— Vou te tirar daqui – disse o amigo.
— Minha cabeça está doendo demais – respondeu Ian, entre gemidos, levando as mãos ao rosto de novo.
Higino agarrou a corrente que estava caída no chão e puxou com força, mas a criatura era mais forte do que ele imaginava. Ela deu uma leve inclinada com o puxão, mas se restabeleceu imediatamente.
Ela continuava avançando sem pressa.
Outra corrente soltou e foi na direção de Higino. Em um movimento de defesa ele se jogou para o lado, mas o objeto enroscou em seu punho esquerdo. Ele soltou a corrente que tinha tentado puxar e voltou a atenção para a que estava agarrada nele mesmo. Marcus observava sem tirar a expressão de prazer do rosto.
— Vamos, minha querida criatura, mate a garota e se divirta com os outros!
O grito ecoou mais uma vez pelo vale. Norah correu para junto de Higino e tentou ajudá-lo a se livrar da corrente. Rafaelo correu e se colocou à frente dos outros quatro. Pegou um pedaço de madeira que estava no chão e lançou na criatura. O toco bateu no corpo fazendo um estalo metálico e não causou dano algum. Marcus olhou com desdém.
— Quem você pensa que é? – perguntou, rindo. – se nem os descendentes podem fazer alguma coisa, um simples humano como você vai conseguir?
— Eu não sei do que você está falando, mas sim, vou sair daqui! – gritou Rafaelo.
Quando Norah conseguiu soltar a corrente do braço de Higino, os dois levantaram, ajudando Ian e Mabel a levantarem também. As outras quatro correntes soltaram, avançando em direção aos cinco. Desorientados, todos correram. Higino e Norah foram para o lado do rio e Ian, Mabel e Rafaelo para o lado oposto.
As correntes fizeram curvas, uma delas alcançando o tornozelo de Rafaelo, que caiu com estrondo no chão. Ian e Mabel também foram facilmente atingidos, ambos sendo acertados nas costas e caíram no chão se contorcendo de dor. Do outro lado, Higino e Norah também foram acertados.
A corrente envolveu a cintura do garoto, que com o tranco caiu na água fria do rio. Norah teve o corpo envolvido mais do que todos: estava presa do joelho até o pescoço. Ela caiu no chão aos berros, tentando se soltar.
— Como isso é divertido – disse Marcus. – sabia que vocês estavam destreinados, mas isso é ridículo. Um bando de filhotes assustados.
Com exceção das correntes que prendiam Higino, Norah e Rafaelo, as outras três voltaram a se conectar com os aros do corpo de metal. A criatura parou no meio do vale. Estava mais perto do trio do que dos gêmeos. Marcus caminhou devagar até a margem do estreito rio e Higino ainda estava tentando se soltar das correntes. A altura máxima do rio batia em sua cintura.
— Por que você está fazendo isso? Deixa a gente em paz! – gritou.
Marcus deu um sorriso de canto de boca. Se esforçava para manter a cabeça firme. Sua visão começava a ficar turva e com isso sua raiva foi crescendo.
— Faço porque preciso fazer. Ele quer assim. Só não esperava ter sido pego de surpresa com a mordida daquela semente maldita e como vocês podem ver, não estou nada bem. Malditos sejam todos vocês!
— Ele? De quem você está falando?
Marcus não respondeu. Do outro lado, Ian e Mabel tentavam ficar de pé enquanto Rafaelo tentava soltar o tornozelo. Ainda tonto pelo golpe, Ian gritou:
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Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)
FantasyA Ferida da Terra precisa ser contida. O tempo corre. A situação piora. Mas o que ela é, Ian não sabe. Ele não sabia nem mesmo da existência de um novo continente, vizinho ao Brasil, assustadoramente mascarado por uma magia que não poderia ser denom...
Capítulo 10 - A Planta no Meio do Vale (I)
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