Santa Claus

8 pm

Louis estava exausto.

Seu corpo parecia ter sido pisoteado por elefantes e tudo que ele sonhava era chegar ao seu apartamento e se afogar na banheira de água quente. Só de pensar que ainda teria que esperar o elevador chegar até ali, já parecia exaustivo demais.

- Feliz Natal, Sr. Tomlinson. - Ele ouviu o porteiro falar, com um sorriso gigantesco nos lábios. Louis apenas meneou a cabeça e forçou um pequeno sorriso.

Louis odiava o Natal, o que era irônico, já que ele estava vestido com uma estúpida roupa de Papai Noel naquele exato momento. A barriga falsa feita de tecido, que ele tinha tirado pouco tempo antes, estava presa sob o seu braço e o um longo casaco cor café com leite cobria parcialmente a roupa vermelha e folgada que Louis usava, deixando aparente apenas parte da calça e as botas altas de couro.

A verdade era que Louis precisava de dinheiro para pagar o aluguel daquele mês e era esse o motivo pelo qual ele tinha aceitado passar o dia inteiro forçando uma voz grossa, ouvindo pedidos das crianças e tirando fotos com elas. Ele amava crianças, mas passar o dia todo ouvindo o que elas queriam ganhar naquela noite especial o deixava deprimido, principalmente por lembrar que os pedidos dele quando tinha essa idade nunca se realizaram.

Louis apertou o botão para chamar o elevador seguidas vezes, como se aquilo fizesse o mesmo descer mais rápido. Ele queria chegar no seu apartamento, mofar dentro da banheira e depois assistir algum programa estúpido que estivesse passando na televisão.

Bocejou quando a porta do elevador finalmente abriu e entrou no pequeno cubículo, encostando-se contra o espelho em uma das paredes. Soltou um longo suspiro e fechou os olhos por alguns segundos, sentindo o corpo mais pesado enquanto o elevador acelerava sua subida.

De repente, uma estúpida música natalina começou a tocar pelos auto-falantes do elevador, o que fez Louis grunhir e cobrir as orelhas com as mãos, como se fosse um tipo de tortura. Fechou os olhos por alguns segundos e quando reabriu-os, viu que o elevador já tinha passado do sétimo andar, que era o seu.

Ele tinha esquecido de apertar o botão quando entrou.

- Merda! - Resmungou e voou até o botão, apertando aquele que tinha o número 7 seguidas vezes, mas já era tarde demais para o elevador voltar.

Ele iria subir até o andar em que alguém tinha pedido o elevador, depois descer novamente. Louis xingou a si mesmo por ter sido tão idiota enquanto via os números no painel digital aumentarem aos poucos.

9...10...11...12...

Ótimo, o que mais falta acontecer hoje? Pensou sozinho, massageando a têmpora.

• • • •

Harry estava atrasado. Muito atrasado.

Às oito da noite, ele já deveria estar na casa da mãe, ajudando-a com os últimos detalhes da ceia de Natal, mas ainda não tinha ao menos saído do próprio apartamento. Harry ainda corria de um lado para o outro descalço, enquanto terminava de fechar a sua camisa e vestir o terno floral.

Ele amava o Natal. Para Harry, era o melhor dia do ano, sem dúvida alguma sobre isso, e também era por esse motivo que ele sempre se vestia da melhor forma possível. Ou melhor, da melhor forma possível para ele, afinal seu gosto de roupas que Harry tinha era muitas vezes olhado atravessado pelas outras pessoas.

Mas ele não ligava para aquilo.

Harry terminou de calçar suas botas pretas e se apressou em pegar os dois enormes buquês de flores que estavam sobre a mesa de centro da sala, colocando-os com cuidado entre os braços. Com a ponta dos dedos, pegou a sacola onde os doces que tinha feito mais cedo naquele dia estavam cuidadosamente arrumados em pequenas vasilhas de vidro.

Ele ainda teve que se virar para pegar a garrafa de vinho com a ponta dos dedos e evitar que ela caísse e quebrasse. Soltou um gemido frustrado quando percebeu que teria que pousar os buquês novamente se quisesse fechar a porta de casa.

Quando finalmente conseguiu, apertou o botão do elevador com o cotovelo. Ele demoraria para chegar, afinal Harry morava no último andar do prédio, o décimo quinto.

O elevador se abriu e Harry entrou, franzindo o cenho ao se deparar com o seu vizinho do andar inferior, Louis Tomlinson, vestido de Papai Noel e ainda encostado contra o espelho do elevador como um morto-vivo.

- Boa noite, Sr. Tomlinson.

Os cansados, porém ainda intrigantes olhos azuis finalmente voltaram-se para Harry, observando primeiramente as flores e depois a roupa chamativa e também florida que ele usava.

- Boa noite, Sr. Styles.

Harry ficou quieto depois daquelas palavras. As poucas vezes que tinha conversado com o Tomlinson tinha sido nas reuniões de condomínio e nada além disso e algumas palavras perdidas quando se encontravam no elevador.

Ajeitou um pouco as flores em seus braços e depois parou de assistir os números do painel digital diminuirem e olhou seu vizinho pelo canto do olho.

- Feliz Natal, por sinal. - Harry sorriu, exibindo fracamente as covinhas que tinha nas bochechas.

Louis o olhou por alguns segundos antes de soltar um risinho e sacudir a cabeça, como se tivesse negando algum pensamento que teve por causa das palavras de Harry. Passou as mãos pelo cabelo, bagunçando-o ainda mais e então abriu a boca para falar algo.

FFFUUUUUULLL!

O elevador parou de se mover de forma brusca, o que quase fez Harry cair com todas as coisas que segurava. As luzes se apagaram, cobrindo-os com uma densa escuridão, e então apenas as pequenas luzes de emergência se acenderam perto do painel de controle do elevador, garantindo uma luminosidade pálida no local.

- Você está bem? - Perguntou Louis, vendo Harry tropeçar em suas próprias pernas para se colocar ereto novamente sem soltar nada.

- Sim, sim.

Louis se aproximou da porta do elevador e depois apertou seguidas vezes o botão de emergência no painel, o dedo afundando nele com raiva.

- QUE MERDA! - Ele berrou de repente, o que fez Harry saltar em susto, e depois chutou algumas vezes a porta do elevador com força.

Harry apertou mais suas flores contra si e rezou para que, o que quer que tivesse acontecido, fosse solucionado logo para que ele pudesse sair daquele cubículo em pouco tempo.

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Resolvi começar a postar hoje mesmo e vou continuar postando hoje, amanhã (dia da minha morte) e dia 25 (do além túmulo, claro).

Como é Natal, vou dedicar cada capítulo à uma pessoa que é especial para mim.

O primeiro capítulo vai para lwtops91 , que é com certeza uma das melhores amigas virtuais que alguém poderia pedir e eu não sei mais viver sem ela. Obrigada por existir. Amo você, Iza!

All the love

Kyv