Capítulo 18 - Corrente Cósmica Universal (II)

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— Nossa, isso é muito legal! - disse Mabel. - quero dizer, poder entender como é o processo. Nunca me passou nada assim pela cabeça. E não me parece uma tarefa fácil...

— Por isso vocês precisam treinar nos próximos meses até incorporar esses três passos. O primeiro vocês já estão incorporando, que é o entendimento, como tudo funciona. O Segundo, a sintonia. Sentir a Corrente dentro da alma. E o último, a manipulação, que exige energia vital bem canalizada.

— Ou podemos morrer usando a técnica mais simples que existir - deduziu Rafaelo.

— Correto. A coronal é um sentido como a intuição, não possui uma área física do corpo. É voltado para o lado espiritual. Mas possui uma localização energética, no alto da cabeça, na direção da glândula pineal.

— É uma glândula endócrina que fica no cérebro dos vertebrados. Sempre foi cercada de misticismo. Um dos setes chakras, o coronário, fica exatamente no alto da cabeça e a região do corpo relacionada a ele é a glândula pineal - disse Higino, ajeitando os óculos grossos com um certo orgulho.

Ian, Mabel, Norah e Rafaelo olhavam para ele com estranheza.

— O que fez com meu amigo? - perguntou Ian, debochando.

— Esses óculos não me deixam com cara de inteligente por acaso - ele riu.

— Está correto, Higino. E não por acaso, o sentido extra e o chakra têm nomes semelhantes.

Cosmos fez uma pequena pausa ao reparar que algumas folhas estavam queimadas, resultado da briga dos gêmeos com Êmalin.

— Vamos continuar - ele disse. - todas as técnicas que existem pertencem a uma classe específica. São nove, ao todo. As três primeiras, relacionadas aos três irmãos. A classe Lúmina, de Erin, abrange técnicas de luz. É a sua classe também, Ian. A segunda classe, Cascádian, envolve vocês, Norah e Higino. E seus pais, claro, junto com Sidéria, Êmalin e Turmaline. Abrange técnicas relacionadas à água em estado líquido ou sólido. A terceira é uma classe renegada e normalmente quem utiliza as técnicas são criminosos e pessoas como Zero. É a classe Abismal.

Norah e Mabel fizeram uma careta.

— Vou fazer questão de ir atrás desse imortalzinho cretino - disse a irmã de Higino, que teve um gesto de apoio do irmão.

Cosmos continuou:

— A quarta classe, Terrínia, rege elementos da terra e da vegetação.

— Ponto para a gente - brincou Mabel ao olhar para o pai.

— Firmina também faz parte dela – Cosmos continuou. - a quinta classe, Flama, utiliza técnicas de fogo. Nossos gêmeos encrenqueiros fazem parte dela.

— Adoráveis - debochou Ian.

— A sexta classe, Zéfira, rege técnicas de vento e o único que representa essa classe entre os descendentes é Ariel. A sétima classe, Coesa, rege os minerais. Fazem parte dela Aurélio e o filho. A penúltima classe é a Divina, uma das mais admiradas e requisitadas. Também a que mais exige preparo e energia vital. Poucas técnicas desta classe são usadas, por conta da alta exigência física. A criatura elóica, que vocês viram no continente de vocês, é uma técnica desta classe.

— A projeção astral dos Dirigentes no outro dia também - observou Eugênio. - exige um nível alto de manipulação.

— A classe Divina não possui descendente vivo, embora suas técnicas sejam comumente manipuladas por Ceruleanos. A última classe, a Ordinária, envolve todas as técnicas que não se encaixam dentro das anteriores.

— Podemos usar qualquer técnica? Mesmo sendo descendentes de ancestrais que tinham um elemento específico... – perguntou Mabel.

— Não, Mabel. Os descendentes podem usar apenas as técnicas relacionadas aos seus antepassados ou técnicas divinas. Outras pessoas que não são dessa linhagem, porém, podem usar qualquer tipo de magia.

— Isso não é justo - resmungou Norah. Ian e os outros concordaram.

— Mas não é fácil de burlar isso, Cosmos? - perguntou Rafaelo.

— Podem até tentar, mas não vão conseguir. A coronal dos descendentes é mais depurada que as outras a ponto de perceber se a manipulação da Corrente fluídica vai se materializar em uma técnica de classe não pertencente àquele conjurador. A energia vital do corpo rejeitaria a magia e isso poderia causar graves problemas ao descendente.

— Na dúvida, não façam! - a voz grave de Debas ecoou no ginásio.

O Regente ajeitou o broche de metal, enquanto falava:

— Terminada a breve explicação, encerramos nossa primeira parte do treinamento. Daqui vamos seguir caminhos diferentes para nosso treinamento individual. Fortuna e Napoleon treinarão juntos. Não hoje, por motivos óbvios. Êmalin e Azélio terão o acompanhamento de Eugênio. Também por motivos de força maior, já foram liberados do dia de hoje. Veja como eles estão, Eugênio. Rafaelo, você irá com Isla. Norah com Xaviera. Higino, Debas vai te orientar.

Ian e os outros adolescentes olharam para Higino. A feição do menino era de pânico. O único general que ele gostaria de evitar em um treinamento caiu exatamente para ele.

— Mabel vai com Estéfano.

A menina segurou a euforia, mas não conteve o sorriso.

— Minha jovem... o fato de ser treinada pelo próprio pai não a aliviará nas lições, você compreende? – alertou Cosmos.

Imediatamente murchando, ela assentiu.

— Sigam para seus lugares previamente escolhidos. Não sabemos quanto tempo temos para nos aprimorarmos. Então, descendentes, dêem o máximo de si. Não nos esqueçamos do que aconteceu na sala da adaga. Estamos vulneráveis para receber outro ataque a qualquer momento.

Com um aceno educado, Cosmos dispensou Ian e seus amigos, que saíram acompanhados de seus tutores. Ian, no entanto, estava confuso. Ele viu Cosmos ir andando apressadamente e correu atrás dele.

— Cosmos! - gritou. - você esqueceu de mim!

O Regente parou e virou para ele:

— Não, Ian. Venha comigo. Sou eu quem vai treiná-lo.





Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Where stories live. Discover now