Capítulo 10 - A Planta no Meio do Vale (I)

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— Vou te tirar daqui – disse o amigo.

— Minha cabeça está doendo demais – respondeu Ian, entre gemidos, levando as mãos ao rosto de novo.

Higino agarrou a corrente que estava caída no chão e puxou com força, mas a criatura era mais forte do que ele imaginava. Ela deu uma leve inclinada com o puxão, mas se restabeleceu imediatamente.

Ela continuava avançando sem pressa.

Outra corrente soltou e foi na direção de Higino. Em um movimento de defesa ele se jogou para o lado, mas o objeto enroscou em seu punho esquerdo. Ele soltou a corrente que tinha tentado puxar e voltou a atenção para a que estava agarrada nele mesmo. Marcus observava sem tirar a expressão de prazer do rosto.

— Vamos, minha querida criatura, mate a garota e se divirta com os outros!

O grito ecoou mais uma vez pelo vale. Norah correu para junto de Higino e tentou ajudá-lo a se livrar da corrente. Rafaelo correu e se colocou à frente dos outros quatro. Pegou um pedaço de madeira que estava no chão e lançou na criatura. O toco bateu no corpo fazendo um estalo metálico e não causou dano algum. Marcus olhou com desdém.

— Quem você pensa que é? – perguntou, rindo. – se nem os descendentes podem fazer alguma coisa, um simples humano como você vai conseguir?

— Eu não sei do que você está falando, mas sim, vou sair daqui! – gritou Rafaelo.

Quando Norah conseguiu soltar a corrente do braço de Higino, os dois levantaram, ajudando Ian e Mabel a levantarem também. As outras quatro correntes soltaram, avançando em direção aos cinco. Desorientados, todos correram. Higino e Norah foram para o lado do rio e Ian, Mabel e Rafaelo para o lado oposto.

As correntes fizeram curvas, uma delas alcançando o tornozelo de Rafaelo, que caiu com estrondo no chão. Ian e Mabel também foram facilmente atingidos, ambos sendo acertados nas costas e caíram no chão se contorcendo de dor. Do outro lado, Higino e Norah também foram acertados.

A corrente envolveu a cintura do garoto, que com o tranco caiu na água fria do rio. Norah teve o corpo envolvido mais do que todos: estava presa do joelho até o pescoço. Ela caiu no chão aos berros, tentando se soltar.

— Como isso é divertido – disse Marcus. – sabia que vocês estavam destreinados, mas isso é ridículo. Um bando de filhotes assustados.

Com exceção das correntes que prendiam Higino, Norah e Rafaelo, as outras três voltaram a se conectar com os aros do corpo de metal. A criatura parou no meio do vale. Estava mais perto do trio do que dos gêmeos. Marcus caminhou devagar até a margem do estreito rio e Higino ainda estava tentando se soltar das correntes. A altura máxima do rio batia em sua cintura.

— Por que você está fazendo isso? Deixa a gente em paz! – gritou.

Marcus deu um sorriso de canto de boca. Se esforçava para manter a cabeça firme. Sua visão começava a ficar turva e com isso sua raiva foi crescendo.

— Faço porque preciso fazer. Ele quer assim. Só não esperava ter sido pego de surpresa com a mordida daquela semente maldita e como vocês podem ver, não estou nada bem. Malditos sejam todos vocês!

Ele? De quem você está falando?

Marcus não respondeu. Do outro lado, Ian e Mabel tentavam ficar de pé enquanto Rafaelo tentava soltar o tornozelo. Ainda tonto pelo golpe, Ian gritou:

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora