Capítulo 1

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Uma perna quebrada? Logo no dia do meu aniversário?!

Era tudo o que eu conseguia pensar naquele fim de domingo, ou lamentar, na verdade. Sentada numa cama de hospital com uma perna engessada e erguida, eu olhava para o teto morrendo de tédio com aquele ambiente totalmente branco.

Tudo estava tão bem! Mas eu não contava com a presença de Paloma.

Na manhã do dia anterior...

Pela primeira vez em anos eu acordei bem cedo em um sábado de verão: mega animada com minha festa de aniversário, corri para o banheiro levando comigo a toalha e o celular.

Saí com meu cabelo volumoso pingando, fui até o guarda-roupa e peguei um conjutinho qualquer. Penteei meus cabelos com o auxílio de um creme e os prendi em um coque. Peguei o celular e já ia em direção a porta, mas voltei e encarei meu vestido branco e com bastante renda que estava em um cabide especial.

Hoje tudo tem que dar certo!

Tomei café com meus pais e todos nós saímos em direção ao clube onde iria ser a festa. Começamos a arrumar alguns preparativos junto com os funcionários de lá. Pouco tempo depois meus amigos chegaram e quase me jogaram na piscina na hora de me abraçar. Imaginem o que eu sofro na escola andando com três casais e sendo a única solteira! O único que me salva é o Renan - que também anda conosco -, isso se eu não estivesse gostando de verdade dele.

Na verdade, a idéia dessa festa era convidá-lo e dar um jeito de ficar sozinha com ele. Do grupo ele era o mais quieto e na dele, quando a gente o chamava para um cinema ou o parque ele inventava uma desculpa e dizia que não poderia ir. Eu já estava acostumada, mas insisti muito e o convenci a vir no meu aniversário.

E, bom, eu estava mais que apaixonada.

Ficamos à par dos preparativos até a hora do almoço, quando fomos para o restaurante do clube. Meu estômago roncava, eu só tinha ingerido um rápido lanche pela manhã. Precisava repor as energias.

- E aí, vamos voltar para sua casa agora para nos preparar? - A Ká dirigiu sua pergunta à mim.

Concordei com a cabeça enquanto mordia uma batata frita que tinha roubado do namorado dela, o Rodrigo.

- Temos que deixar a Mari um arraso! - May afirmou com um sorriso.

- Por quê, amor? - perguntou Pedro ao seu lado.

- Digamos que hoje ela vai: "Derrotar um homem" - Ester respondeu por Mayara, me lançando um sorriso misterioso. Elas sabiam?

Todos gargalhavam alto atraindo a atenção de algumas pessoas que também almoçavam. Aquele meu grupo de amigos tinha uma história muito maluca e engraçada.

A Ana Karolina e o Rodrigo eram os que namoravam há mais tempo e poucas vezes se largavam, a Ester deu a nomenclatura de casal Marvin Gaye para eles... Um semestre andando com eles e eu ainda não entendia o por quê.

Mayara e Pedro eram o casal fofura e timidez, não é a toa que precisaram de uma ajudinha da Ester para se juntarem - na verdade foi na mesma noite que a morena conheceu o SN.

Matheus é o nome dele, mas desde que conheceu a Ester o apelido SN - "Sem Nome" por ele não ter contado o verdadeiro nome - pegou. A primeira oportunidade em que ficaram a sós eles... Brigaram. E brigam até hoje! Porém, isso acaba em algo satisfatório para os dois, denominados: casal amor bruto.

Bom, esses amores começaram a ficar evidentes naquele restaurante. Eu me levantei e fui para a área das piscinas. Entre eles eu era a mais nova, algumas semanas de diferença com o Renan. Mas os outros já estavam indo para a faculdade no próximo mês, enquanto nós dois para o terceiro ano (Sim, vou fazer o terceirão com apenas 17!) ... E na mesma sala que ele. Renan sempre foi um mistério para mim, às vezes o flagrava me olhando e escrevendo ou desenhando em seu caderno de física, entretanto, parava quando via que eu tinha percebido.

Sábado de VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora