Era final de tarde quando Gemma deu a ideia de vermos um filme. Estava na cozinha com ela e Melany, que agora não parava de rir e digitar no celular, preparando brigadeiro e pipoca.

- Melany, leva a pipoca e o brigadeiro que eu e Emma vamos levar os copos e os refrigerantes. - Gemma disse, e me chamou com a cabeça. No corredor, ela me parou e disse. - olha, eu não sei o que tem naquele telefone, mas boa coisa não é.

Ela disse e então continuou seguindo o caminho até a sala. Pois é, Gemma. Eu também acho que não.

Sentei no sofá maior acompanhada por Gemma. Melany se sentou na poltrona dupla, colocando o pé na mesa de centro, até que Harry desceu e ela o chamou.

- Amor, senta aqui comigo. - ela disse, batendo no lugar vazio ao seu lado. Eu já estava levantando minha perna para estica-la no espaço ao meu lado, até que Harry me surpreende e diz:

- Não, eu tô de boa aqui. - ele disse, calmamente, e se sentou ao meu lado.

No mesmo instante Gemma me olhou, e de algum modo, sabia que ela pensava o mesmo que eu. Aquilo não era nada bom.

*

Começamos a assistir O Diabo Veste Prada, um filme que por justificativa de Gemma, era o melhor filme sobre moda já lançado. Deve ser por isso que no meio do filme ela já estava dormindo. E acompanhando ela, Melany também dormia deitada no sofá. Ou seja, só eu e Harry estávamos acordados.

Conseguia sentir os olhos de Harry sobre mim durante boa parte do filme. Eu estava tentando prestar atenção, repito, tentava. Porque no momento que consegui me convencer dessa ideia eu senti a mão de Harry na minha perna. Olhei para ele, assustada e curiosa, mas ele agora olhava diretamente para a tela, sem desviar um segundo sequer o olhar.

Uma parte de mim queria sair dali, porque sabia que era errado e que Melany não merecia isso. Mas a outra parte, ah, essa parte queria continuar com esse jogo de sedução apenas para ver o que Harry seria capaz de fazer. E bem, essa com certeza falou mais alto, porque no momento seguinte eu já estava com a minha mãe em cima da dele, entrelaçando nossos dedos e, calmamente, apertando-a sobre minha perna. A mão dele escorregou para dentro das minhas coxas fazendo um carinho que fez meu coração palpitar mais rapidamente e pude sentir minha respiração pesar. As mãos de Harry foram escorregando lentamente pela extensão do meu joelho ao interior da minha perna, me torturando, enquanto prestava atenção no filme. Por um segundo me perguntei como ele conseguia aparentar tanta calma. O que estávamos fazendo, afinal?

Soltei um pequeno sorriso em forma de agrado à Harry, que percebeu e sorriu também, deixando aquelas covinhas a mostra. Apenas metade do seu rosto estava iluminado pela luz que vinha da televisão. Virei-me para ele novamente, que ainda observava atentamente as cenas do filme que passavam. Em um gesto involuntário, me inclinei para seu lado, apoiando minha cabeça em seu ombro, e em resposta senti ele passar os braços em volta do meu ombro e costas, abraçando-me e fazendo que eu me aproximasse mais.

E naquele momento era só eu e ele. Mais nada em volta. Porque por alguns minutos eu consegui sentir que tinha o meu melhor amigo de volta, e era tudo o que importava naquele momento. Queria que ali, naquele momento, durasse para sempre.

Mas nem tudo dura pra sempre.

- Harry? - uma voz fraca vindo do canto soava pela sala. Melany. - Harry, amor? - ela o chamava, e em questões de segundos nós nos separamos e eu senti de frente novamente. Uma pontada de tristeza me atingiu, mas minha consciência gritou mais alto então logo me fiz acalmar o coração.

- Oi Melany - Harry disse sussurrando. - Tá tarde, sobe pra dormir lá que eu já vou, só vou terminar de assistir o filme com Emma.

Melany despertou, mas ainda continuou com os olhos semi-cerrados e olhou em nossa direção como se estivesse pensando em algo.

180 dias de InvernoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum