Capítulo 1

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O barco Emarosa era uma peça magnífica, nenhum local remanescente dos 8 continentes não havia, no mínimo, comentado ou contado lendas acerca dele. Em tempos de terra média, uma tripulação ser conhecida por bravura, caráter e coragem era difícil, para não dizer raro.

O capitão Freyr ainda sentia em suas mãos os tesouros que havia conquistado, as terras anexadas e a lealdade de sua tripulação. O vento soprava em seu favor. Enquanto bebia em seu escritório, seus homens e mulheres partilhavam alegria, canções e canecos fazendo cumprimentos de regozijo.

Alguns comemoram o sucesso da viagem, outros a alegria de estarem voltando para seus lares, suas mulheres e filhos; ou apenas para suas terras firmes. Enquanto festejavam e pulavam ao receber a notícias de que a tripulação de Freyr estava a voltar, o porto de Morgana já começava a se agitar. O ponto mais cobiçado de todo o mundo. Desde os mais geniais mercadores até os mais pilantras se encontravam nesse local, para aumentar seus negócios. Além disso, também era o único porto que não se alastrou até a cidade destruindo-a por completo; pelo contrário, a mais bela cidade dos 8 continentes, com certeza, era Morgana.

Adair, capitão da navegação, saiu correndo, abrindo rapidamente a porta do comandante e gritava: - - Capitão, finalmente vejo os mastros de Morgana, estamos chegando, temos menos de uma hora -

Freyr deixava sua caneca na mesa, limpava a longa barba e saía para o deck, onde via a festa de seus comandados; olhava friamente a todos e levantava sua espada, logo todo o lugar ficava em silêncio. O respeito e admiração de todos era incrível, ele abria um sorriso cínico e logo dizia:

- Atenção, seus amantes de terra seca! Melhor se prepararem, pois logo estaremos atracando. Vocês já têm suas partes de tesouro, espero que vocês, seus cachorros sarnentos, não gastem com babaquices. Lembrem-se, em 1 mês, embarcamos de novo. Então, não me façam ir atrás dessas suas carcaças repulsivas; se saírem da cidade, eu saberei, se pensarem em abandonar a tripulação, tenham certeza que aparecerei para arrancar suas tripas. Aproveitem esse momento para arrumarem as drogas de suas vidas -

O local logo ficava descontraído, apenas um não ria. Na verdade, nem estava no meio da comemoração. Eir estava sentado em cima de uma das gáveas, estava com seu alaúde nas costas, mas apenas olhava o horizonte, ansiava chegar em terra mais que todos eles juntos. A voz poderosa e imponente do capitão logo o chamava, o homem queria conversar, saber porque se conturbava a alma do jovem bardo.

- Eir, mova esse seu traseiro para cá, homem. Traga esse espírito e alma até minha sala, seu rato de terra firme -

Por respeito e submissão ele logo descia, enquanto isso a tripulação toda se organizava, pareciam até mais animados do que na comemoração. Porta se fechava e o capitão pegava duas canecas e colocava do seu melhor vinho, sentava-se em sua cadeira e estendia a mão convidando o jovem a se assentar.

- Não é raro te ver pensando, mas quando o bardo não está na festa com certeza a algo de errado. Não sou de conversar com meus tripulantes, mas você não é um qualquer Eir, e sabe disso, o que te incomoda? -

Eir estava com o olhar meio perdido, tomava um gole, pegava seu alaúde e tocava algumas notas.

- O incerto me deixa preocupado. Desde que Beatrice adquiriu aquela doença, ainda me condeno por ser obrigado a deixá-la e pelejar; enquanto ela luta, ressoamos em alma, entretanto enfrentamos batalhas diferentes. Ainda me lembro das suas últimas palavras antes de sair para essa viagem... -

"Enquanto nossas almas ainda estiverem ressonantes, ainda que centenas de coroas caiam, nunca deixe a sabedoria e não se esqueça dEle. Você sempre estará na minha mente e com certeza estará me ajudando..."

O Vento Não Está Do Nosso LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora