Capítulo Cinco

2.3K 278 61
                                    




As verdades mais difíceis são aquelas que são mais simples de pronunciar.

Alex Mess


Eu me sentia um lixo, o ensaio de ontem foi mórbido, o Orfeu mal falou comigo só passamos duas músicas, ele no início só me ouviu, depois passou uns treinamentos vocais, mas ele percebeu que não dava para continuar e eu estava me sentindo cada vez pior, então quando deu 17h00min ele disse que teria que fazer algo para o pai e amanhã continuávamos o ensaio. Eu sabia que ele estava mentindo, mas não podia julgá-lo, por que fui eu que estraguei tudo. Eu não sabia o que acontecia comigo, mas cada vez que ele se aproximava de mim uma muralha se erguia para me proteger e o afasta. O meu medo impede que ele prossiga para perto de mim.

Suspirei.

Estava cansado de tudo aquilo e mais uma vez meu pedido pelo "Fim" me vinha à mente. Hoje na aula ele estava totalmente recluso nos seus pensamentos, não veio falar comigo em nenhum momento e nem me falou se teríamos ensaio. Isso me machucava, pois não queria vê-lo daquele jeito, me sentia péssimo por fazê-lo me odiar, mas não consigo descrever suas atitudes, aquela sua expressão de dor, aquele toque, a decepção na voz são totalmente estranhas para mim, parece que ele sofre pela minha distancia, o que é totalmente incoerente, sou eu que sou apaixonado por ele, sou eu que estou destruído pelas minhas atitudes, mas... desde ontem uma ideia vem martelando minha cabeça, mas não pode ser verdade. Enterrei meu rosto nas mãos, rendido pelo cansaço mental. — Eu quero o fim daquele sentimento, mas quero um Fim sem que ele se machuque por minha estupidez. —, Já que eu não o veria mais, eu tinha como dever fazer seu último dia ser o melhor na escola se para isso tivesse que cantar com ele eu cantaria. Olhei para o relógio e vi que faltava meia hora para as quatro, me arrumei e fui em direção de sua casa pelo menos chegar cedo seria meu primeiro passo para meu pedido de desculpas.

Cheguei faltando dez minutos para as quatro horas, toquei a companhia, o próprio Orfeu atendeu a porta. Sentir um frio no estômago ao vê-lo; Ele estava bonito, usava uma bermuda folgada e uma camiseta branca, junto com seu colar de guitarra. Ele não era musculoso mais seu corpo era ideal. Ele olhou para mim, levantando a sobrancelha como se não acreditasse que eu viesse.

- Você. – Ele disse sem nenhum entusiasmo.

- Eu. – Falei de cabeça baixa. - Bom... – Olha Desculpa... Por...Ter estragado o ensaio e por ser.... Eu não sei idiota? Bem, eu não sei que falar mais. Você tem todo o direito de guardar aquela foto e o trabalho eu não devia ter ficado tão estranho em relação isso, apesar de eu achar que eu não estava na melhor fase da minha vida naquela foto, não que eu seja vaidoso ou algo parecido, só que normalmente não me gosto de ver em foto, e não queria soar, novamente, me permito usar essa palavra, estranho, e bem acredito que estranho não seria apalavra que descreveria o que houve ontem, mas meu vocabulário por mais que extenso, não me vêem uma palavra a mente, então poderíamos... – Mas parei de falar, pois ouvir um guincho de risada como se a mesma estivesse se segurando, olhei para ele e vi ele se contendo para não rir.

- Qual é a graça? - Disparei.

- Nada. - Ele gargalhou. - Mas você ficar hilário tentando explicar algo, você soltar mil frases em segundos.

Fiquei vermelho, não acredito que ele ficaria rindo de mim.

- Olha se você vai ficar rindo de mim eu vou embora. - Disparei com raiva, ele segurou meu braço.

Novamente aquele toque.

- Desculpa tudo bem, parei. - Ele intercedeu. – Entra.

Ele me deu espaço para passar. Olhei para ele, sua expressão estava indecifrável, suas mãos estavam nos bolsos da sua bermuda, ele encostou-se à porta e olhou depois para o teto, sua camisa se elevou um pouco mostrando um pedaço de sua pele, entre o umbigo e o cós de sua bermuda, vi uma trilha de pelos aparados que vinha de seu umbigo e descia até desaparecer dentro de sua cueca, ao ver essa cena, meu rosto enrubesceu, baixei a cabeça tentando esconder minha vergonha.—, Droga eu queria me desculpa, mas também não queria ter que contar sobre mim, e agora tudo que pensava sumiu, fechei as mãos e tentei manter a calma. Não posso estragar tudo, repeti isso nos meus pensamentos como um mantra. Respiro fundo.

Ao Fim de um Começo (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora