Capítulo I

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1943


Os olhos saltados da mulher mostravam o quanto ela estava nervosa. Seus dedos apertavam com força o tecido vermelho da cortina, enquanto uma fresta era aberta para poder sondar pela mesma.

Eram tempos difíceis na Alemanha, cada dia que se passava, a União Soviética avançava, deixava a população assustada e sem esperanças.

Um soluço escapou pelos lábios da mulher quando três homens fardados entraram no complexo em que ela e sua família viviam.

No presente momento só estavam ela e seus cinco filhos, pois, o marido havia sido convocado para servir ás tropas, já que a cada confronto inúmeras vidas jovens eram perdidas.

Em passos rápidos, a mulher trancou a porta e se aninhou aos filhos em um dos quartos.

Mama o que está acontecendo? — Lottie, a segunda filha do casal indagou agarrando-se aos braços da mãe.

— Vai ficar tudo bem querida, vamos apenas ficar quietinhos, ok? — ela disse sorrindo e a menina se acalmou internamente.

A mulher suspirou segurando o choro que se acumulava em sua garganta, o medo estava a consumindo, mas não podia demonstrar aos filhos.

Passos firmes foram audíveis e em seguida fortes socos atingiram a porta de madeira. A família se manteve em total silêncio, mas por pouco tempo, já que a porta veio a baixo e os três homens invadiram a casa.

— Aqui estão eles. — um dos homens disse ao ver a família encolhida sobre o chão gélido.

Todos possuíam as mesmas características: altos, e com pele, cabelos e olhos claros, mas a maior semelhança de todas era o quanto carregavam a maldade nos olhos.

Os três se aproximaram e avaliaram um por um, até avistarem o único varão. Um deles agarrou o rapaz pelo braço, no mesmo instante ele começou a se debater para se livrar das mãos do homem, mas era cinco vezes mais fraco.

— Pegue a injeção. — um deles ordenou ao outro, o homem abriu a maleta prateada e retirou uma seringa com uma agulha fina, que reluziu ao ter contato com a luz.

— Solte meu filho, deixe-o em paz! — a mulher gritou exasperada. No mesmo instante ela recebeu um tapa no rosto do homem que parecia ser o líder dali.

— Cale a boca sua hündin. — o homem riu com sarcasmo — Estamos fazendo o melhor para o seu filho e você quer contestar? Logo ele fará parte da raça superior que nosso excelentíssimo e ilustre Hitler está criando. — ele finalizou com um tom nacionalista.

— Vocês irão morrer junto com Hitler. — a mulher disse rangendo os dentes.

O homem por sua vez sorriu cínico e fez um sinal com o indicador para o outro que segurava a seringa com um líquido transparente em mãos.

— Pode aplicar. — ele disse sério e se virou saindo da casa.

A agulha penetrou o braço esquerdo de Louis e em questão de segundos ele sentiu sua visão borrar.

Mama! — ele gritou fraco.

Sua cabeça começou a girar e uma leveza tomou seu corpo.

— Vai dar tudo certo Lou, eu te amo. — ele ouviu a mãe dizer bem distante.

Seu corpo ficou leve e ele desmaiou.


***


Os passos rápidos se aproximavam do grande salão de experimentos. Ernest, o supervisor do projeto era acompanhado por mais dois soldados.

— Que honra te ter aqui General Ernest. — um dos principais cientistas, Lurnan, disse ao homem.

— Eu quis ver de perto esses experimentos. — Ernest respondeu e seguiu Lurnan que mostrava os corpos desacordados que fariam parte da criogenização.

Os orbes azuis se mexiam lentamente enquanto se acostumava com a luz forte sobre si. Sua audição foi aguçada quando duas vozes estavam ao lado de sua maca.

— Este é Louis W. Tomlinson foi trazido hoje para cá, sua mãe é inglesa e seu pai alemão, com certeza será uma raça fortíssima e pura. — Lurnan disse.

— Interessante, muito interessante... — Ernest disse observando o rapaz de olhos azuis despertar — Vejo que você está acordado, congele-o! — ele disse á Lurnan.

— Mas os experimentos só irão acontecer daqui á duas horas. — Lurnan tentou contrariar.

— Não quero saber! — Ernest disse sério — Congele-o agora, eu estou mandando!

Lurnan assentiu e deu sinal para os outros cientistas começarem os preparativos.

Louis foi retirado da maca e colocado em uma estrutura de ferro, seu corpo ficou na vertical e seus pulsos, tornozelos e pescoço foram atados com um fino pedaço de alumínio, o qual foram pregados nas extremidades.

Um homem revestido com roupa especial se aproximou de Louis com uma seringa e a injetou na veia do braço esquerdo do rapaz. O líquido verde foi transferido para o corpo do menor, em alguns segundos as pupilas dilataram e os músculos enrijeceram.

— Aplicamos um biótico que fará com que todos os órgãos de Louis parem. — Lurnan dizia enquanto ajeitava os óculos sobre o nariz — Depois, suas células se manterão vivas, e seu corpo será conservado.

Ernest ouvia tudo como se fosse música para seus ouvidos. O homem se aproximou lentamente do vidro que agora envolvia a cápsula.

— Qual é o seu último pedido garoto? — ele perguntou com maldade no sorriso.

Os tubos que eram ligados à base da cápsula começaram a liberar gás nitrogênio e seu corpo começou a endurecer.

O menor juntou forças para responder a pergunta de Ernest.

— Vão para o inferno e queimem junto com Hitler! — ele cuspiu as palavras com todo ódio.

O som da risada cínica de Ernest preencheu seus ouvidos e seus olhos pesaram.

E então a escuridão o tomou.


[N/A]: Olá pessoas lindas, o que acharam da história, curtiram ou não?

Mama: é a mesma coisa que "mãe", mas no caso da história, eu acho que combina mais.

Hündin: vadia/cadela.

Enfim, é apenas isso, mereço votos/comentários?

Criogenia ❥ {hes + lwt}Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum