Segredos da Noite

Vamos brincar de conquista?

                        ~ Castiel ~

Sei que lá fora a brisa noturna exala um frescor sedutor, e junto da chuva que cai incessante desde que o sol se pôs formam uma noite de verão dos sonhos. Mas aqui dentro as coisas estão mais complicadas, nem tão graciosas talvez.

Eu nunca gostei muito do verão, o calor... Suor... Nada desta estação me soa atraente. Mas o pior de tudo é que este calor escaldante e meu trabalho juntos não casam bem, e ter esta atirada se esfregando em mim é a gota d'água.

Porque teve que me bater uma carência justo agora? Ela nem é tão bonita para me fazer perder a cabeça, não me leve a mal, não estou dizendo que ela é feia, só é... Comum. Cabelos quimicamente pintados de um loiro quase branco, olhos azuis falsos — sim, eu consigo reconhecer a lente de contato mesmo no escuro desta boate e até mesmo com essas luzes neon cegando-me — Um belo corpo que provavelmente é fruto de horas em alguma academia, e claro, ela não faz isso para manter a saúde.

Recorreu — como todas as garotas — a meia tonelada de maquiagem para esconder as imperfeições, obviamente acho lindas as mulheres que usam maquiagem, ficam desde angelicais a sedutoras, porem esta que está em meus braços recorreu à sombra escura para levantar seu olhar de predadora e vendo com atenção suas bochechas encontro pequenas sardas — então presumi que esta garota, de no máximo dezessete anos, não gosta destes detalhes que para mim são um charme.

Só agora percebo que não sei o seu nome, ou melhor, não lembro. Talvez Adriana, não, talvez Natalia? Não, Denise? Quer saber, pouco me importa já que essa nossa "conversa de bocas grudadas" não vai durar mais que três minutos, eu iria chutá-la. Por favor, não diga que sou insensível ou que estou usando essa garota, em primeiro lugar ela que esta se deixando ser usada. Olhando para mim qualquer um deduz que não fico com uma mulher por muito tempo — que não fico com ninguém por muito tempo, isso serve tanto para amigos como para mulheres — Então ela que foi idiota de ter se aproximado desse bad boy, ok?

Em segundo, se isso que estou fazendo é errado então permita-me informar que sou um completo errado. Nem sei o que essas tantas garotas veem em mim, sempre fico quieto no meu canto, cheio de marra e cara fechada, nunca chego em alguma garota, são sempre elas que me procuram. Eu não tenho classe e não posso oferecer carinho, então o que elas esperam receber? Para mim as mulheres não são só complicadas, são umas cabeças ocas que precisam sim ser domadas por um homem de pulso firme, não me refiro à educação com base em agressões físicas — pois caras que recorrem a isso são covardes que merecem o pior que a vida pode dar — Mas todas, sem exceção, precisam de um auxilio masculino.

Deixo de lado minhas indagações filosóficas para concentrar-me na "criança" que está em meu colo.

O fato de não querer passar a noite toda com ela não me torna menos homem, eu simplesmente não sou desses que ficam com qualquer garotinha do ensino médio metida a mulher experiente, eu tenho meus critérios e esta definitivamente não se encaixa no perfil. Fácil de mais, simples de mais, comum de mais.

Ela olha de relance para o celular e parece se assustar com seu reflexo na tela bloqueada.

Então entendo do que se trata seu rosto perplexo. Seguro o riso para não constrangê-la, ela realmente esta tão preocupada por não haver mais nenhum resquício de seu batom vermelho paixão em sua boca?

— Cast — ela me chama pelo apelido enquanto enrosca seus braços em torno do meu pescoço — Vou ao banheiro e já volto, tudo bem? — seu aviso me permitiu a oportunidade que precisava, assim que ela entrou no meio da multidão levantei-me as pressas daquele sofá de couro preto.

Adentrei aquele gigantesco formigueiro de pessoas, o fato de ser verão deixava todos mais grudentos e suados, e não dá para explicar o quanto aquilo me enojava. Confesso que pulei um pouco ao som da batida que tocava enquanto atravessava o mar de pessoas, eu gostava de dançar, mesmo que nunca admitisse.