CAPÍTULO TRÊS

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|| Valentina ||

- Sim, de certeza. - digo-lhe.

O rapaz tinha um aspeto terrível, desde as roupas às enormes olheiras que transportava. Parecia que tinha algo em falta. Fiz-me pronunciar.

- Mas e tu? Tens a certeza de que estás bem? - pergunto.

Ele dá um pequeno sorriso enquanto olha para o telemóvel e logo depois olha para mim, crava os seus olhos nos meus e desta vez observo os seus olhos que me desafiavam.

- Foi um prazer. - ele levanta-se e estende-me a mão.

Ajeita as calças e vejo-me agarrar a sua mão, que se força a levantar-me. O desconhecido pega nas minhas mãos frias e fica a observar-me da sua altura, corando.

- Obrigada por perguntares. - diz por fim e eu dou-lhe um pequeno sorriso.

Logo depois segue o caminho em direção à porta frontal do café. Desvia o seu olhar para a direita e logo após, para esquerda, seguindo assim o caminho em frente, encolhendo-se no seu capuz e enfiando as mãos nos bolsos, um passo perante o outro ao mesmo tempo que a chuva se faz cair miudinha e molha lentamente as ruas de Lisboa.

Não demorou muito para que colocasse as minhas mãos nos bolos e caminhasse igualmente pelas ruas em direção a casa.

x x x

Sabia que tudo o que tinha a fazer seria procurar emprego, por isso, assim que chegara a casa, coloquei-me em frente ao computador e procurava pelas editoras mais chegadas aqui. Observei na tela do computador uma que estava a aceitar novos empregados denominada de Book'Styles, e os meus olhos encararam o computador à procura de contactos.

Observei o número que digitei no meu telemóvel, deixei-o tocar uns segundos quando sou atendida por uma voz feminina que se denominava de Anne. Anne Styles.

- Boa tarde, empresa Book'Styles, daqui fala Anne Styles, em que poderia ajudar?

- Boa tarde senhora Anne, gostaria de me informar melhor sobre a aceitação para novos empregados, gostaria de me inscrever. O meu nome é Valentina Stewart. - digo numa euforia que deixa todas as minhas palavras saírem numa rapidez, permitindo-me inspirar apenas depois.

- As entrevistas para o emprego decorrerão no dia de amanhã por volta das 9:00h às 14:00h, aguardo a sua presença e desejo-lhe boa sorte. - ouço a voz feminina.

- Muito obrigada pela informação, até amanhã senhora Anne. - digo.

- Até amanhã, com licença. - diz e logo após desliga a chamada.

Observo o meu olhar pousar nos meus pés cobertos por umas meias vermelhas e uma manta sobre as minhas pernas compridas. Estava frio, e embora dentro de casa fosse o suficiente para me aquecer, ainda assim um agasalho seria agradavelmente bem recebido.

Mas tinha fome, bastante fome, e quando observo as horas, a tarde tinha-se passado sem que eu desse conta e a minha Tia Adelaide já deveria ter ido, com certeza, apresentar-se no turno da noite, no bar da cidade.

Faço as minhas pernas atravessarem o corredor em direção à cozinha, com as meias nos pés faço-me escorregar pelo chão do corredor, gostava de me sentir criança outra vez, fazia sentir-me bem.

Abro a porta da cozinha e sou contemplada pelo quente proveniente do fogão e retiro uma pequena sande que a minha tia me deixara, uma das suas especialidades que me deixava cheia de um momento para o outro.

Acabo por me sentar à mesa, cubro-a com uma toalha e sem tirar os olhos da Tv, ligo-a comendo a sande.

Quando, de um momento para o outro, ouço a campainha tocar e encaro a sande por uns momentos, vou ter de a deixar, para ver quem é que viria à porta a esta hora... Não estava à espera de ninguém. Dou passos largos para que depressa pudesse voltar à minha sande.

E qual não é a minha surpresa quando me surpreendo com o mesmo rapaz de capuz que estava no café.

- Olá. - diz e puxa o capuz para trás - Estive à tua procura.

- À minha procura? - observo-o com um certo receio - À minha procura para quê?

Questiono-o ao mesmo tempo que me encosto à porta e ele acaba por observar parte do meu querido e fofo pijama rosa coberto de unicórnios.

- Aqui diz 'Valentina Stewart', é por causa do teu trabalho na Book'Styles, faço parte da família, vim cá pelo mail que mandaste com os teus devidos dados. - ele diz.

- Mas eu pensei que a entrevista fosse apenas amanhã. - digo-lhe - Como combinei com a Anne.

- A minha mãe pediu-me para falar contigo pessoalmente, desculpa estar a incomodar-te a estas horas. - ele diz.

- Não há problema, entra. - digo-lhe.

Ele acaba por limpar os pés antes de entrar para dentro de casa, encaminho-o na direção da cozinha onde termino o meu jantar, ainda lhe ofereci um pouco, mas este recusara-se.

- Então, a entrevista será feita aqui? - questiono-o assim que acabo de jantar.

- Não, não senhor. - ele diz - Apenas vim porque...

- Porque...? - questiono-o.

- Bem, eu vi o teu currículo, as tuas informações e tudo o que enviaste sobre ti, preciso que me integrem novamente na família, achas que me podes ajudar? - ele questiona-me.

Espera, ele veio pedir-me para voltar para a sua família? Como assim?

- Quem és tu afinal? - eu questiono-o sentindo-me ainda um pouco insegura.

Estava perante um completo desconhecido, que acedeu às minhas informações, sem qualquer custo e não tardou muito a encontrar-me para me pedir algo que eu não faço ideia de como fazer?

- Senta-te, eu explico-te. - ele diz.

- Não quero explicações, sai por favor. - peço receosa.

- Não te vou fazer mal. - ele diz - Nem sei o que fazer... Por favor, dá-me uma chance.

Eu deveria de o colocar fora de casa, não só pela sua conversa de chacha mal inventada com que entrou aqui, mas também pela aparência duvidosa como se apresenta.

- Está bem, mas não te posso ajudar em nada de certeza. - digo-lhe.

- Podes, acredita que podes. - ele diz por fim - O meu nome é Harry Styles.

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