— Você é doente!
— Todos somos, minha querida. Cada um de nós tem um louco dentro de si, forte o bastante para dominar qualquer mente. Eu apenas permito que esse louco seja liberado.
Ian levantou com dificuldade. As costas estavam doendo com o impacto da batida no piso de pedra.
— Uma única técnica – ele disse, admirando as próprias palavras e repetindo-as. – uma única técnica é o que preciso para enganar a velhice... e a morte. Me alimentando de pessoas, sugo toda a vitalidade de seus corpos e elas se transformam no maior símbolo da pureza infantil.
— Ursos de pelúcia – completou Norah. Gabriel assentiu com prazer. Ele continuou:
— Todos eles estão condenados. A maioria aqui já está morta. Depois que eles servem de alimento não duram muito. São apenas zumbis.
Ian e Norah ficaram horrorizados. A sala era um depósito de cadáveres. Não de forma convencional, mas eram cadáveres. Ou pessoas que estavam agonizando, prestes a se tornarem um.
— O cheiro de podre... que nojo – Norah disse baixinho, ao constatar enfim o porquê das pelúcias terem o odor fétido.
— Maluco desgraçado. Você assassinou todas essas pessoas! – gritou Ian ao ver que alguns poucos ursos se mexiam e momentos antes, clamavam por ajuda.
— Calem a boca! – ele vociferou, cuspindo um pouco. – vocês também assassinaram meu irmão! Isso não é diferente!
Ian e Norah ficaram quietos por um tempo. Se entreolharam, sem saber o que fazer.
— Seu irmão caiu pela própria maldade – disse a garota. – a semente o julgou e deu o seu vered...
— Cale a boca, sua vadia! Marcus está morto – ele avançou, dando um tapa no rosto de Norah, que caiu. A força dele também não era de uma criança. Ian correu até eles, mas foi derrubado outra vez por Gabriel. Era incrível o vigor de um corpo que era bem menor que o dele.
— E Benício está preso – ela rebateu, esperando levar outro golpe.
Mas Gabriel riu. Uma risada estranha, louca, desmedida.
— Não me preocupo com ele, Norah. Ele está seguro aqui no Castelo de Sorin.
— Como assim?
Ele se aproximou do rosto dela, e o segurou pelo queixo, levantando-o. Norah sentiu o hálito estragado despertar ânsia de vômito.
— Estamos debaixo dos narizes de vocês há muito tempo – e a soltou, se afastando.
Ian e Norah levantaram, ficando próximos um do outro. O ar na sala estava difícil de respirar e a visão dos ursos espalhados pelo ambiente estava desconcertando a dupla.
— Seu monstro! – berrou Ian.
— Monstro? – ele fez uma cara de descrença. – MONSTRO? Acho que não, garoto. Aqui nesta sala tem sim um monstro, mas não sou eu. Tem algo que você queira dizer, Norah?
A garota entrou em pânico. Ela sabia exatamente onde ele queria chegar. Ian olhou para ela, esperando algum tipo de resposta. Mas Norah não emitiu som algum. A única coisa que veio em sua mente foi cantar.
Ela abriu suavemente os lábios, trêmulos, e começou um canto baixo e nervoso. Foi interrompida ao tentar esquivar de um peso de papel em formato de globo, arremessado por Gabriel e que estava perto de uma mesa.
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Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)
FantasyA Ferida da Terra precisa ser contida. O tempo corre. A situação piora. Mas o que ela é, Ian não sabe. Ele não sabia nem mesmo da existência de um novo continente, vizinho ao Brasil, assustadoramente mascarado por uma magia que não poderia ser denom...
Capítulo 26 - Luz e Água
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