Capitulo 5 - REBECA

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- Ah não! - Digo totalmente no automático enquanto meu coração acelera rápido e um sorriso de canto aparece na boca do Brian. - Nós só somos... velhos conhecidos.

Seu sorriso se desfaz no mesmo instante. O que mais eu poderia dizer? Que ele foi o primeiro cara que amei e que meu coração ainda tem a capacidade de se partir por sua causa mesmo eu já estando com outro alguém? Fui ainda muito generosa em falar que somos conhecidos, pois a impressão que eu tenho é que estou sentada ao lado de estranho com uma sensação de já ter conhecido alguém parecido com ele.

- Ah, que triste. - Estela diz, mas sua expressão é que não acredita nisso. - Bom, eu tenho que ir à horta, mas vocês podem descansar se quiserem. Vou mostrar o quarto.

Eu e o Brian nos levantamos e seguimos até o quarto. Ela começa a falar que é modesto, mas eu a interrompo. O sorriso da Estela, apesar de ter traços tristes e fracos, parece que aquece um pequeno pedaço do meu coração. Sua casa é tão simples, mas tem uma energia, ou algo do tipo, positiva.

O quarto também é verde, como o resto da sala, o chão é vermelho e tem uma cama de casal. Ela nos falou que era o quarto dos seus filhos, mas que eles foram para Brasília trabalhar e há muitos anos não volta.

Olho para a cama de casal e o meu coração gela. Não é que eu me sinta ameaçada pelo Brian ou qualquer coisa do tipo. Mas dormir na mesma cama é algo muito absurdo. O que o Dean pensaria disso? Eu com certeza não gostaria de saber que ele tinha ido parar no meio do nada e dormido na mesma cama com uma ex-namorada.

- Uau, eu durmo no chão. - O Brian diz e meu coração dá uma pontada. Eu realmente não quero que ele durma no chão, ainda mais com todo esse frio, mas não posso simplesmente dormir com ele, na mesma cama, como apenas algumas camadas de tecido entre nós. Não posso dormir com o Brian, mesmo que seja no sentido mais literal da palavra.

- Não, eu durmo no carro. Fica com a cama.

- De jeito nenhum, eu fico no carro então. Você precisa do seu sono de beleza. - Ele me lança seu sorriso sarcástico e tudo que eu posso fazer é revirar os olhos e reprimir o sorriso.

Ele segue até a frente da casa e eu entro no quarto. Deito na cama para conseguir dormir por alguns minutos, já que ficar espremida dentro daquele carro não me fez nada bem, mas não consigo. Olho para o telhado e meus pensamentos vagueiam por tantos "e se...".

E se eu não tivesse com o Dean? Será que meu coração ainda estaria com o Brian? E se eu não tivesse feito essa viagem? Será que meu coração ainda estaria acreditando na farsa de que eu não sou tão do Dean quanto eu pensei?

Depois de tantas suposições e imaginar como seria a minha vida se outras coisas tivessem acontecido, eu durmo. O som da chuva nas telhas e o cheiro das flores que estão em um jarro na mesa na sala ao lado me permitem um sono tranquilo.

Sinto uma mão no meu rosto, tirando levemente o cabelo que está sobre meus olhos ainda fechados e tomo um pulo levantando da cama como o flash. Vejo a expressão do Brian e meu coração se alivia antes de ter outro principio de ataque cardíaco.

- Desculpa, não queria te acordar no susto. - Balanço minha cabeça sem ainda conseguir falar nada. - Estela e Antônio estão nos chamando para jantar...

Sigo com o Brian até a pequena cozinha, onde tem uma mesa repleta de comida. Feijão, arroz e uma panela de carne cozida. Ao lado há uma jarra enorme de um suco amarelo que eu suponho ser de laranja.

Apesar de nunca comer tanto à noite, eu me permito isso por hoje. Fico pensamento nos olhares de reprovação do Roy, meu personal, se me visse comer tudo isso. Ele começaria a falar as calorias de cada alimento que parece ter gravado em uma lista mentalmente até que eu me sentisse péssima.

Just a Life // COMPLETO // Livro IIWhere stories live. Discover now