Capítulo 12 - Festa Julina às Avessas (Parte I)

ابدأ من البداية
                                    

— Miguel! Já para o banho e se continuar desrespeitando seu irmão assim vai ficar sem futebol.

O irmão mais novo de Ian não rebateu e se apressou para a área ao lado da pequena cozinha. Lá deixou a bola e as chuteiras dentro do tanque e tirou a camisa, arremessando-a em um cesto de roupa suja que ficava ao lado.

— Seu irmão não aprende. Vou ter que tomar medidas mais drásticas.

— Tudo bem, mãe. Daqui a pouco ele melhora.

Miguel passou por eles como um raio, entrando no banheiro e fechando a porta.

— Ai, esse garoto! Entrou e esqueceu que não tem toalha para ele. Vou lá pegar outra limpa antes que ele acabe o banho.

Joana levantou e saiu da sala, enquanto Ian ainda pensava nos últimos acontecimentos. Com tudo aquilo, esquecera que mais tarde aconteceria a festa julina da escola. Estavam no meio das férias de julho. Era sábado, o dia estava ensolarado e fresco. Não era comum um inverno que misturasse sol com frescor no Rio de Janeiro.

Ian levantou e pegou o telefone celular em cima da mesinha de centro. Queria digitar uma mensagem para Higino chamando o amigo para sair, mas estavam sem se falar desde a briga na Casa da Costa. Ian ainda não acreditava que o melhor amigo tinha avançado nele com o intuito de usar sua magia. E ainda machucou Rafaelo.

Também pensava nos três reis. Nas imagens de Erin e Sorenta e o quão assustadora era a imagem de Zero. Acabou digitando uma mensagem para Mabel convidando-a. Em poucos minutos recebeu uma resposta dizendo que ela passaria mais tarde na casa dele para irem juntos. Nem notou Joana dar duas batidinhas na porta para avisar Miguel da toalha, antes de deixá-la pendurada na maçaneta e sair.

Ian colocou o celular de volta em cima da mesinha e aguardou longos minutos até que o irmão terminasse o banho. Quando o mais novo saiu do banheiro, Ian olhou com firmeza para ele. Sentia seu coração batendo na garganta:

— Miguel...

— O que foi?

— Você notou alguma coisa estranha ou diferente com você de alguns dias para cá ou... sei lá, desde que nasceu?

O irmão franziu a testa e parou de secar o cabelo.

— O quê? Como assim?

— Você nunca notou nada de anormal em você?

— Está doido? A única coisa anormal na minha vida é ter você como irmão.

Ian ficou quieto por um instante, pensativo. Apesar do insulto a resposta do irmão era algo positivo, já que nada relacionado com magia tinha acontecido com ele até aquele momento e Ian torceu para que Miguel estivesse falando a verdade. O irmão mais novo saiu na direção da escada que levava ao andar de baixo e antes que pudesse descer, parou e virou.

— Que conversa é essa, Ian? – perguntou, desconfiado.

— Não é nada. Só me prometa que... - ele fez uma pausa e respirou fundo. - só me prometa que se algo estranho acontecer, você vai me contar.

— Você é mais esquisito do que eu pensava - e desceu a escada, resmungando algo que Ian não conseguiu ouvir.





Mabel estava em seu quarto, com a porta fechada e o armário aberto. A cama cheia de almofadas estampadas estava com quatro blusas de botão quadriculadas, três delas de cor única e outra colorida. Ela analisou todas com calma, muito indecisa sobre qual escolher para usar na festa julina que seria naquela noite.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن