Capítulo 5 - Desafios

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– Não tenho muito do que me lembrar. – ele deu de ombros.

– É por isso que quer nos ajudar? Por vingança? – quis saber a jovem.

Adam soltou um suspiro longo e profundo antes de responder.

– Não, não é esse o motivo principal, mas também é um deles.

Os olhos de Camille o estudavam, curiosos.

– Qual é o motivo principal então? – ela quis saber.

– Eu quero ajudá-la por que você me ajudou primeiro. – confessou ele.

– Você não me deve nada. – falou ela, num tom sério.

– Eu sei que não. Mas mesmo assim você me tirou de lá. Me deu comida, um teto, acha que outra pessoa teria feito o mesmo?

Camille não respondeu, mas seu silêncio disse tudo.

– Além do mais, você quer arriscar a vida de seus melhores amigos por uma lembrança que eu nem mesmo sei se é real. Não acha que isso já mostra um sinal de confiança de sua parte, capitã? – seu tom era perspicaz.

Aquelas palavras surpreenderam Camille. Tudo que Adam dissera era verdade, mas ela própria ainda não havia percebido. Até aquele momento.

"Como pude ser tão idiota?"

Ela estava disposta a arriscar tudo de mais valioso em sua vida por algo que nem ao menos sabia se era verdade. Aquela sensação de ser exposta a incomodou profundamente.

– Se o que diz é verdade, então qual o objetivo de pedir uma coisa que você acredita que já tem?

Adam riu. Camille era mesmo muito sagaz.

– Precisava escutar uma confirmação sua. Como você disse, sua confiança é algo que eu imagino ter, mas não significa que seja assim.

A capitã assentiu, rindo também. Adam era um bom estrategista.

O silêncio voltou a se instalar entre eles, mas dessa vez não era desconfortável.

– Eu não sei o que descobri naquela pesquisa, ou que fizeram com meus amigos depois disso. Eu era uma pessoa diferente antes, Camille, ou não teria passado tanto tempo lá. Não enxergava além daqueles muros. Só pude perceber isso quando já era tarde demais.

– Todos somos assim Adam. Estamos sempre mudando. Como as lagartas, que só conhecem o mundo terreno, mas quando viram borboletas descobrem um mundo novo no céu.

– E mesmo assim você confia em mim? – sua pergunta era sincera.

– Tá legal, eu confio. Mas não fique se gabando por aí. – respondeu ela, rindo.

– Claro que não. Ainda me lembro muito bem da sensação da sua lâmina no meu pescoço – brincou ele.

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Estava decidido. Dentro de algumas semanas, os quatro estariam a caminho da capital da Fortaleza em busca de respostas. Os rostos de Adam e Camille eram os únicos conhecidos e procurados pelo exército de sentinelas e essa era sua maior preocupação. A ideia era usar alguns disfarces, serem discretos e cuidadosos, pois qualquer incidente implicava no risco de serem pegos.

O plano de Will era simples: todos eles se passariam por civis durante o trajeto. A maioria dessas pessoas eram comerciantes. Vendiam e trocavam mercadorias encontradas em suas expedições pela grande construção. Alguns até se aventuravam do lado de fora, na superfície, arriscando a vida para fazer aquisições.

A Fortaleza: Mundo Sombrio - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now