O Primeiro Encontro

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 Sempre ouvi dizer que uma garota inocente não deveria andar na rua, tarde da noite, estando sozinha. Ainda bem que não sou uma garota inocente.

 Era tarde, provavelmente meia noite, a rua estava deserta, nem um sinal de movimento, até que eu o senti, como um vento movimentando meus cabelos. Olhei para a direção em que o vento veio, mas não havia nada ali. Continuei andando, até que passou algo bem na minha frente, talvez um vulto preto, deve ser só o sono. Caminhei mais alguns metros até que pude vê-lo, parado, a um metro de distância. Ele era lindo, apesar de a escuridão não me permitir uma visão privilegiada de seu rosto. Ele usava roupas pretas, mas não tinha nada de assustador,  nem em seu olhar, nem em seu belo sorriso. Era reconfortante olhar para ele, me senti bem, como se não estivesse mais sozinha.

-Quem é você?- Perguntei na intenção de me aproximar.

-E isso importa, Alice?- Ele respondeu, mas, como ele sabia meu nome?- Não se assuste e nem gaste seu tempo se perguntando, mas eu lhe conheço tanto quanto você se conhece.

-Ótimo, um maniaco perseguidor, era o que eu precisava.

Ele riu, de forma que me fez parecer boba por falar isso. 

-Você realmente não precisa de um "maniaco" te perseguindo, e é por isso que eu estou aqui. Vim te ajudar, garota. Agora seja boazinha e me deixe que te acompanhe.

-Ajudar? Com o que? Acompanhar para onde?

-Você não acha que precise de uma ajudinha? E, bom, vou te acompanhar para o lugar onde está indo. Mas só posso te levar se me disser onde é. Você sabe, certo?- Ele riu em deboche

-Não, não acho que preciso de sua ajuda. Sei muito bem me virar sozinha. E estou indo pra... pra...

-Pra...?- disse ele aguardando o restante da minha frase

-Eu... eu não sei pra onde estou indo - estava ficando tudo confuso - Não sei nem onde eu estou! - Começo a me perturbar. O que estava acontecendo?

- Ah, vem logo comigo - ele disse me puxando pelo braço. 

-NÃO!

Ele parou com uma cara frustrada.

- O que foi dessa vez? 

- Quem diabos é você? 

Ele sorriu, dessa vez, senti algo diferente em seu sorriso, talvez algo maligno mas que não fosse me machucar. Eu iria com ele, só precisava saber quem era aquele rapaz que me fazia sentir protegida, apesar de meu orgulho me impedir de admitir isso para ele. 

-Ora, meu doce, não diga essa palavra ao se referir a mim. Ela é um tanto quanto inadequada, me chame de...

Droga, de novo aquela dor no braço.


O Cara de PretoWhere stories live. Discover now