Guinchados

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-Bom dia, flor do dia.

Amy tampou o rosto com as duas mãos, desconfortável com a claridade excessiva. Percebeu um peso na altura de seu tórax e viu que o braço do garoto estava apoiado ali. Abriu os olhos e emitiu um gemido baixo ao se deparar com um sorriso perfeito e um par de olhos azuis à sua frente. Pelo amor de Deus! não era possível que um ser humano pudesse acordar tão bonito.

-Bom dia. – forçou um sorriso, apertando contra o corpo a jaqueta que, após muita discussão, havia convencido Liam a emprestá-la para dormir. - e por que o seu braço está em cima de mim?

-Foi você quem colocou aí. - ela arregalou os olhos, descrente. - enquanto murmurava o meu nome durante o sono.

-Você deveria ter vergonha de me contar esse tipo de sonho.

-Como é a sensação de acordar ao meu lado? – ele ignorou. Tinha uma voz mais rouca que o usual, que combinada aos olhos apertados e os cabelos totalmente bagunçados, denunciavam que havia acabado de acordar. Ele estava fofo. Teve vontade de apertá-lo e, obviamente, reprimiu o desejo imediatamente. Ela esfregou o próprio rosto e se olhou no espelho do carro, constatando que seu estado, ao contrário do dele, era deplorável. Fez uma polpa alta com o cabelo, antes de responder, virando-se para o garoto novamente.

-Piadinha a essa hora da manhã? – falou, arqueando a sobrancelha – aliás, que horas são?

-De acordo minha incrível habilidade de olhar as horas pela posição do sol... deixe-me ver... – Liam falou, olhando pelo vidro.

- Claro. Por que usar relógio ou celular quando se tem o sol, certo? – riu, irônica, olhando as horas no próprio celular. – Wow. Quase nove horas, perdi as primeiras matérias. '

- Quanto tempo você consegue andar? – Liam perguntou enquanto saía do carro.

-Eu estou usando saltos, caso você não tenha notado. – ela respondeu saindo do carro e apressando o passo para acompanhá-lo.

- Agora que mencionou, notei sim. Mas a pergunta não foi essa.

- Onde está sua diva interior quando eu preciso dela? – bufou.

- Nós vamos andar até encontrarmos sinal de telefone, ou até o motel que eu mencionei ontem. O que vier primeiro.

-Quanto tempo? – ela perguntou ainda tentando fazer com que seus olhos se acostumassem à luz do sol.

- Meia hora. Mais ou menos.

-Agora é sério. Não dá mais. – Amy parou no meio do caminho, abaixando-se e apoiando as mãos nos joelhos. Estavam andando há uns vinte minutos e o telefone ainda não funcionava.

-Tira os sapatos, Amy. – Liam, que estava alguns metros à frente da garota, falou pela décima vez, fazendo a menina soltar um murmúrio indecifrável antes de seguir o conselho.

-Ai meu pé. Meu Deus, isso dói. Tem muita pedra aqui. – ela fazia cara de choro, andando agora na ponta dos pés. – Liam, continua sozinho, vou ficar por aqui.

Ela arregalou os olhos ao vê-lo virando-se em sua direção e caminhando apressado, pensando que ele a carregaria no colo, ou algo do tipo. Ele soltou o ar pela boca e apoiou um dos braços no ombro da garota, tirando dos pés os tênis que usava e jogando o par de sapatos em frente à garota, tomando os sapatos que ela segurava.

-Eu não vou usar isso. Você deve ter chulé. – franziu o rosto.

-Adivinhe. É sua única opção. Você deveria usar mais educação, é de graça e não dói.

Second ChanceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora