Capítulo 20 - Once In a Lifetime

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Eu estava segura, sabia disso porque estava envolta em seus braços quentes. Ele falava sobre alguma coisa que tinha haver com aviões, mas eu não prestava atenção, estava pensando em como sua boca avermelhada se mexia enquanto ele falava e na entonação de sua voz rouca. Ele ri de alguma coisa e suas covinhas aparecem, grandes e profundas.

-Te amo. -Falo sorrindo.

Ele para de falar e sorri de modo engraçado.

-Também te amo branquela.

Faço uma careta com o apelido, mas não digo nada.

-Podemos cozinhar hoje? -Peço.

-Você é boa na cozinha, eu só sirvo pra fazer chá! -Ele parece exasperado e eu rio daquilo.

-Você pode cortar uns legumes, não é?

-Não sei, vou receber o quê com isso?

-Sua fome saciada. Existem milhares de pessoas que fariam bem mais que isso para comer. -Dou de ombros ao ver sua expressão.

-Mas eu não ganho nada mais que isso?! Sou seu namorado.

Pondero aquilo, ou finjo ponderar.

-Não sei, acho que só sua fome saciada está de bom tamanho, não acha? -Prossigo me levantando.

Ele continua sentado no sofá, com uma expressão incrédula.

-Anda logo, vem me ajudar. -Ergo minhas mãos para ajudá-lo a levantar e ele se rende.

[...]

Estávamos movendo alguns móveis para ganhar espaço. Havia conseguido fazê-lo dançar comigo, já fazia muito tempo desde que dançamos juntos pela última vez.

-Agora está bom, senhorita Swift? -Ele perguntou depois de empurrar a mesa de centro, formando uma espécie de quadrado em que nós estávamos dentro.

-Está ótimo! -Falo enquanto giro.

-Não me responsabilizo se eu acabar vomitando.

-Você não vai. -Pego sua mão e o puxo para mais próximo de mim. -A música!

Vou apressada até o aparelho de som e pego o cd que havíamos separado.

James Taylor tocava e cantava enquanto rodávamos pelo pequeno espaço da sala. Era como se fossemos dois aviões flutuando.

De novo a sensação que eu não conseguia descrever me atingiu, lentamente ela foi envolvendo meu corpo conforme Harry me girava pela sala. Ele cantarolava bem próximo ao meu ouvido, nossos movimentos foram diminuindo até ficarmos em passos simples.
Dois para lá, dois para cá.

Conseguia ouvir seu coração batendo em um ritmo alterado quando deixei minha cabeça cair sobre seu peito. Estávamos abraçados e mal nos movíamos, era muito bom estar ali com ele. Eu estava completa de uma maneira que nunca havia me sentido com mais ninguém, e aquilo era assustadoramente bom.
Só tinha uma certeza naquele momento: eu estava completamente e perdidamente apaixonada por aquele menino.

[...]

-Vou precisar sair. -Harry fala ao ver que estou acordada.

Sua voz estava diferente, sua feição era preocupada e assustada. Ele deve ter percebido que eu havia notado aquilo, porque suspirou e veio até mim, deixando um beijo leve na minha testa.

-Não se preocupa. Não sei se volto para almoçarmos.

"Eu não sei se você algum dia vai voltar", foi minha vontade de falar. Mas não falei, ele certamente estava preocupado com alguma coisa e se quisesse me falar, falaria. Mas não falou, só saiu e eu passei o dia todo sem vê-lo.

[...]

Estava em casa, tentando receber carinho de Meredith, mas em vão. Aquela gata não sabia ser carinhosa, aquilo era um fato que eu já devia ter aceitado.

Um sentimento ruim me preenchia, e eu sabia que era por causa de Harry. Estava insegura e com medo, eu teria feito algo de errado? Achei que estávamos bem e seguros, mas pelo visto não era isso que estava acontecendo.

Não sei para onde ele foi, o que me fazia ter ideias absurdas sobre seu paradeiro e sobre o que ele havia ido fazer. Eu precisava me distrair, antes que eu enlouquecesse e acabasse ligando para ele, e eu não queria fazer isso.

Então liguei para Karlie e para Selena, não tinha certeza se elas estavam na cidade, mas preferi arriscar. Combinamos que elas viriam aqui em casa e fui preparar algo para almoçarmos porque era o que elas gostavam de fazer quando vinham me ver: comer.

Separei um vinho, algum tira-gosto e deixei o frango com legumes no forno.

A campainha tocou e uma parte de mim queria que não fosse elas, mas sim ele. Nos cumprimentamos com abraços e elas paparicaram Meredith, que parecia amar mais elas do que eu.

-Ele anda estranho, desde o fim da viagem que fizemos para a casa da mãe dele... Meio bipolar ou sei lá.

Estávamos sentadas na sala, uma taça do vinho tinto na mão de cada uma. O sol intenso de L.A iluminava todo o cômodo.

-Você precisa falar com mais detalhes... -Karlie pede, balançando a taça em suas mãos.

-Ele parecia nostálgico na casa da mãe, mas estava feliz, parecia que estávamos em outro mundo, dentro de uma bolha de felicidade naquela cidade. Mas hoje quando acordei ele estava totalmente estranho.

-E o que mudou isso? -Selena indaga.

-É o que eu quero saber. Achei que estávamos seguros agora, mas aí eu acordo e ele está com um semblante preocupado, saindo de casa e pedindo para eu não me preocupar. Mas eu me preocupo, não sei nem se ele volta hoje... Odeio essa insegurança.

-Tay, vocês já passaram por isso, não é? Só tente segurar a onda, talvez fosse algo que envolvesse o trabalho dele. Algo urgente e de última hora. -Karlie aperta meu joelho, de forma acolhedora.

-Não havia pensado nessa hipótese.

-Você precisa pensar em tudo, há tantas possibilidades e você só fica na que te envolve. Calma, sei que o relacionamento de vocês é louco, mas não é tão complicado quanto parece. -Ela continua, seu olhar era doce e transmitia segurança. A segurança que eu precisava.

1989 (Haylor) - Temporada 1Where stories live. Discover now