• Capítulo Um - JB

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Ariana Grande •

Quantas coisas são possíveis de se esconder com um sorriso no rosto? Embora todos ao meu redor acreditam que eu tenho uma vida perfeitamente normal quanto todos eles, eu grito por socorro enquanto estou calada.

Meus pais, que são as pessoas que mais deveriam me amar incondicionalmente no mundo, me odeiam. Eles se apaixonaram durante o tempo do colégio, viveram uma lua de mel interminável até minha mãe engravidar de mim. Seu corpo perfeito fora esticado dando origem a uma barriga de gestante, suas roupas coladas e vestidos caros deram origem a macacões para grávidas e roupas mais largas. Ela fora escorraçada de casa por seus pais por ter se tornado uma menina perdida, segundo eles.

Ela nunca me perdoou por ter estragado sua vida. Mas que culpa eu tinha das escolhas que ela fez?

Ela nunca me amou, muito menos o papai, que teve que deixar sua vaga de capitão do time de futebol americano para arrumar emprego para sustenta-la. Ele tinha sonhos, mas eram sonhos que escolhas que eles dois fizeram acabaram com tudo.

Eu era apenas um bebê, como tudo isso poderia ser culpa minha?

Eles praticamente me venderam para Brian, ele é o garoto mais popular do colégio, mas assim como meus pais, ele não me ama. Ele tem uma espécie de obsessão por mim, não me deixa falar com mais ninguém a não ser com eles, coloca seus "seguidores" para me vigiarem quando ele não está por perto e o pior de tudo é que ele me bate quando quer, quando não quer, quando acha que tem motivos ou por qualquer outra razão que ele acha que justifica seus atos.

E o que mais dói em tudo isso é que todos sabem, todos vêem que meus hematomas não são causados por meros acidentes e ninguém faz nada.
Não há um dia em minha vida triste que eu não deseje a morte.

— Sua vagabunda, eu estou gritando a meia hora pra você sair dessa merda desse quarto! — Minha mãe abre a porta com tudo e eu me sento na cama assustada. — Brian está aqui, desça logo antes que ele veja a merda que você é arrume outra.

— Já estou indo. — Digo baixo.

Ela revira os olhos com repulsa e eu engulo seco ao vê-la deixar o meu quarto. Respiro fundo e me levanto da cama, cada vez que eu tenho que sair do meu quarto para recebê-lo meu coração bate aceleradamente em meu peito, eu tenho que venha mais dor.

— Positividade, Ariana! — Digo para mim mesma antes de deixar o quarto.

Desço as escadas devagar, adiando o máximo que eu puder a minha ida até aquele monstro.

— Oi amor. — Ele beija meus lábios enquanto abraça o meu corpo, e eu sinto repulsa por ele tocar em mim depois de tudo o que já fez comigo.

— Oi — Digo baixo, sem olha-lo nos olhos.

— Me responde direito, sua vagabunda de quinta! — Sua voz muda de suave para brava.

Meu pai ri, parece estava assistindo um filme de comédia e minha mãe apenas revirou os olhos se jogando no sofá velho que havia na sala.

— Oi Brian. — Olho em seus olhos azuis desta vez e ele parece satisfeito.

— Vá colocar uma roupa que preste, vamos para o galpão. — Me olha com repulsa. — Esse trapo que você está vestindo vai me fazer passar vergonha.

Brian é um dos maiores gângster da região, seu grande lucro vem do dinheiro feito a partir do tráfico de drogas. Essa é uma das razões pelas quais meus pais me "venderam" para ele. Eles queriam uma vida fácil e Brian por ser rico oferece isso a eles.

— Eu não quero ir. — Digo, o encarando. — Amanhã temos aula e eu quero ter uma boa noite de sono.

— E por acaso eu perguntei se você quer ir? — Ele riu. — A regra é simples, eu mando e você obedece.

Eu havia entendido o seu tom, se eu tentasse bater de frente com ele, acabaria apanhando aqui na frente dos meus pais, que adorariam o espetáculo.
Engoli seco e voltei para o meu quarto, troquei uma roupa consideravelmente normal e voltei para a sala.

— Você demorou demais e nem está tão gostosa assim. — Ele bufa enquanto me agarra. — Vamos logo.

Ele literalmente me puxou até o carro, entramos no mesmo e ele dirigiu em silêncio até o galpão, o que era considerado estranho, ele sempre costumava ficar falando sobre seus esquemas mesmo que eu não estivesse interessada.

— Tudo o que você ouvir aqui, morre aqui. — Ele tirou a arma do porta luva e me encarou. — Entendeu, Ariana?

Assenti brevemente.

— Quando eu falar com você. — Ele apontou a arma para mim. — Você me responde.

Eu não estava com medo, como ele pensou que eu ficaria. Eu estava desejando que ele apertasse o gatilho e terminasse logo com o meu sofrimento.

— Tudo bem. — Digo, após engolir seco.

Ele sai do carro e coloca sua arma na cintura. Eu respiro fundo e também deixo o carro. Ele trava o carro e entra no galpão sem esperar por mim, nós estamos literalmente no meio do nada e eu não tenho o que fazer, a não ser segui-lo para dentro do galpão.

— Novidades? — Brian indaga assim que avista toda sua equipe.

— Temos uma. — Um dos caras diz, atraindo a atenção do Brian. — Mas ela não é boa.

— Fala logo, porra. — Me assusto com o tom de voz de Brian.

— Nosso carregamento foi roubado por uma nova gangue de gangster que chegou na cidade. — O cara diz, com um suspiro. — Eles estão competindo com a gente, roubaram muitos clientes nossos.

— Eu quero nomes. — Brian exigiu.

— Chamam de Canadiens! — Outro deles respondeu.

— Filhos da puta! — Brian praguejou.

— Pelo o que eu descobri, eles comandam o Canadá inteiro e agora querem dominar aqui. — O mesmo rapaz disse.

— Quem é o líder deles? — Brian questionou. — Eu vou começar matando ele, depois vou matar todos eles!

— Só temos uma sigla.

— Diga de uma vez, porra! — Dessa vez Brian gritou.

— JB.

The Protector [1] Onde as histórias ganham vida. Descobre agora