Oh New York...

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POV Melinda

O bombeiro entrou no elevador assim que as portas se abriram, mas não pareceu notar minha presença. Ele estava olhando atentamente para as portas, esperando que elas se fechassem. Quando isso aconteceu, ainda fiquei alguns segundos olhando para o mesmo lugar, tentando entender o que havia acabado de acontecer. Tentando entender o que eu havia acabado de ver. De frente era ainda melhor que de costas. Ombros largos, postura claramente militar e a expressão séria, como se estivesse sempre pronto para bater continência. Os traços eram perfeitos, sobrancelhas escuras e grossas, nariz delicado e boca carnuda como se pedisse para ser mordida.

Céus! O que eu estava pensando?

Balancei a cabeça, livrando-me daqueles pensamentos. É só um homem bonito, Melinda. Um homem muito bonito. E de uniforme. Bombeiro. Por que de repente eu já sentia uma vontade incontrolável de saber tudo sobre meu mais novo vizinho? Não seria a primeira nem a última vez em que eu veria um homem bonito e sexy, que exalava confiança e charme. Puta merda! Eu o tinha visto durante o quê? Um minuto? E já estava completamente enlouquecida.

Respirei fundo, obrigando-me a afastar de vez os pensamentos sobre o loiro, afinal, nós éramos vizinhos agora, eu tinha que me controlar. Por mais que fosse difícil. Fechei a porta e me concentrei nas malas, colocando as mãos na cintura e respirando fundo, tentando tomar coragem para desfazê-las. Não era tanta coisa assim, porém eram muitas roupas e eu simplesmente odiava organizá-las. Mas como eu não tinha outra escolha e provavelmente não teria tempo para fazer aquilo tão cedo... Mãos à obra.

[...]

Mais tarde, com todas as minhas coisas arrumadas em seus devidos lugares, encontrava-me jogada no sofá da sala, os cabelos presos em um coque desajeitado, vestindo uma calça estampada larga e uma regata branca, com meias nos pés e uma xícara de achocolatado quente nas mãos. Foi quando me dei conta de que estava faminta, mas não fazia ideia de onde poderia comer. Nova York ainda era uma novidade para mim e eu mal sabia o nome da minha rua, quanto mais onde pedir comida. Relutante, pensei no porteiro. Já era noite, talvez não fosse mais o mesmo que estivesse lá. Eu não tinha muitas informações sobre o prédio, mas imaginava que tinha um porteiro diurno e um noturno.

Do jeito que estava, saí do apartamento com o celular em mãos e peguei o elevador, esperando descer os sete andares. Quando cheguei ao térreo, sorri ao ver que um novo porteiro estava ali, assim como eu havia suspeitado. Ele era jovem, mas maduro. Os cabelos grisalhos me faziam chutar entre trinta e cinco e quarenta anos. Os olhos castanhos escuros eram envoltos em olheiras fundas e algumas rugas, porém a simpatia estava claramente ali quando eu me aproximei de seu balcão.

— Boa noite — sorri, descansando os braços em cima da madeira desgastada. — Eu sou Melinda...

— A nova moradora do 7B — ele me interrompeu, sorrindo abertamente. — Fui informado sobre a sua chegada, não imaginava que fosse tão jovem.

— Apenas uma garota em busca de seus sonhos, acredito que isso seja bem comum pela cidade.

— É verdade — ele riu. — Meu nome é Richard, estou aqui todas as noites.

— Então provavelmente eu devo aparecer na portaria mais à noite — dei risada, com ele me acompanhando. — Aquele outro porteiro é insuportável! Se eu soubesse disso teria chegado no seu horário.

— Todos os moradores reclamam do Joe, mas ele já é velho de casa, acho que o dono do prédio não tem coragem de demiti-lo.

— O Joe poderia ser um pouco mais educado — revirei os olhos, então me lembrando do que eu estava fazendo ali. — Mas eu não vim até aqui para fofocar, preciso de ajuda. Estou morrendo de fome e não faço ideia de onde posso pedir comida.

Let It BurnWhere stories live. Discover now