Eu contei tudo, desde o momento vergonhoso me carregando, até como eu o expulsei de casa. 

─ Ele...
─ Não. - falei enterrompendo-a. ─ Não quero ouvir nem falar mais nada dele.
─ Tá bom. - ela falou me puxando da cama e começou a dançar, me fazendo rir. Eu sabia que ela estava fazendo isso para eu esquecer de Ian, só que ela não conseguia, mas estava realmente engraçado. ─ Hoje é a noite das garotas, ãha, ãha. - ela cantou num ritmo estranho e horrível, gargalhei.

Vic foi tomar um banho e eu fui com minha mãe.

─ Oi minha xuxuzinha. - ela falou quando me viu e eu fiz uma careta.
─ O papai já chegou? - perguntei.
─ Já sim. Vá fazer a janta para a mamãe, xuxuzinha. - disse num tom meloso, sem olhar para mim e lendo a bíblia, eu apenas ri. 

Fui para a cozinha e fiz a comida preferida do meu pai.

Eu arrumei a mesa, enquanto ele vinha descendo as escadas.

─ Oi papai.
─ Oi minha Filirmina. - ele falou, sorrindo. Ele tinha um dom para me chamar de nomes estranhos, alguns eram engraçados, outros estranhos e terrivelmente sem graça, como esse.
─ Fiz sua comida preferida. - falei ignorando como ele havia me chamado.
─ Hummm... - ele falou e sentou-se a mesa, mamãe fez o mesmo e eu também. Faltava apenas Vic, mas ela já vinha descendo as escadas fazendo caras e bocas, meu pai olhou pra escada e ela virou uma pimenta.

Eu mordi o lábio para conter uma gargalhada. Mamãe fez o mesmo, mas não aguentamos e começamos a rir alto. Papai estava tão vermelho quanto Vic, só que uma parte era vergonha e outra de raiva, já que ele não gostava disso quando estávamos a mesa.

Nos controlamos e ele orou, mas vez ou outra eu soltava uma risada. 

Subi para me trocar. Coloquei uma roupa simples e um calçado confortável, e como sempre deixei meus cabelos soltos. Quando desci já estavam todos me esperando.

Como chegamos cedo não havia ninguém ainda na igreja. Papai me entregou as chaves para abrir e foi estacionar o carro e mamãe foi para o banheiro. Quando eu ia abrir a porta vi uma sombra dentro da igreja.

Eles podiam me fazer uma surpresa, e eu uma a eles. Mandei Vic abrir a porta e me escondi o suficiente para ver tudo.

Ela abriu a porta e mostrou vários rostos conhecidos.

─ Surpre... - gritaram mas logo se calaram embasbacados quando viram uma menina baixinha de cabelos curtos loiros, e não uma morena alta de cabelos longos e negros. 

Eu fui até eles gargalhando, mas eles foram até mim e me abraçaram de uma vez só, me sufocando.

─ Minha líder preferida. - falou Andrew me puxando para os seus braços.
─ Ei! - protestou Maureen.

Eu era líder deles antes de ir para Seattle, e quando fui Mau ficou no meu lugar. 

Matei a saudade de todos e obrigaram a cantar na banda, já que eu era também a vocalista.

Eu havia renunciado tanta coisa por causa da minha faculdade.

Meu pai deu início ao culto e logo deu oportunidade a banda. Cantei a nossa música "clássica" Thrive (Florescer).

Ela fala do que queremos de Deus e o quão alegre nós somos. Thrive fazia parte da gente. E mesmo antes de começar a cantar, nós já estávamos chorando.

Here in the worn and weary land
Where many dreams have died
Like a tree planted by the water
We never will run dry
So living water flowing through
Fill our hearts and flood our souls
With one desire

No Tempo de DeusWhere stories live. Discover now