Second Chance

Praia

- O que deseja? – Adam apontou divertido para o balcão de bebidas.

-Eu... – hesitou por um instante e sorriu – Quer saber? Essa noite eu vou ficar sóbria.

-Não vejo essa frase ser dita com tanta determinação desde que frequentava o AA. – falou enquanto chamava um barman.

-Sério? – ela riu.

-Blé. – ele fez uma careta divertida, pegando uma garrafa de cerveja e segurando na cintura da garota, posicionando-a à sua frente. – Não sou o tipo de pessoa que participa de terapia de grupo.

-E que tipo de pessoa você é? – perguntou curiosa, enquanto se percebia perigosamente perto dele e desviou o olhar rapidamente, procurando por alguém, voltando sua atenção para Adam logo em seguida. Por mais babaca que o outro fosse, não podia ficar com seu irmão.

-O tipo que bebe pra esquecer. – ele falou, apontando com a cabeça para a frente. Ela virou-se e viu Liam encostado em uma parede enquanto uma outra garota (ora, a sem-costela havia sido chutada, afinal) o beijava no meio de todos. Fechou os olhos por um segundo e abriu-os novamente, virando-se de volta.

-Não tenho o que esquecer. – sorriu e mordeu os lábios. Se era verdade? Não. Mas não tinha compromisso com Liam, não tinham nenhum tipo de relação, não poderia exigir nada dele e sentia-se tola por se incomodar com as pessoas com quem ele se relacionava.

-Então vamos te dar algo para lembrar.

Foi para a pista com Adam, onde pararam próximo a Liam. Ele percebera que ela havia parado ali de propósito, mas não parecia dar a mínima. Aquilo poderia ser divertido.

Começaram a dançar, ela de costas para ele, rebolando enquanto vez ou outra o garoto lhe falava algo com os lábios em sua orelha. Ao virar-se de frente, notou Liam logo atrás de Adam. Bebia sozinho encostado na parede. Ele retesou a coluna ao vê-la, parecendo nervoso. Nervoso não era a palavra mais adequada, os olhos dele refletiam algo mais sombrio. Talvez... ódio.

Algo despertou todas as células de seu corpo. Adrenalina. Quando você se vê em uma situação de risco, antes de você pensar no que fazer, seu cérebro já está preparando o corpo para reagir. Um suprimento de hormônios de emergência é descarregado no organismo. O mais importante deles é a adrenalina. Ela é lançada no sangue, provocando uma série de mudanças destinadas a deixar o corpo em condições de enfrentar o perigo ou fugir dele. Sempre pensou que seria o tipo de pessoa que escolhe fugir. No entanto, agora percebia que seus instintos apontavam para outra solução: Enfrentar. Lutar. Provocar. Começou a dançar mais, se soltar, fechou os olhos e dançou como se ninguém mais estivesse ali. Por vezes abria os olhos e avistava Liam a observando, sério, até que os abriu novamente e ele não estava mais ali. Olhou para Adam e sorriu, recebendo um sorriso de volta.

-Eu sei que você está fazendo isso para que ele fique com ciúmes. – Adam sussurrou.

Ela encostava seu corpo no dele e afastou-se um pouco para olhar em seu rosto. Ele não parecia zangado, a situação parecia agradá-lo bastante.

-Não se importa?

-Me sinto honrado. – sorriu e colocou uma mecha do cabelo da garota atrás de sua orelha, encostando seu rosto no dela. Não houve tempo de pensar ou decidir se aquela era a melhor opção no momento. Quando seus lábios se aproximaram dos dele, sentiu o garoto ser puxado para trás e reconheceu a figura grande de Liam de costas enquanto empurrava o irmão com força.

-Qual é o seu problema? – gritou indo em direção a Adam que levantava-se do chão como se não houvesse acontecido nada e sem transparecer nenhuma intenção de revidar à violência.