Mão

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{1}

Jorge tinha seus 16 anos de idade e vivia numa cidadezinha do interior. Era de uma família pobre que lutava para conseguir pagar todos os bens mais básicos desse mundo.

Sua mãe, Paula, trabalhava duro para pagar o melhor ensino para seu filho e que, mesmo assim, não aprendia tudo como deveria. Vivia vendo coisas e relatando fatos desconhecidos que, para ele, eram de outro planeta ou até daqui mesmo, mas ninguém levava fé em suas anotações e rabiscos.

Tinha uma mente brilhante e rabiscava tudo o que via pela frente com o seu traçado firme e duro à ponto de rasgar uma folha de papel da mais grossa. Acontece que ele, quando rabiscava, não estava nem aí para as folhas, apenas queria colocar aquilo para fora, mostrando aos outros que conseguia ver o que chamava de sobrenatural.

Diziam para Paula que seu filho tinha problema mental e que precisava se tratar o mais rápido possível. Ela vinha enfrentando isso há anos, desde que seu filho registrou a primeira aparição de um possível espectro e o mesmo conseguira rabiscá-lo com alguns poucos detalhes, claro, ele apenas tinha 7 anos. Naquela época, nem sabia o que eram espectros, fantasmas, projeções e etc.

Não sabia diferenciar uma coisa da outra.

Porém, com o passar do tempo, soube muito bem o que era uma coisa e o que era a outra.


{2}

Voltando do colégio, com sua mochila pesada e dois livros grossos nas mãos, observou uma pessoa caminhando em linha reta, retíssima, não pendia nem para um lado, nem para o outro, apenas caminhava como se fosse um robô indo para algum lugar que parecia ser muito distante. Ele pôs-se a observar aquilo sem entender nada, mas durou pouco a sua dúvida, pois logo constatou que aquilo nada mais era do que uma projeção de alguém caminhando. Alguém já morto. Era um homem calvo, parecia ser alto de longe com mãos cadavéricas. Não se atreveu a chegar mais perto dele. Tinha medo, como todos os homens tinham hoje em dia. O que ele ainda não sabia, era que projeções não olhavam, não falavam, não interagiam com nada nem com ninguém. Então, não adiantava chamar a atenção daquela coisa. Ele não iria olhar. Mas mesmo assim ele tentou...

De tanto insistir, parado do outro lado da calçada atento ao homem, deu de ombros e virou-se para sua casa caminhando lentamente até a porta principal.

Sua mãe não estava, claro, como de costume. Ela trabalhava o dia inteiro, e seu pai havia falecido antes mesmo dele nascer. Nunca havia o conhecido. Nem por foto.

Sentou-se no chão, abriu seu caderno de anotações - que na verdade era para rabiscos - e rabiscou o "fantasma" que havia visto.

- Será? - murmurou.


{3}

Mais tarde, depois de tanto estudar, Jorge dormira sentado na cadeira de sua mesa com os braços envolvendo a cabeça e testa, à ponto de ninguém conseguir ver seu rosto ou olhos, apenas cabelos loiros. Estudava muito para um garoto tão jovem. Acordou com um sobressalto ao ouvir os gritos dos seus amigos lá fora... soltavam pipa, pelo o que pareceu.

- Gostaria de dormir - desabafou baixinho - eles não param de gritar.

E então, arregalou os olhos.

Diante dele uma mão.

Ele olhou para cima e não havia nada.

Voltou seus olhos e cabeça para baixo.

Uma mão impressa na mesa. Era pálida, cheia de veias verdinhas, bem verdinhas que pulsavam com o sangue lá dentro. Era enorme e seus dedos eram esticados até demais.

Ela olhava para ele como quem olha para um assassino, parecia temer de Jorge.

Não parou nenhum segundo de olhar para a mesa e para cima. Fez estes movimentos repetidas vezes. Até começou a contar desde a primeira vez que o fez, porém, parou. Achava que ficaria maluco.

- Estou vendo coisas!

Espreguiçou-se um pouco e se colocou ereto para estudar mais para a prova que iria ter no dia seguinte de Matemática. O ódio dele pela matéria o fez dormir. Não conseguia se concentrar em quase nada. Apenas pensava nos fantasmas e projeções que via, e no momento em que abriu os olhos lentamente depois da espreguiçada, a mão - que estava como uma possível projeção - surgiu diante dele, saindo da mesa e voando em sua direção, atingindo-o e engolindo seu rosto por inteiro.

Antes, Jorge ouvia os gritos alegres de seus amigos soltando pipa, porém agora, se ouvia gritar como um louco pedindo socorro, tentando se livrar daquela maldita mão. Seus gritos soavam abafados pela enorme mão cadavérica que tapava sua boca e todo o seu rosto com os dedos presos à sua cabeça.

Quanto mais gritava, mais ficava sem fôlego, pois ela não deixava nenhum ar entrar ou sair.

Parecia em vão todo aquele esforço. Percebeu que ninguém iria escutar.

Lembrou-se do homem... das mãos dele...

E nisso, soube com toda a certeza desse mundo, que havia perdido a batalha.


{Conto por: Hari Maia}


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⏰ Última actualización: Dec 28, 2015 ⏰

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