Capítulo Quatro!

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- Hellen, você está bem? Parece um pouco... perdida. - Sua voz continha uma mistura de curiosidade e cautela.

- Estou apenas refletindo sobre alguns assuntos. - Respondi, tentando esconder minha agitação interna. - Como foi lá dentro?

- Ele parece... diferente. Mais sério, eu acho. E você, está se sentindo bem mesmo? - Amelia pegou seu café, o vapor subindo como o nevoeiro de minhas próprias incertezas.

- Sim, estou bem. Obrigada por perguntar. - Forcei um sorriso. O simples ato de manter as aparências me exigia um esforço considerável.

- Bem, se precisar conversar... - Amelia deixou a oferta no ar, um lembrete de que, apesar de tudo, eu não estava completamente sozinha.

A tarde deslizou para a noite enquanto eu continuava meu trabalho, cada tarefa concluída um pequeno triunfo sobre o caos que ameaçava dominar meu pensamento. Ainda assim, a imagem de Daniel e Christine, oculta atrás das portas fechadas do escritório, girava em minha mente, um carrossel de possibilidades que eu temia enfrentar, mas sabia que, inevitavelmente, teria que encarar.
Com um gole de café recém buscado por Amélia, tentei me ancorar no momento presente, mas minha mente vagava, preocupada com a dinâmica entre Daniel e Christine e as implicações para nosso próprio acordo.

- O que você acha dela, Hellen? - Amélia perguntou de repente, me tirando de meus devaneios. Ela estava inclinada sobre minha mesa, uma expressão curiosa estampada em seu rosto.

- Ela é... impressionante. Quase etérea, eu diria. - Respondi, tentando disfarçar minha inquietação com um tom leve.

Amélia não parecia satisfeita com minha resposta superficial.

- Não é isso que quero saber. Quero dizer sobre ela e o Delavounne. Ele pareceu diferente quando a viu...

Refleti por um momento, forçando-me a considerar a possibilidade que eu mais temia.

- É, talvez haja algo mais ali. - Admiti relutantemente.

- Notei que ele quase sorriu quando você mencionou que ela estava aqui. Mas depois ele viu que eu estava olhando e rapidamente voltou à seriedade. - Amélia observou, uma ponta de diversão em sua voz.

A possibilidade de Daniel estar envolvido com outra pessoa me atingiu com mais força do que esperava. A sensação de ciúme era uma novidade desconfortável, e lutei para mantê-la sob controle.

- Talvez seja bom para ele, se estiverem juntos. Ele já tem trinta e poucos anos, e como você disse, faz tempo que não se envolve seriamente com alguém. - Amélia continuou, aparentemente alheia ao tumulto emocional que suas palavras provocavam.

Eu forcei um sorriso.

- Sim, quem sabe isso explique seu comportamento recente.

- Quem sabe... - Amélia se levantou, seu café em mãos, pronta para voltar ao trabalho. - Ele precisa de alguém que o faça feliz, não acha?

As palavras de Amélia deixaram um eco na sala agora silenciosa. Ela se afastou da minha mesa e eu fiquei sozinha com um turbilhão de pensamentos que não esperava enfrentar hoje.

Sentei-me novamente, pressionando as costas contra a cadeira enquanto o peso da realidade descia sobre mim. Daniel e eu tínhamos sido claros desde o início sobre o que era nosso relacionamento: uma conveniência mutualmente satisfatória, descompromissada e pragmática. Sempre foi suficiente saber que não havia promessas de futuro ou expectativas de fidelidade emocional. Ao menos, era o que eu pensava.

A possibilidade de Daniel estar envolvido com outra pessoa, no entanto, trouxe um sentimento estranho, uma mistura desconfortável de curiosidade e desconforto que não conseguia nomear. Por que isso me incomodava? Afinal, não deveria importar se ele encontrasse companhia ou conforto em outros braços. Esse era o acordo, não era?

A Outra! - REVISANDOWhere stories live. Discover now