Me debati tentando sem sucesso me soltar do desgraçado que me segurava. O outro olhava de um lado pro outro, vendo se não tinha ninguém.

- O que vamos fazer? - perguntou.

- Eu não sei. Vamos sair daqui com ele, pode chegar alguém e nos ver...

Ele mexeu com a mão em minha boca um pouquinho para eu ter a oportunidade de morder com todas as minhas forças. Ele gemeu de dor, porém não me soltou. Me pegou mais firme e dessa vez tampou fortemente minha boca.

Eu continuei lutando mas o filho da puta do outro carinha segurou minhas pernas.

Eles riram e pareciam mais eufóricos cada vez que eu lutava mais.

O que eles vão fazer comigo?

Se pelo menos houvesse algum segurança por perto... Vi duas garotas passarem pela gente enquanto eles me carregavam pra não sei aonde. Elas riam igual umas destrambelhadas, provavelmente estavam tão bêbadas quando esses dois aqui. Continuava me debatendo quando ouvi meu nome. Mais do que isso, quem chamava meu nome era o mais importante.

Júnior, pensei.

Só vi ele se aproximando e me tirando das garras daqueles dois marginais. Ele não foi nem um pouco delicado fazendo isso é quando finalmente me salvou partiu pra cima dos dois. Júnior era grande e forte mas aqueles caras eram dois.

Ainda em pânico, comecei a gritar pedindo ajuda, disparei a procura de um segurança. Assim que achei o chamei. Por sorte chegamos a tempo de não acontecer uma tragédia maior. Os dois caras estavam caídos no chão ensanguentados, provavelmente acordariam amanhã na cama de um hospital quebrados sem saber o real motivo. O segurança tirou Júnior de cima de um dos caras, nunca o tinha visto tão violento dando socos em um cara já inconsciente.

- Me larga, estou bem - disse Júnior ainda ofegante. Sua mão manchada de sangue.

Eu estava com os olhos arregalados, tanto pela tentativa de abuso como pela agressividade do filho do meu patrão.

Finalmente ele olhou pra mim. Seus olhos brilharam, não havia mais ódio ali, só... Preocupação.

- Você está bem? - perguntou.

Assenti, não conseguia falar.

- Mas que diabos está acontecendo aqui!!? - a voz do Sr Louis me fez tremer.

- Esses caras tentaram abusar de seu novo funcionário, papai - disse Júnior, senti um tom de sarcasmo em sua voz mas não entendi porque. Não era o momento de fazer brincadeiras.

O Sr Louis arregalou os olhos.

- Como é que é? Tirem esses dois nojentos daqui!!! - ordenou ele aos seus seguranças, agora em meio a confusão havia chegado um exército deles.

Os homens de preto carregaram os infelizes ainda inconscientes dali.

- E você - o Sr Louis apontou o dedo para o filho dele - está permanentemente proibido de trazer essa gentinha pra cá, entendeu? Cansei das suas maluquices. Chega de atitude de moleque.

O Sr Louis não gritou, mas estava bem exaltado. Suas palavras saíram firmes enquanto Júnior escutava com um olhar sinistro. O tempo todo permaneci ali encarando o chão sem me mexer.

- Você está bem Sr Kennedy? - pergunta Sr Louis.

Assenti novamente. Minha voz tinha sumido, literalmente.

Sr Louis chamou uma das empregadas e pediu pra ela me acompanhar até a cozinha, talvez ele tivesse notado que eu estava mentindo e não estava bem coisa nenhuma. Júnior havia sumido após a bronca do pai. Porque essas porcarias sempre tem que acontecer comigo?

Após uns dois copos de água com açúcar, Júnior aparece na cozinha. Aquele já tinha virado ponto de encontro de nós dois.

A empregada já havia sumido e estávamos a sós.

- Você está ferido - eu disse, assim que o vi entrando. Minha preocupação foi instantânea. Não gostava de vê-lo assim, machucado.

- Eu estou bem - disse ele em um sussurro.

Júnior se apoiou no balcão da cozinha, há alguns centímetros de mim. Agora estava vestido, usando uma calça jeans e uma camisa azul, seus cabelos ainda estavam úmidos. Ele não olhava pra mim, ao contrário de mim que o fitava sem nem piscar. Ele havia me salvado, duas vezes na verdade, já que naquela noite quando a gente se viu pela primeira vez eu corria algum tipo de perigo. Mas agora, Júnior era meu herói e além de tudo que eu já sentia por ele, um novo sentimento nasceu, admiração.

- Quero te pedir desculpas - finalmente disse, ainda não conseguia olhar pra mim.

- Desculpas pelo que? - perguntei confuso.

- Eu sou o culpado. Trouxe esses caras para dentro da minha casa e... - ele fechou os olhos, angustiado.

Nesse momento eu queria preencher esses poucos centímetros que havia entre nós e abraçá-lo.

- Você não tem culpa. Não podia advinhar que isso iria acontecer.

- Talvez se eu escolhesse melhor minhas amizades, não teria acontecido isso. Meu pai tem razão. Só vivo agindo como um moleque.

- Pra me defender você não agiu como um moleque - disse tentando confortá-lo.

Ele levantou a cabeça e olhou nos meus olhos. Agora Seu olhar continha um brilho diferente.

- É que quando eu vi o que aqueles caras estavam tentando fazer com você... Uma força maior me dominou.

Meu patrão entrou na cozinha.

- Kennedy? Pode ir pra casa, está liberado. E me desculpe pelo transtorno. Espero que ainda esteja disposto ao emprego...

Olhei para Júnior, como se eu esperasse alguma resposta daqueles lindos olhos verdes. E eu obtive minha resposta assim que ele olhou de volta, com a mesma intensidade.

- Claro, Senhor. Amanhã então - saí em direção à porta dos fundos, deixando meu patrão e o filho deles sozinhos pra trás.

Pensar no que tinha acontecido, era isso que faria o resto do dia. Fora o terror de quase ter sido estuprado ou coisa pior, a conversa que tive com Júnior foi o que mais me fez pensar. Droga, eu estava me envolvendo em algo que não me faria bem, ou faria? Não sabia responder, apenas sentiria. Mesmo sabendo que não podia sentir. Mas ele também sentia algo, ou não falaria todas aquelas coisas e me lançaria todos aqueles olhares.

Assim que cheguei em casa, fui direto para meu quarto, nem vi se Anna estava ou não. Queria me prender ao meu mundo imaginário onde todas as coisas impossíveis aconteciam. Ficaria um bom tempo nesse mundinho até voltar para a triste realidade. A de que teria que esquecer o Júnior mesmo o meu coração já estar gostando muito dele.

O Filho Do Meu Patrão (Romance Gay)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu