Capítulo Um

29.2K 1.2K 64
                                    

Abro os olhos e encaro o teto branco por alguns minutos. Por que se os minutos virarem horas, eu estarei ferrada e sem um emprego. E hoje vou conhecer a garota que vou dividir o apartamento comigo, uma tal de Nina. Eu gostaria de ficar aqui sozinha, mais é que eu trabalho para pagar a minha faculdade de Psicologia e trabalho de garçonete em um restaurante pequeno porém bastante aconchegante.

Tive que alugar o quarto da minha amiga, pois ela desistiu da faculdade de medicina e se mandou pra fora do Brasil com o namorado dela. É, tem gente que no lugar do cérebro tem titica de galinha. Agora imagine ela contando isso para os seus pais que são médicos! Espero que ela tenha feito a coisa certa. Porque caso contrário, ela que arque com as consequências. Esse lance de olhar para algo branco e pensar na vida não é legal, porque você acaba perdendo a hora! Olho para o relógio e pulo da cama. São oito horas da manhã.

- Merda! - xingo e me levanto rapidamente e corro para vasculhar o guarda - roupa para procurar alguma coisa que sirva. Puxo uma calça jeans quarenta e quatro e uma camiseta quase GG preta e lisa. Calço o meu All Star preto e tento amansar o meu cabelo preto e grosso. Pego a minha mochila exageradamente pesada e pego as chaves do apartamento e do meu velho carro cinza e desço.

Meia hora depois estaciono o meu carro ao lado do Henrique, sem atropelar ninguém. Ele é o cara mais gato da faculdade, apenas isso. Eu sou a única que ele não tem interesse. Afinal, quem vai olhar para uma Baleia Orca que nem eu? Vocês estão certos. Ninguém!

Chego na porta e tenho a atenção de todos. Dupla merda! O professor Jorge me olha por cima dos óculos de grau e olha para o seu relógio de pulso com a velha cara amarrada!

- A aula começou as oito, senhorita Raabe. Sente -se! -- ele diz calmamente, eu sinto alívio quando me sento. Olho para o lado e lá está o Luís me olhando. Qual é a dele? Eu acho ele bonito, tem um físico bonito mas ele é super esquisito!

Já me convidou para sair algumas vezes, mas eu sempre recuso. Não estou aqui para ter desilusão amorosa e arruinar a minha carreira por causa de uma depressão. Eu já passei por isso no colégio e aqui vai ser diferente. Não estou disposta a cometer o mesmo erro de um passado não tão distante assim. Foi duro para mim e ele nunca vai me entender.

Me perco em meus devaneios, que quando olho para o relógio já são meio - dia e eu ainda aqui? Eu dei para andar no mundo da lua! Sinto uma mão grande em meu braço. Luís! Parece um fantasma!

- Vai ficar aí, Júlia? -- pergunta timidamente para mm.

- Ham... Não! Estou atrasada para o meu emprego. Tchau, Luís. -- digo e toco em seu braço.

- Você quer sair comigo hoje à noite, Júlia? Se quiser posso te buscar. -- ele diz enquanto me olha colocar os livros na mochila.

- Obrigada pelo convite mas não vai dar. Hoje vou receber uma garota que vai dividir o apartamento comigo. Eu tenho que ir ou perco o emprego. Até amanhã Luís. -- digo já saindo da sala. E ainda escuto ele falar baixinho para si.

- Um dia você vai aceitar, Júlia... -- diz e olho para trás e vejo ele sair da sala. Olho para ele que acena com a mão e sorrir para mim.

No caminho para o restaurante a Nina me ligou avisando que ia passar na casa de um amigo e à noite ela ia aparece no endereço que lhe passei. Já fiz uma cópia para não ter confusões. Eu estudo pela manhã e trabalho à tarde e só largo à noite, então eu preciso ser organizada ou tudo vai desandar de vez. O local está lotado, pelo visto vou ficar até tarde! Merda!

Abro o meu armário para guardar minhas coisas e vestir meu uniforme. Pego meu bloquinho e minha caneta e sigo para o balcão onde encontro meu chefe Raul.

- Boa tarde, Raul. -- digo e ele olha mim e sorri simpático.

- Boa tarde, Jú. Vamos trabalhar? - esfrega as mãos sorrindo.

- Estou aqui para isso. -- digo e me encaminho para as mesas.

Enquanto ando pelo salão, Alice A Patty da faculdade acena para mim. Vou até ela com tédio mortal. Argh! Esqueci de dizer que ela é a mais nova peguete do Henrique.

- O que vão querer? -- pergunto entediada. Hoje eu não estou afim de viver e encarar essa é foda!

- O de sempre. Você está passando mal, fofa? -- pergunta com um sorriso falso, eu bufei!

- Não. Mais alguma coisa? -- pergunto louca para sair de perto dela. O nosso santo não bate!

- Só isso mesmo. Qualquer coisa eu te chamo. -- diz com ar de deboche. Não digo nada e sigo para outra mesa. Ela vai me chamar para eu mata - la? Ser insignificante!

Você e nada maisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora