9 - Ligadas pelo Amor

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Marcelo

Um mês sem ver a Bia é o bastante para me deixar agoniado. Sei que nos falamos todos os dias por mensagens ou ligações, mas preciso abraçá-la, sentir seu cheiro.

Durante essas semanas longe, fiquei remoendo o que a Alícia falou sobre nós, sobre o beijo que ela tanto queria ver... Tem horas que acho que preciso abrir o jogo, outras, acho que não é o momento. Ela está focada demais na novela, nos resultados incríveis da campanha que acabou de fazer. Não sei como driblar isso e ter a atenção dela em mim, no que eu estou sentindo.

Ontem ela me ligou animadíssima, contando que finalizou a compra da casa e já contratou profissionais para a reforma. Gosto de vê-la assim, animada.

― Quando vem ver, hein? ― perguntou.

― Não sei... Vou ver se consigo na próxima semana.

― Ah, por favor! Deixa para me abandonar quando você se casar. Preciso te ver!

Ela encasquetou com essa ideia de que estou prestes a ter um relacionamento sério. Quem me dera!

― O Bernardo está indo para aí esse fim de semana. - Aviso - Acho que vai para ficar...

Ela se anima logo. O fato é que o Bernardo passou na seleção do emprego e precisa se mudar para o Rio urgente. A Bia não vai mais ficar só.

Ouço barulho do portão rangendo e olho pela janela. É a tia Marta. Desligo o celular e vou recepcioná-la.

― Oi, filho. Atrapalho? ― pergunta.

― Nunca, tia. Entra.

Ela está com uma expressão cansada, triste. Convido-a para dentro e lhe sirvo um copo de suco.

― A senhora está bem?

― Ah, o Bernardo, como você sabe, ele está de partida para o Rio de Janeiro. Estou com o coração na mão. Meus dois filhos naquela cidade grande, perigosa... O que eu vou ficar fazendo aqui?

― Exatamente, o que prende a senhora aqui?

Ela suspira.

― Vivi muita coisa boa aqui. Me casei, criei meus filhos, vi minha neta nascer... O que aquela cidade tem para me oferecer?

― Seus filhos amam aquela cidade, dá uma chance. A Bia está numa fase boa. Está apaixonada pelo trabalho, sabe? Pela primeira vez a vejo contente depois de todos esses anos de tristeza. O Bernardo está de romance. A namorada é linda, doce... a senhora precisa conhecer. Além do mais, a casa é grande e, posso contar um segredo?

― Conta,

― Olha lá, hein! Não vá dizer que cotei. Sua filha projetou uma fábrica, quer dizer, ela chama de "Usina Doce". É a primeira coisa que quer ver pronto para a senhora não ter desculpas de que aqui tem trabalho, tem clientes. Ela tem um plano para a senhora continuar trabalhando no que gosta, só que com todo o conforto e espaço que merece. Sabe por quê? ― dou um tempo para ela absorver essas informações ― Por que ela já perdeu muita gente importante. Ela precisa da senhora por perto.

― Você não acha que eu vou tirar a privacidade dela?

― De modo algum.

― Eu sou chata, controladora... A Bia é adulta, não precisa de mim por perto.

― Faça um teste. Se não der certo, se a senhora não se adaptar, e só voltar para cá. Mas eu duvido que queira voltar. A senhora vai gostar de lá, eu aposto.

Ela passa algum tempo pensando em tudo que acabei de dizer. Sei que quer ir, mas também sei que sente medo de atrapalhar.

― E vocês dois? Nada mudou ainda? ― me surpreende.

Minha Vida, Meu AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora