10°- CAPÍTULO ✝

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— Eu só posso estar pirando. — Sussurro para mim mesma, enquanto sinto meu corpo tremer.

Outro trovão ruge junto de vários clarões, e me encolho ainda mais.

Sinto a presença de Harry ao meu lado, mas me recuso a encará-lo.

— Você é mais estúpida do que eu me lembro. — Diz calmamente. — Estúpida! Estúpida! Estúpida! — Sua voz ecoa pelo cômodo mal iluminado, e sinto as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. — E garotas estúpidas merecem morrer. — O encaro de imediato, e um sorriso doentio cresce em seu rosto de olhos negros.

Algo dentro de mim grita para que eu fuja o mais rápido e longe possível desse garoto assustador. E quando me levanto do chão para fazê-lo, as luzes se apagam. Tomo impulso e, em questão de segundos, seguindo apenas meus instintos, corro para a escuridão total do lado de fora da sala, já que dessa vez consigo abrir a porta de ferro.

Escuto risadas agudas e perversas se aproximando.

Atravesso o corredor vazio de novo e, com ajuda da luz da lua, vejo que são aquelas coisas sombrias que me perseguiam, elas se aproximavam em uma velocidade ameaçadora, mas quando me viro, prestes a começar a correr na direção oposta, Harry surge parado no final do corredor, e entro em pânico. Em seguida, ele desaparece feito fumaça e tenho que piscar meus olhos rapidamente uma e outra vez para tentar entender o que acabou de acontecer. E dentro de segundos ele volta a reaparecer, mas não, não completamente, consigo ver apenas seus olhos negros que me encaravam de forma assustadora, mas seu rosto não está formado, tudo em sua volta é apenas escuridão.

Ouço um grito fino e quase ensurdecedor que parece ecoar pelos quatro cantos do sanatório, me obriga a tapar as orelhas com ambas as mãos. Aperto meus olhos fechados quando o som aumenta, e sinto meus sentidos falharem, quase me levando ao chão, mas sei que se eu me render agora seria meu fim e isso não está certo, pois, eu mereço saber o que diabos acontece nesse sanatório. Eu mereço saber quem são essas pessoas, e eu mereço saber toda a verdade, e Connor merece sair daqui ileso.

Connor.

Eu preciso achá-lo, mas eu nem ao menos sei onde ele está, se está vivo. Não pense bobeiras, Ellinora, é claro que Connor está vivo, você só precisa achar ele, mas antes tem que se manter viva também.

Olho em volta e percebo que o corredor agora estava silencioso e sem sinal de sua presença. Passo as mãos pelos cabelos de forma nervosa, olhando para diversas direções à procura de alguma saída. O corredor agora iluminado dava mais medo do que quando escuro. É uma sensação horrível ficar olhando para esse lugar horroroso pensando que a qualquer instante alguma coisa vai surgir e me atacar. São tantos corredores aqui que até parece um grande labirinto.

Escuto algumas batidas fortes e, já desesperada, procuro com os olhos de onde vinha o som, notando que vinha de uma das inúmeras portas que havia no corredor. Era a última porta, a que estava mais longe de mim. As batidas se tornam estrondos. De maneira automática vou dando passos involuntários para trás sem tirar meus olhos da porta que parecia que iria quebrar ao meio, tamanha era a força dos estrondos.

— Eu tenho que sair daqui. — Sussurro.

E em mais um estrondo, a madeira racha.

— E-Eu tenho que sair daqui. — Outro passo para trás e outro estrondo.

A porta é partida ao meio e pedaços de madeira atingiram a parede a sua frente.

Sem parar para ver o que iria sair daquela porta, me obrigo a sair pelo corredor outra vez. Meu corpo já queimava de dentro para fora, ele estava muito fraco, não aguentava mais correr, mas eu não podia me render e morrer aqui e agora. Por puro instinto, dou uma rápida olhada para trás a fim de ver se alguma coisa me perseguia, mas assim que o faço, uma das lâmpadas se apaga e isso se repete como um efeito sanfona à medida que eu corro. Uma a uma as lâmpadas vão se apagando, e outra vez me encontro no escuro.

REDEMPTION || H.SWo Geschichten leben. Entdecke jetzt