"Isso são casos diferentes."

"Diferentes como?"

"São diferentes, porque eles não me procuram para consolo e sim diversão."

"Bela diversão trancarem-se no quarto a ouvir música até às tantas e jogar video-jogos."

"Hey, isso é um excelente hobbie, ao contrário do teu."

"Eu, infelizmente, tive que substituir o meu hobbie."

"Para?"

"Para "Babysitter"."

"Tratas de quem?"

"Ora, de ti, do Leonardo, do Ricardo, da casa, das tarefas fora de casa, mas felizmente não sou a vossa encarregada de educação na escola."

"Menos mal."

Virei-lhe a cara e ele saiu do meu quarto deixando a porta mal fechada. Levantei-me para a ir fechar e ele agarrou-me na mão com força e olhou-me nos olhos.

"Tu tem cuidado com as amizades; Tu não me queres ver irritado, por causa de certa gente que te entra na vida e ilude todos os teus objectivos já traçados."

"Porquê isso agora? Larga-me a mão!"

Foi-se embora.

Mas ele passa-se? Primeiro fica despreocupado e avisa-me para não trazer gente cá a casa e agora ficou deveras preocupado e diz que me vai proteger de qualquer pessoa?! 

Desculpem, mas eu não sei onde é que ele vai chegar com estas mudanças de humor repentinas.

Até me afectam, eu estou constantemente de humor alterado, nem percebo.

Começo a suspeitar de que sou bipolar.

Ou tripolar, ... será?

Nem sei. Tenho que pensar em tirar férias longe de tudo e de todos, preciso de descanso. Estes dias de irmã & mãe afectam o meu psicológico inteiro.

A noite caiu e tive que ir fazer o jantar para os "meninos". 

"O que querem comer?"

"Faz qualquer coisa."

"Qualquer coisa?"

"Sim!"

"Então comam qualquer coisa que esteja no frigorífico."

"Está bem!"

Fui-me deitar, porque eu também mereço descanso, quando ouço baterem à porta.

"Posso entrar?"

"Passa-se alguma coisa?"

"Não, só vinha dar-te as boas noites."

"Ah! Está bem, boa noite."

"Boa noite!"

"É tudo?"

Ele ficou a olhar para mim, especado à entrada do quarto. Não sei se devia ficar preocupada, ou simplesmente irritada.

Vou-me passar da cabeça em...

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"Podes sair? Estou a tentar dormir."

"Oh! Peço desculpa. Até amanhã!"

"Até amanhã."

Desligou as luzes do quarto e fechou a porta, passaram uns minutos e uma luz começa aparecer.

Era ele abrir a porta e a luz do corredor a bater-me na cara.

"O que foi João?"

"Só queria ver se estavas bem."

"Sim, estou. Agora fecha a porta e vai dormir, preciso de descansar."

"Desculpa. Até amanhã, dorme bem!"

"Obrigado, igualmente."

Será que ele queria pregar-me uma partida? Quando éramos pequenos, fazia-me sempre isso.

Uma vez chegou a meter-me um sapo dentro das calças e comecei a fugir feita doida, aos gritos e a chorar. A minha mãe teve que mo tirar da roupa e meteu o João de castigo!

Foi o melhor castigo da minha vida, 1 semana sem poder brincar comigo, só com os nossos irmãos.

Qualquer coisa que ele tentava fazer, o castigo aumentava e assim ficou 3 semanas inteiras.

Ele quase que chorou por não poder brincar comigo e a minha mãe disse que se se portasse bem durante 3 dias, que retirava o castigo.

E assim o fez; Passaram 3 dias e ele não tentou nada de brusco. A minha mãe retirou o castigo e ele ficou super feliz da vida, até me abraçou e tudo.

Éramos crianças, está tudo explicado.

Seja como for, quando ele me vê, fica sempre feliz que até o sorriso perfeito dele se rasga por entre as bochechas limpas e suaves.

Mas que raio de conversa é esta? Estou a elogiá-lo, ou quê?

Estou doente!!!

Estou com "Joãplicocen".

(Doença inventada à pressão)

As horas passaram e eram umas 3 horas da manhã, quando ouço o som da porta abrir-se e uns passos de pés descalços andar na minha direcção.

Os lençóis mexeram-se e alguém entrou na minha cama.

Ao início pensei de ser o Ricardo com medo do escuro, mas depois senti umas mãos enormes a tocarem-me no braço e a aconchegar-se a mim.

"Vou-te proteger, até o Sol nascer!"

Mas... quem é?


Um Natal de ComédiaWhere stories live. Discover now