As 13:01 ouço bater de leve a porta da minha sala, onde corrigia o trabalho do segundo semestre em História da humanidade.

_ Pode entrar!

Um funcionário da Sintéticos Ltda devidamente uniformizado em seu, já bem conhecido, macacão azul-royal entra pela porta empurrando uma enorme caixa vertical branca, com uma prancheta na mão e um sorriso a la comercial de pasta de dente nos lábios.

_ Bom dia Sra. Wilms, tenho o prazer em lhe entregar o nosso mais novo modelo de sintético humanizado. A última geração em desenvolvimento fisio-robótico e cérebro positrônico. Este sintético...

_ Ok, pode parar! – interrompi – eu não necessito de propaganda da empresa. – O entregador fechou a boca e fez uma cara de surpresa, como se nunca o houvessem interrompido antes. – Eu sei o que estou recebendo – continuei – já li o folheto explicativo. Eu só preciso do manual de funcionamento.

O entregador tirou da bolsa um manual que deveria conter umas 200 páginas e um tablete metálico que continha o logo da empresa atrás. Entregou a mim sem dizer nada. Retirou uma caneta do bolso e estendeu a mim juntamente com o papel na prancheta.

_ O Sr. Pode falar se quiser! – disse intrigada com a sua reação. Só então, ao fixar meu olhar nos olhos dele é que percebi do que se tratava.

_ A senhora gostaria que eu continuasse a minha apresentação? – Perguntou em um tom quase humano submisso.

_ Não, não há necessidade, mas claro pode dizer algo mais se for necessário! – sua semelhança com um ser humano era incrível, se não tivesse obedecido minha ordem de forma tão subserviente, devido as leis que o obrigavam a fazer o que eu mandasse não teria percebido tão rapidamente. Está era a primeira vez que um robô conseguia me confundir por mais do que alguns segundos.

_ Todas as informações que precisa está contida no manual impresso ou em pdf dentro do tablet. O sistema é simples e automatizado, mas caso ainda hajam dúvidas, o serviço de atendimento automático ao consumido está a disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana. – terminando a fala abre novamente um sorriso longo, quase como se estivesse feliz por ter conseguido terminar uma informação.

_ Você é do mesmo modelo que recebemos? –pergunto.

_ Não senhora, meu corpo é tão desenvolvido quanto o dos novos modelos, mas meu cérebro positrônico ainda é de um modelo inferior. O modelo que acaba de receber é o Human-72 foi produzido em baixa escala e ainda estão em teste.

_ Você saberia me informar quantos foram produzidos, onde eles serão entregues e qual é porque estão sendo testados diretos com o público?

_ Foram construídos um total de 500 Sintéticos. Eles serão distribuídos em primeiro lugar às instituições governamentais que necessitam de auxílio robotizado para a melhoria do desempenho humano. Alguns serão entregues ao setor privado que prestam serviços públicos e um número pequeno será entregue para teste no auxílio doméstico. O objetivo desta ação eu não estou autorizado a compartilhar com pessoas.

_ Como assim não está autorizado a compartilhar com pessoas?

_ Com pessoas não autorizadas pela indústria – sua voz pareceu esconder algo, como se estivesse mentindo ou omitindo algo, mas robôs não podem mentir. Percebi que jamais havia mantido uma conversa por tanto tempo com um robô. De repente senti-me um tanto quando idiota e neurótica por está desconfiando de uma máquina. – Ok, muito obrigada pelas informação. Se precisar entro em contato com a empresa. Você pode retirar-se.

_ Sim senhora. Tenha um bom dia!

_Tenha um bom dia também! – Pronto, acabei de desejar bom dia a um robô. Teria um robô um bom dia, ou um mau dia por acaso?

Respirei fundo mais uma vez e aproximei-me caixa grande de papel. Abria-a com cuidado. A minha frente encontrava-se um protótipo feminino. Era um pouco mais alta do que eu, bom com um metro e sessenta não é difícil encontrar algo ou alguém maior do que eu. Tinha cabelos negros lisos um pouco abaixo dos ombro e uma franja que chegava até o limite das sobrancelhas. Seu tom de pele era moreno como o de alguém que vive nos trópicos, seus lábios bem desenhados traziam uma tonalidade viva, ela vestia um tailleur verde com uma saia que chegava até o joelho deixando transparecer uma perna longilínea e torneada. – Não é de se admirar que a concorrência para os seres humanos esteja cada vez mais difícil – sussurrei para mim mesma – se querem construir um robô mais humano, deveriam pelo menos colocar algumas imperfeições neles. – Embora toda a perfeição ela ainda parecia extremamente real, era como se alguém estivesse dormindo em pé a minha frente.


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⏰ Última atualização: Nov 26, 2015 ⏰

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