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"O-o que?"- paralisei

"Estou brincando, Littl Girl"- falou e soltei o ar que estava segurando em meus pulmões

"Então onde ele está?"- Harry ficou tenso

"Morto"- olhei-o

"Harry..."- minha voz saiu trêmula

"Ele tinha algumas dívidas, babe. Sabe como um viciado é"- falou e apertou minha cintura

"Eu amava ele, por mais que ele tenha feito o que fez, Harry"- falei

"Eu sei"- enterrou sua mão nos meus cabelos -"Está com fome?"- resmunguei um não -"Vamos para casa, então"- pegou em minha mão e andamos até a recepção onde ele fechou a conta do hospital e mostrou o papel da alta. Fomos para o estacionamento e caminhamos, ainda de mãos dadas, até seu carro.

"Vou mesmo morar com você?"- perguntei quando paramos em uma sinaleira perto da minha cama

"Sim, você vai mesmo morar comigo"- falou e fechou os olhos

"E... Podemos passar em minha casa?"- perguntei

"Para que, Alexa?"- ele parecia começar a se irritar

"Pegar minhas coi-"

"Já peguei"- falou e voltou a atenção no trânsito, agora com uma carranca no meio das sobrancelhas.

O resto da viagem fora feito em silêncio, pois não me atrevi a abrir a boca com um Harry começando a ficar irritado ao meu lado. Depois de chegarmos em casa nós jantamos - miojo de carne - e eu fui para o local que seria meu quarto.

Engraçado como certas coisas mudam, não é? Em tão pouco tempo Harry se tornou quase que um amigo. Me ajudou em coisas que eu nem fazia ideia que era boa, e agora está aqui tomando conta de mim. Pode parecer estranho, mas ele está entrando no meu coração de uma forma estranha, e gostosa. Creio eu que o nome disso é atração, e sede por sexo.

Deitei em minha cama e fechei meus olhos, Harry não falara nada depois daquela conversa no carro, e nem eu me arrisquei.

Muitas coisas estão acontecendo, e meu cérebro parece querer explodir, meu corpo dói, minha cabeça dói, meu coração dói. As lágrimas rolavam por minhas bochechas como se fossem facas cortando-as, e a dor no meu coração era maior ainda. Eu não entendia, não entendia mesmo. Como meu pai pode fazer tudo isso? Ele matou a mulher que mais amou e cuidou dele nessa vida, ele matou a mulher que eu amava, a mulher que me cuidava, que me sustentava. Ele acabou com a minha felicidade. Me estuprou e não sei por que não me matou. A morte agora seria a melhor coisa, talvez eu estivesse feliz, e sem ressentimento algum sobre isso. Mas não, parece que ele fez de propósito. No fundo, eu agradeço por ele estar morto, sei que é horrível pensar assim do seu próprio pai, mas isso não tem explicação, a dor que ele me causou foi tão grande, que nenhum -nenhum mesmo- medicamento ou psiquiatra irá curar. Talvez nem o tempo cure, e saber disso faz eu querer morrer, pois não sei se vou aguentar tudo o que ainda tem que vir pela frente. Harry não vai entender, ninguém vai, isso é uma dor minha e ninguém precisa senti-lá

"Lex"- Harry sussurrou da porta e eu limpei minhas lágrimas rapidamente

"Oi"- falei baixo

"Está tudo bem?"- perguntou se aproximando

"Sim, e com você?"- perguntei

"S-sim... Uh, posso... Posso deitar aqui com você?"- perguntou um tanto atrapalhando, o que fez eu soltar um risinho baixo

"Pode, Hazz"- falei me mexendo para o lado, dando lugar para o mais velho

"Me chamou de que?"- perguntou com um sorriso querendo rasgar seus lábios

"Hazz"- sorri

"Fazia tempo que não ouvia alguém me chamar assim"- falou e abraçou minha cintura

"Por quê?"- minha curiosidade falou mais alto

"Porque faz tempo que não vejo minha mãe"- riu baixo e afundou a mão nos meus cabelos

"Oh, e por que não liga?"- perguntei apoiando meu queixo em seu peito, olhando para seus olhos verdes

"Ela... Ela se afastou, Lex"- respiramos fundo e logo demos risada -"Um dia, talvez, eu te conte tudo, Little Girl"- falou e beijou meu nariz

"Boa noite, Hazz"

"Boa noite, Lex"- e pela segunda vez dormi com um sorriso nos lábios

Teacher, Daddy, Harry.Where stories live. Discover now