Capítulo 7 - Anahi

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Anahi

Hoje é à noite. Depois da minha conversa na creche hoje com Travis, chegou a hora. Poncho concordou em vir para o jantar e que faríamos isso juntos. Miguel precisa ouvir isso de nós e não de outra criança, ou pior, de outro pai.

Já se passaram três semanas desde que fomos ao parque da cidade e, como prometido, Poncho tem estado por perto todos os dias. A primeira semana foi difícil, tentando ensiná-lo sobre a agenda de Miguel, como negociar com ele sobre a hora de dormir e escovar os dentes. Mas no final da semana, ele já tinha jeito com tudo. Miguel, na verdade, o obedece melhor do que a mim.

Vovó Mari e Maite mantiveram distância dizendo que eu precisava desse tempo para ajudar pai e filho. Christian e eu ainda nos falamos todos os dias e nos encontramos para almoçar algumas vezes por semana, mas suas noites são, em sua maioria, com Sarah. Ele tornou-se cada vez mais favorável à relação pai/filho.

Todos os três permaneceram deixando claro sua preocupação por eu estar muito perto do Poncho. Eu não vou mentir: tem sido difícil para mim emocionalmente, porque ele é um pai incrível. Meus pensamentos se dirigem para o passado quando nós falamos sobre o nosso futuro. Nós não conversamos sobre isso novamente, mas ambos ainda estão marcados por aquilo que descobrimos sobre a nossa separação. Ele tentou falar, mas eu o cortei. A dor ainda é muito crua e eu não preciso de drama na minha vida.

Miguel grita quando ele abre a porta e se atira contra o pacote que Poncho está segurando. Reviro os olhos para ele, porque é o décimo presente que ele trouxe para o filho nas últimas semanas. Eles começaram inofensivos, mas gradualmente tornaram-se mais extremos. Abro a boca para dizer que ele tem que parar quando Miguel vira para olhar para mim. Seu sorriso é tão grande que as bochechas vão ficardoloridas.

- Olha, mamãe, Poncho me deu um plesenti. - Ele corre para mim e empurra a caixa em minhas mãos.

Lágrimas enchem meus olhos quando eu vejo o jogo de Lego.

Ele vai construir um navio Lego com o filho hoje. Olho para ele o vejo olhando para mim preocupado. Eu sorrio, deixando-o saber que está tudo bem e enxugo os olhos.

- Filho, isso é incrível. Por que você não vai brincar por alguns minutos para que Poncho e eu possamos conversar? Vamos abrir esse presente depois do jantar.

Ele sai correndo para seu quarto. Eu pego uma bebida para nós e faço um movimento para ele me acompanhar até a varanda. É um lugar seguro para nós conversarmos sem Miguel ouvir tudo.

- Diga-me o que aconteceu. Estou muito feliz, mas seu telefonema me pegou de surpresa. - Ele abre as nossas cervejas e se senta no balanço ao meu lado.

- Travis me mandou uma mensagem e pediu para encontrá-lo fora da creche hoje antes de pegar as crianças. Ele queria falar comigo.

- Que porra é essa? Por que ele tem o seu número de telefone? - Seu corpo tenciona e ele olha pra mim.

- Todos os pais compartilham números. A Abby, mãe de Miles, também tem meu número. Nós contamos um com o outro algumas vezes porque os meninos são amigos e têm treinos e jogos juntos. Qual é o seu problema?

- Meu problema é que ele te quer. Eu vejo isso na forma como ele te olha nos treinos. Ele basicamente te come toda vez que você está perto.

- Não acho que...

- Any, eu sei por que eu também faço isso cada vez que te vejo. - Ele interrompe e chega mais perto de mim.

- Você não pode dizer coisas assim, Poncho. Nós concordamos que isso é sobre o nosso filho.

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