A vida em Oceana

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Bom, tinha se passado alguns dias desde meu encontro com o mergulhador. Passei esses dias em Oceana mesmo, sendo importunada por minhas irmãs sempre que me juntava a elas para as refeições.

Sim, é claro que sereia come. Nossa dieta se resume a pequenos crustáceos, alguns tipos de alga e peixes. É obvio que é tudo cru. É meio difícil acender fogo de baixo da água.

Mas dizem que a comida da terra é um afrodisíaco que vale a pena ser provado uma vez na vida. Ondine nunca deixou que chegássemos tão perto da terra, ao ponto de podermos ter contato com a comida de lá. Mas não vou mentir, morro de vontade de comer peixe assado, eu acho que é assim que chamam.

Infelismente creio que nunca provarei essas coisas, é muito arriscado ir a terra e andar no meio dos humanos.

Infelismente levar qualquer coisa a Oceana era proibido. Essa era uma das três regras que regiam nossa cidade.
Essas regras foram criadas para manter a paz em Oceana impedindo que as sereias sem ligações seduzissem tritões ligados e também para impedir a entrada de humanos ou objetos e criações da terra. As regras eram:

1. É proibido as sereias cantar e seduzir em Oceana.

2. É proibido dar a localização de Oceana aos humanos.

3. É proibido trazer para Oceana qualquer objeto, alimento ou criação humana.

Até mesmo falar sobre Oceana para os humanos era repreensível. Temos medo que eles possam vir a destruir nosso lar. Ou transformá-lo numa atração turística, como é a cara deles fazer algo assim.

Oceana seria o local perfeito para se conhecer, mergulhadores do mundo todo viriam admirar as maravilhas desse lugar. Mergulhadores... Um certo mergulhador... O que Ele acharia de Oceana?

Droga aqui estava eu pensando nele de novo, desde que o tinha encontrado ele não saia da minha cabeça. E logo eu teria que voltar a ilha. Lá era o único local que eu confiava e me sentia bem para me permitir ter prazer. Mas se ele tivesse por lá e ouvisse meu canto ou eu, ou ele, acabaríamos presos e possivelmente mortos.

Eu não queria me prender a ele, e não queria que ele morresse ao ligá-lo a mim. Ele tinha salvo a minha vida uma vez, eu não queria ser aquela que tiraria a vida dele.

Sentia a minha necessidade de seduzir aumentar cada vez mais. Daqui a poucos dias seria incontrolável. Se não cantasse logo, poderia perder o controle e acabar cantando em Oceana. O que causaria no mínimo a perda da minha voz. Eles arrancaríam minha língua e eu morreria sem poder cantar, consumida por um desejo não saciado.

Existiam alguns tritões em Oceana porém todos eram ligados a suas cauda-metade, ambos se ligavam durante o ato sexual e compartilhavam a ligação. E esta só se quebrava com a morte.
Aqui nao era permitido tritões jovens. Apenas as sereias tinham permissão de morar em Oceana, os tritões viviam em Atlanta. Lá também existiam sereias porém estas também estavam ligadas a um tritão. Apenas a ligação permitia a morada dele ou dela em território diferente. Os filhos deles podiam permanecer na cidade até os cinco anos, quando eram mandados para a cidade na qual deveriam ficar e aprender os costumes e no caso dos tritões: a arte da guerra.

Os tritões eram guerreiros, então desde cedo eles aprendiam a lutar e mantinham a guarda no castelo de Poseidon, que ficava em Possidônia, cidade de Poseidon. Apenas os tritões ligados eram liberados da guarda, se quisessem.

Apenas as sereias ligadas podias ter filhos, eles eram uma bênção, pois as sereias só ficam férteis uma vez a cada sete anos. A gravidez dura sete meses, e os bebês nascem com a cauda. As sereias ao completarem dezoito anos conseguem transformar sua cauda em pernas mesmo dentro da água que é como nós fazemos sexo dentro da água, enquanto que os tritões só conseguem fazer a calda desaparecer se ficarem secos e em terra firme.
envelhecemos bem devagar depois dos 18 anos. Até essa idade nosso tempo passa igual ao tempo dos humanos, depois disso a cada sete anos humanos as sereias envelhecem um ano.

Essa longevidade nos é concedida por nossa cauda. Se decidimos viver na terra por qualquer razão que seja, passaríamos a envelhecer como os humanos. Mas que tipo de sereia iria querer viver na terra longe da água? Era muita idiotice.

- Você já está a cinco dias sem cantar Di, sabe que daqui a alguns dias o desejo será incontrolável. - disse Marina me pegando de surpresa quando chegou pelas minhas costas. Eu me assustei e dei um grito.

- Calma Maninha. Você está começando a ficar sensível. Porque ainda não foi cantar?

- Eu não quero seduzir e você sabe disso. - eu disse de má vontade.

- Não falei seduzir, mas faça aquilo que sempre faz quando some daqui na vontade e volta aliviada. Juro que se não gostasse tanto do que faço ia pedir pra que me ensinasse o que faz, seja lá o que for. Mas não troco seduzir por nada. Até por que eles são só homens, são como os peixes que comemos, só servem pra nos alimentar. - ela falava, mas não tinha ódio nem desprezo em sua voz. Ela apenas via os homens como qualquer outra espécie de animal. Para ela era normal que eles morressem depois do ato afogados. Ela não tinha sido salva por um daqueles homens e muito menos tinha sido cativada por olhos da cor do mar.

- Eu ainda consigo aguentar alguns dias. Não se preocupe. - eu respondi mas sabia que ela tinha razão.

A porta de repente foi aberta, e Ondine entrou com uma cara satisfeita e muito feliz.

- Vocês não sabem quem está aqui em Oceana, - ela instigou - Adrian!

Seu gritinho eufórico encheu nossos ouvidos. Ela batia palmas animada.
Adrian era o tritão responsável por Oceana, ele vinha aqui uma vez por mês e passava apenas um dia por aqui. Todas as solteiras o cobiçavam, e não era para menos. Ele era loiro olhos verdes, seus músculos bem desenvolvidos e perfeitos faziam as sereias suspirarem de desejo, ele tinha a mania de sempre escolher uma sereia para seu prazer, e é claro nunca foi recusado. Todas estavam loucas para ter sua vez.

Nos reunimos no centro de Oceana onde ele leria os avisos de Poseidon, e depois escolheria sua amante daquele dia.

O aviso normalmente era o mesmo. Começava com a saudação de Poseidon, depois ele lia sobre os últimos a ingressarem na academia de guerra. E alguns avisos que ocasionalmente apareciam. Como os bailes anuais de Possidônia, que era onde os tritões e as sereias tinham a chance de se conhecer, e quem sabe criarem uma ligação. Mas para esse evento ainda faltavam alguns meses.

Quando ele terminou de ler a carta do rei, ele analisou todas as sereias ali presentes, apenas as sereias sem ligação ficavam ali quando ele terminava a leitura, as ligadas voltavam com seus tritões para sua casa.

Ele olhou de uma por uma. Passou várias vezes por cada rosto, algumas sorriam sedutoras enquanto outras se jogavam descaradamente a seus pés, eu continuava no meu lugar com cara de tédio, e talvez esse tenha sido meu erro, pois devo ter parecido um desafio aos olhos dele, ele me fitou e eu senti um calafrio descer por minha calda.

- Você! Qual seu nome ruiva? - ele perguntou apontando direitamente pra mim.

***

E aí o que acham que vai acontecer?

Rsrsrsrs

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