Mais adiante, na estrada, você me acompanhará

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A MAIORIA DE NÓS acabou saindo de lá. Georgina e eu continuamos a manter

contato.

Durante algum tempo ela morou em uma comunidade de mulheres no norte

de Cambridge. Um dia, veio até meu apartamento e deixou apavorada minha

vizinha de cima, que estava fazendo pão.

— Você está fazendo errado! – disse Georgina. Ela e eu estávamos tomando

uma xícara de chá no andar de cima, enquanto a minha vizinha amassava o pão.

— Deixa eu ensinar – disse ela.

Afastando a vizinha com um empurrão, pôs-se a jogar a massa na bancada.

Minha vizinha era uma mulher de modos suaves, incapaz de um gesto

descuidado ou grosseiro. Por isso mesmo, as pessoas quase sempre a tratavam

com educação.

— Tem de bater pra valer – explicou Georgina, fazendo exatamente isso.

— Ah – disse a vizinha. Ela era uns dez anos mais velha que Georgina e eu... e

fazia pão havia dez anos.

Depois de dar uma boa surra na massa, Georgina disse que precisava ir

embora.

— Nunca ninguém me tratou assim – comentou minha vizinha. Mais do que

zangada, ela parecia atônita.

Depois, Georgina envolveu-se com um grupo de conscientização. Vivia me

pressionando para ir com ela. — Você vai adorar – dizia.

As mulheres do grupo me deixavam com uma sensação de inadequação.

Sabiam desmontar motor de carro e escalar montanhas. Eu era a única casada.

Notei que Georgina tinha certo prestígio, por causa de sua loucura; por algum

motivo, esse prestígio não se estendia a mim. Contudo, o tempo que frequentei o

grupo bastou para me deixar desconfiada com relação ao casamento e

especialmente ao meu marido. Dei para inventar brigas idiotas com ele. Era

difícil encontrar motivos para as brigas. Ele cozinhava e fazia as compras, além

de boa parte da limpeza. Eu passava a maior parte do tempo lendo e pintando

aquarelas.

Por sorte, Georgina também arrumou um marido e abandonou o grupo, antes

que eu pudesse inventar uma briga realmente destrutiva.

Depois, fomos visitá-los em sua fazenda no oeste de Massachusetts.

O marido de Georgina era pálido, franzino e nada admirável. Ela também

havia arrumado uma cabra. Georgina, o marido e a cabra viviam em um celeiro

rodeado de alguns hectares de mato, no sopé de um morro. No dia da nossa visita

fazia frio, embora fosse maio, e eles estavam ocupados colocando vidraças nas

molduras das janelas. Como as janelas eram enormes, era uma empreitada e

tanto.

Ficamos assistindo enquanto passavam massa e encaixavam os vidros. Parada

Garota, interrompidaΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα