você passava a viver a vida do seu alfa e a viver os sonhos dele.

Nada de direitos para você. Nada de autonomia.

Já cansei de contar quantas vezes eu cheguei machucado em casa depois de uma briga. Sim, eu enfrentava alfas. E sempre acabava destruído, com mais raiva e com mais vontade de lutar contra esse sistema cruel e imbecil.

Também já perdi as contas de quantos amigos ômegas deixaram de falar comigo depois de escutar essas idéias "esquisitas" e "avançadas" que eu tenho. É que eu não tinha culpa de querer que meus amigos parassem de falar de alfas e de suas expectativas para a vida depois da mordida.

Esse não podia ser o sonho deles! E não era! Eu sabia que não. Eu via o quanto eram talentosos nas atividades que faziam, seriam ótimos artistas, excelentes advogados, médicos, professores. Por que se esquecer de tudo isso de um dia para o outro? Por que esquecer isso e mudar toda a sua vida por causa de um maldito heat?

A vida tinha que ser mais do que isso. E a minha seria! Nem que eu tivesse que lutar contra o mundo todo!

Louis Tomlinson iria para a faculdade, mesmo sendo o primeiro ômega a fazer isso, se formaria em Direito em Oxford e lutaria pelos direitos dos ômegas durante toda a sua vida. Porque mesmo que eu precisasse ser o mártir de tudo isso, eu iria confrontar o sistema e iria influenciar e inspirar outros milhões de ômegas. 

[...]

Não posso dizer que eu acordei já que eu nem havia conseguido dormir, eu apenas me levantei quando escutei um barulho no andar de baixo e olhei o relógio deduzindo que já era hora de minha mãe acordar.

Fui ao banheiro, tomei um banho rápido e depois desci as escadas encontrando-a arrumando a mesa para o café com o semblante preocupado, o mesmo que ela manteve durante toda a semana. Ela não gostou nem um pouco da história de me deixar ir à faculdade, tentou me fazer mudar de ideia durante um mês, mas depois de um tempo, ela apenas me abraçou chorando, dizendo que eu tinha razão e que ela sempre estaria aqui para mim e eu tinha certeza disso.

Minha mãe era ômega e parte de minha raiva desse sistema nojento era também por ela. Ela nunca se deixou ser mordida por ninguém. Nem por meu pai e nem por seus dois maridos subsequentes. Eu admirava o fato dela gostar de sua liberdade.

Segundo suas próprias palavras, a mordida era algo muito sério e sempre trazia consequências piores aos ômegas e ela não podia se dar ao luxo de ficar para sempre ligada à alguém tendo tantos filhos para cuidar.

A mordida da minha mãe eram seus filhos, era por nós que ela vivia, era a nós que ela estava condicionada. E eu, mais do que todos os outros, vi o quanto minha mãe sofreu e foi julgada por nunca ter sido mordida e por já ter tido dois alfas e agora um beta.

Isso só me deixava com mais raiva!

- Bom dia, meu amor. - ela respondeu abrindo um sorriso e, por mais que tenha tentando, sua expressão de preocupação ainda estava ali.

- Bom dia, mãe. - dei um beijo em sua testa em uma tentativa de tranquilizá-la. - Fique calma, dona Johannah. Vai dar tudo certo.

- Eu estou tentando, Lou. Estou mesmo. Mas toda hora que eu penso que algum deles pode te bater ou...

Dream with me - l.s (a/b/o)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora