Capítulo 4 DEGUSTAÇÃO

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Pego uns documentos de um outro caso, Munique me informa os horários de duas reuniões que terei no dia seguinte e antes de ir pra casa mando uma mensagem avisando a Clarissa que passarei no apartamento dela às oito horas para levá-la pra jantar. Despeço-me da minha secretária e entro no elevador.

Como eu disse, faço o possível para agradá-la, mesmo ela não fazendo o mesmo por mim. Moro no Leblon, relativamente perto do trabalho, consigo chegar no prédio em vinte minutos. Quando abro a porta do meu apartamento já passa das seis horas da tarde, minhas ajudantes do lar já devem ter ido pra casa, o apartamento está muito silencioso, elas passam o dia ouvindo música. Vou direto para o quarto, coloco minha pasta em cima da escrivaninha, afrouxo a gravata e a tiro, indo direto para o banheiro.

Tiro toda a roupa e entro embaixo da ducha gelada, refrescando meu corpo do calor intenso que está fazendo. Ensabôo meu corpo com calma, pensando no tédio que será esse jantar. Clarissa não fala nada que preste, só sabe falar de compras, viagens e tratamentos estéticos. Termino o banho, seco- me e volto pro quarto, entro no closet e escolho uma bermuda branca, camisa azul marinho de botão e um sapatênis estiloso; Passo um perfume, coloco o relógio novamente, pego meu celular, carteira e a chave do carro.

Tranco tudo e entro no elevador que estava parado no meu andar, vou direto pra garagem. Entro no carro, dou partida e volto ao fluxo do trânsito do Rio de Janeiro. Em meia hora já estou parado em frente a porta da mansão da família Pinheiro, mando uma mensagem para Clarissa avisando que estou a sua espera. Não me dou o trabalho de descer do carro e entrar na casa, os pais dela são mais chatos ainda e hoje estou muito cansado pra isso. Quinze minutos depois, estou tamborilando os dedos no volante do carro, quando a porta da casa é aberta e Clarissa passa por ela.

Saio do carro, dou a volta e a encontro no meio do caminho. Ela está muito bonita com um vestido vermelho justo, saltos magníficos e o rosto maquiado como se fosse a uma festa. Ela é bonita mas muito exagerada, já pedi que não se maquiasse tanto. Ela não precisa de nada artificial, mas toda vez que toco nesse assunto ela desanda falar que eu não a entendo, que ela não vive sem maquiagem e que é para eu me acostumar. Quase reviro os olhos só de lembrar de todas as vezes que voltamos nesse assunto. Dou um leve beijo em sua boca e a conduzo para dentro do carro. Fomos todo o caminho em silêncio, apenas ouvindo a música que ecoa dentro do carro.

Clarissa me pediu que a levasse em um restaurante francês que inaugurou a pouco tempo. Eu não queria mesmo vir a um lugar assim, com tanta gente esnobe. Mas faço o que ela me pede. Não aguento isso. Se você não está vestido como os padrões da alta sociedade eles te olham torto. Bom, hoje vão olhar torto pra mim. Assim que estaciono, desço e abro a porta para Clarissa. Ela ajeita o vestido, depois os cabelos e me dá a mão, porém antes de entramos...

- Você poderia ter se vestido melhor, querido.

Sabia. Estava demorando.

- Estou me sentindo muito bem com minha roupa, querida. - ela entorta a boca de leve e não fala mais nada.

Seguimos para dentro do restaurante que é puro requinte, todo o estilo francês bem descrito por todos os lados. Paramos duas vezes para cumprimentar alguns conhecidos da Clarissa, o maitre nos guiou até nossa mesa que era um pouco afastada do centro do restaurante. Puxei a cadeira para ela sentar, depois sentei a sua frente. O garçom se aproximou trazendo a carta de vinho, escolhi um e logo em seguida ficamos sozinhos.

- Como foi seu dia, Clarissa?

- Foi maravilhoso amor! Na parte da manhã fui ao spa e fiz minhas massagens. Depois fui almoçar no Bistrô do seu amigo Fred. A tarde fui às compras, amor eu estou praticamente sem roupa!... - Não sei pra quê perguntei, ela passou uns dez minutos me contando como foi ficar o dia todo envolvida nas suas futilidades.

Improvável Destino DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now