Un(lost) (Bônus: Lauren)

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30 de Março, 7:30 AM, Colégio Sharon.

Lauren andava de cabeça erguida pelos corredores, todos os olhares estavam nela e a garota desejou um óculos de sol para se sentir superior no estilo Paris Hilton.

Ela se sentia perdida naqueles corredores, contudo, fazia o máximo para não demonstrar isso.

(Eu não estou procurando nada em particular)

Eles não a olhavam por quem ela era e sim por causa de quem ela era irmã.

Sempre foi assim, desde que ele foi preso.

(Mas eu sou muito mais desesperado do que você pensa)

As pessoas geralmente não pensam nos irmãos mais novos de um assassino em série, simplesmente não se importam, marcam um enorme "x" na existência deles e seguem suas vidas formadas pelo ódio avassalador.

(Eu me pergunto como é ser o universo)

Odiar alguém não vai fazê-lo pagar por seus crimes, muito menos desejar o pior para a pessoa. Eles deveriam desejar apenas a justiça.

Na verdade, deveriam orar por isso já que era algo tão difícil com os governos de hoje.

(Eu vou construir meu caminho, apesar do custo)

Maioria das pessoas sentiam pena de Lauren, outras sentiam repulsa, mas sabiam que ela não tinha culpa, o que nos leva de volta para o sentimento de pena.

Pena é o sentimento mais abominável da face da terra. O engraçado é que as pessoas não pensam sobre o que é sentir pena, pensou Lauren enquanto caminhava. Sentir pena é quando você fica triste por algo que aconteceu a alguém, só que no fundo você pouco se importa, pois sabe que não tem ligação alguma com aquilo e que não pode ajudar.
Lauren não precisava da pena de ninguém.

(Eu não procuro ser encontrado)

Ela se perguntava se Peterson sabia disso, dos olhares, da pena...

Os pais adotivos de Lauren estarem viajando era sinônimo de matar aula. Claro que o colégio ligaria para eles, mas já era comum, eles sabiam dos problemas dela com todos aqueles olhares, tanto que ligaram para ela de manhã cedo, dizendo que, depois do que viram no jornal sobre o American Psycho, ela não precisaria ir para o colégio se não se sentisse confortável. Eles eram muito tolerantes, Lauren os amava, no entanto, sentia falta dos pais, sentia muita falta da sua família de verdade.

(Não, nem um pouco)

Por mais que tivesse consideração pela família Foster, aquela não era a sua família e todos sabiam disso.

(Sem saber de onde estou indo)

(Ou se eu estou indo a lugar algum)

Peterson percebeu que a irmã talvez não quisesse ir para a aula - pouquíssimas pessoas querem -, contudo, a convenceu de ir.

O convenceu significa que ela estaria dentro dos planos de Peterson e Akemi se ela fosse regularmente para as aulas e fizesse o que ele mandasse para que não se machuque.

(Mas eu sei que vou dar o salto)

(Se vale a pena a queda)

Ela sabia que Peterson se arrependeu do acordo assim que o fez, afinal, quem coloca a irmã em planos como esses que estavam armando? Lauren queria participar, era como uma necessidade. E Peterson não quebraria o acordo, ele era um homem de palavra, algo de se admirar.

(Eu não procuro ser encontrado)

America tinha sorte por tê-lo.

Entrou na sala e afundou na cadeira, pronta para ouvir por horas sobre coisas que ela não dava a mínima no momento.

(Apenas quero me sentir (não)perdido)

~♡~

Saindo de uma aula entediante e caminhando para outra, Lauren acabou ao lado de Josh no corredor. Eles tinham a próxima aula juntos, o que significa que a aula não seria de todo ruim.

(Com os olhos fechados isso parece um lar)

Josh era alto, tinha cabelo liso e moreno, ele parecia como o vocalista de alguma banda, mas não era nada superficial como algumas pessoas costumam ser. Ele sempre tem respostas elaboradas para as perguntas dos professores, o que o torna tão fascinante para Lauren.

(A deriva em minha própria cabeça)

Ela pôde sentir o olhar dele sobre ela e se sentiu corar. Não se importou se ele estava olhando para ela por causa do irmão, o fato de ele olhar para ela já era algo.

(E tudo que eu realmente sei é)

(Seja o que for que não fica mais fácil)

Chegaram até a porta da sala e ele deu espaço para ela entrar primeiro. A garota sorriu com os livros contra o peito e entrou.

(Então, vá devagar)

Estava pronta para mais algumas horas de aula chata misturada com olhares para Josh.

(Apenas vá devagar)

~♡~

Lauren saiu da sala em passos rápidos após o sinal. Queria chegar logo em casa. Parou antes no seu armário e começou a guardar os livros que tinha nas mãos.

(Entre o silêncio e o som)

(Eu vou construir meu caminho, apesar do custo)

Sentiu alguém se encostar ao seu lado e ficou surpresa - e sem ar - ao ver Josh.

(Eu não procuro ser encontrado)

- Acho impressionante a maneira como você não dá a mínima para os olhares. - proferiu tirando alguns fios de cabelo do rosto. - Só tem uma coisa que eu acho mais impressionante.

- O que? - perguntou tirando dois livros do armário, para que pudesse estudar em casa.

- Você.

(Não, nem um pouco)

Lauren se sentiu corar com a resposta e ele sorriu para ela.

- Eu não sou interessante.

- É sim. - saiu de perto do armário. - Você sabe quem você é e não deixa que as pessoas limitem você.

- Não posso deixar que me definam por algo que outra pessoa fez. - fechou o armário.

Toda a sua atenção agora era para ele, o que era por parte constrangedor.

(O mundo é nosso)

- Você está certa. - emitiu com a voz baixa enquanto se aproximava dela.

(Mas por um segundo)

Eles ficaram separados por pouquíssimos centímetros e Lauren abaixou o olhar quando o viu mexendo no bolso da calça procurando algo, segundos depois tirou um pedaço de papel de lá e colocou dentro de um dos livros de Lauren devagar, sem pressa alguma de sair de lá.

Lauren não estava mais com o mínimo de pressa. O corredor estava vazio, todos já tinham saído. E seja lá o que houvesse fora daquele colégio, nada importou quando ele quebrou os centímetros que os separavam e a beijou.

(E você não tem permissão para ser outra pessoa)

Lauren segurou os livros com uma mão e passou a outra pelos ombros do rapaz.

Ela não sentiu borboletas no estômago, era uma metáfora pequena para o que ela sentiu.

(Controle o que você puder)

(Confronte o que você não pode)

E pela primeira vez não se sentiu perdida naqueles corredores.

Ela estava onde deveria estar.

(E lembre-se sempre como você é sortudo de se ter) - Un(lost), The Maine

American: Beauty And PsychoWhere stories live. Discover now