Capítulo 13 - Qual a sua cor?

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Sophia e eu nos despedimos também e caminhamos lado a lado pelo corredor até o elevador.

-- O dia foi agradável, gostei de vê-los bem.

-- É. Eles estão um pouco revoltados ainda, mas se recuperando.

-- Aconselhei Dagoberto levar Erick a um psicólogo. Isto que ocorreu com eles, não é uma coisa fácil de superar e deixa marcas.

-- Fez bem, Sophia, mas acredito que os dois devessem fazer. Não deve ser fácil para o Dago também.

Entramos no elevador. Nesse momento fiquei desconfortável. Sophia tinha parado de falar e olhava para baixo.

-- Eu não queria que você ficasse com raiva de mim.

Olhei para ela sem saber o que pensar, sem saber o que dizer. Ela não queria que eu tivesse raiva dela, mas continuava me provocando todas as vezes que tinha oportunidade.

-- Eu não sei, Sophia... Estou mais magoada que com raiva, se você quer saber.

Ela me olhou com certo ar de tristeza. Ficou calada durante algum tempo enquanto eu olhava para ela esperando que desse alguma desculpa ou mesmo respondesse algo arrogante para me dispensar, porém ela não o fez. Continuou me olhando perdida em meu próprio olhar.

O elevador chegou e ela deixou espaço para que eu saísse na frente. Senti o peso de seus olhos sobre mim e me virei para saber porque ela ainda me observava. Elevei minhas sobrancelhas como um questionamento e ela abriu um sorriso lindo, diga-se de passagem.

-- Você tem uma forma de caminhar interessante.

Não acreditei que, depois de tudo, ela ainda estava me cantando! Só não fiquei mais indignada porque meu ego inflou como um balão. Mulher é bicho esquisito, como fala a música da Rita Lee! Não pronunciei nenhuma palavra e fui caminhando para fora do edifício toda poderosa, deixando que me olhasse. Não sabia como me portar para provocar uma mulher, então, apenas fiz como sempre fiz, ou seja, deixei que me olhasse bem, pois eu estava me exibindo mesmo!

Fiz sinal para que um táxi parasse. Ela caminhou até onde estava e assim que o táxi parou, abri a porta e fui entrando. Ela entrou logo depois de mim e se acomodou confortavelmente ao meu lado... tão perto... Eu fiquei quente na mesma hora. Jesus! Que é que é isso? Foi só ela encostar que acendi inteira. Sua perna, com o sacolejo do carro, roçava levemente na minha. Eu estava de vestido e a barra começou a subir. Ela olhou para as minhas pernas de soslaio e comecei a me ajeitar, logo em seguida. Eu podia estar doida para provocá-la, eu podia estar com tesão dos infernos, mas não daria mole. Ela que dispensou, ela que corresse atrás.

Ela olhou para fora da janela e suspirou com o olhar vago. Eu me mantinha na minha posição, quase estática até que ela me perguntou se poderia pegar as suas coisas hoje na minha casa. Ai, ai, ai! Não "ia prestar".

-- Pode, se quiser, mas você falou que não precisava delas.

Acho que nunca me descrevi para vocês corretamente, não é? Pois bem, vou me descrever para que possam entender o que acontecerá daqui por diante. Tenho os cabelos castanhos até a altura da minha escápula num corte em "V". Não são completamente lisos, mantêm um ondulado do meio para baixo fazendo-me cortá-lo em camadas para realçar. Minha pele é ligeiramente amorenada do sol, mais pelo dia a dia do que por ir à praia. Não posso falar ao certo do meu corpo, pois estou sempre achando que estou acima do peso, todo mundo fala que não, que estou gostosa, mas isso para mim é o mesmo que dizer "você está gordinha". Sou alta, como já havia falado anteriormente. Gosto de dizer que tenho 1,80m, mas na realidade tenho é 1,78 de altura, porém o que chama atenção em mim, realmente, são meus olhos. Sempre agradeci meus pais por essa benção, pois nunca conheci ninguém com olhos da cor do meu, embora sempre tivesse alguém que falasse que conhecia, eu mesma nunca vi. Meus olhos são de cor cinza. As pessoas, normalmente, tem olhos azuis que por vezes ficam cinza, mas eu, eu tenho os olhos cinzas mesmo! Por vezes, raras vezes, dependendo da iluminação, ficam azuis.

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