Impacto de Sustos

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Ellie já havia passado pelo médico e pela psicóloga, segundo ela aquilo era normal, a tal chamada "sequência de sonhos". E que, às vezes, as continuações ocorrem depois de meses ou até em anos. A psicóloga disse também que os sonhos em sequência na verdade servem como uma forma de mensagem. Um exemplo que a doutora havia dado é de quando um pai dá um aviso ao filho, quando não entendemos o que aquilo queria dizer nosso inconsciente nos alerta por meio dos sonhos. E, enquanto não aprendemos, ele envia mais sonhos até captarmos a mensagem.

Quando Ellie chegou em casa e procurou descansar, não sabia se queria ir dormir para encontrar o homem dos seus sonhos ou apenas deitar no sofá e assistir um pouco de televisão. Ficou se perguntando que tipo de mensagem aqueles sonhos queriam lhe passar. Talvez pra ela tomar cuidado com algum homem misterioso? Ou com o mesmo que aparece em sonhos? Continuou se fazendo várias perguntas, quando estava quase caindo no sono seu telefone tocou. Na tela do mesmo aparecia o nome da sua amiga e a foto dela no fundo do aparelho. Deslizou o dedo na tela para atender.

-Alô? - Ela disse com voz de sono, bocejando em seguida como se tivesse acabado de acordar.

-Oi, Ellie! -A amiga falava animada do outro lado da linha. - Eu te acordei? Me desculpe!

- Não acordou não, Catarina. -Ela colocou o fio de cabelo solto atrás da orelha. -Eu nem tinha começado a dormir ainda, só estou com um pouco de sono.

- Percebi pela voz de sono. - Cat riu do outro lado da linha. - Mas enfim, só liguei pra saber se você quer sair comigo hoje? As vinte e uma horas vai ter a inauguração de um barzinho aqui perto, e ao lado tem uma pub.

- Não é uma má idéia. - Ellie ficou pensativa por um momento. - Vou tomar um banho e depois te mando mensagem, pode ser?

- Claro! Até mais tarde, Ellie. - Catarina mandou um beijo pelo telefone e desligou.

21h15 / 2 de setembro / quarta-feira

"Já estou pronta." - Ellie enviou a mensagem para Catarina.

"Você vem me buscar?"

Catarina demorou alguns minutos pra responder. Ellie já estava ficando impaciente.

"Eu já estou quase na sua rua, você vai e volta comigo, tá bom? Se quiser pode dormir na minha casa." - Ela digitava enquanto dirigia, uma mão no volante e outra no celular que estava apoiado sobre a perna. Virou em mais algumas ruas e estacionou em frente a casa de Ellie.

Algumas horas depois.

-O quê você achou, Ellie? - Catarina perguntou fechando a porta atrás de si, jogando as chaves em cima da mesa e se sentando em seu sofá.

- Foi melhor do que eu esperava. - Ellie se sentou aso lado de Cat no sofá e tirou o salto. - Ainda não me conformo que pensaram que eu fosse menor de idade. Eu já tenho 24 anos!

-Você pode até ter 24 anos agora, Els. Mas o seu rostinho ainda tem 16. -Ellie fez uma careta. Não sabia se ficava feliz ou triste com o fato de parecer mais jovem.

-Estou cansada. - Ellie reclamou, enconstando se nas costas do sofá e bocejando.

- Vou ir preparar a cama pra você. Mas antes, vá tomar um banho, porquinha! - Ellie riu e imitou um porco, fazendo Catarina rir também.

Ellie foi para o banheiro, mas se lembrou que havia esquecido de trazer suas roupas para a casa da amiga. Gritou por Catarina, que disse que a emprestava algumas roupas depois que ela saísse do banho. Ellie se despiu, colocou nas roupas em cima do vaso e abriu o box. Entrou no mesmo e abriu o chuveiro, aos poucos a água ia caindo até se tornar constante, colocou a mão de baixo da água primeiro para se verificar se se a temperatura estava boa, nem muito quente e nem muito fria, até qu finalmente com as mãos molhou um pouco do rosto, e por fim a cabeça. Tomou seu banho em exatos 16 minutos. Se enrolou na toalha que Catarina havia a indicado e saiu do banheiro pingado, sabia que ia ouvir um bom sermão da amiga. Voltou a banheiro e resolveu se enxugar ali mesmo. Se enrolou na toalha novamente e foi até o quarto de Cat, que estava tomando banho em sua suíte. Havia duas peças de roupas separadas sobre a cama, mas Ellie não sabia qual era a sua. Perguntou para a amiga que respondeu meio abafado: "O pijama roxo!"

Roxo era a sua cor favorita, se surpreendeu ao ver sua amiga lembrar da sua cor favorita já que ela sempre esquecia as coisas mais especiais, como a data do seu aniversário, por mais que isso não seja tão especial assim.

Tirou a toalha e se trocou ali mesmo, pegou a toalha que havia pousado sobre a cadeira e a levou para a varanda. Olhou pela janelinha que ficava acima da maquina de lavar e apreciou por alguns minutos a vista da mata escura a essas hora da noite.

Voltou para o quarto da amiga, que estava sentada em cima da cama, com a perna dobrada colocando a meia. Ficaram conversando por um bom tempo, Ellie pensou em contar a Catarina o que estava acontecendo, os sonhos que andava tendo, mas optou por deixar pra lá. Às duas da manhã se despediram uma da outra, desejando um "boa noite", Ellie foi para o quarto de hóspedes e se deitou sobre a cama. Sabia que se dormisse iria encontrar com o homem de novo, por mais que sentisse medo ela estava começando a gostar daquilo, e por mais que achasse estranho se perguntou quantas pessoas mais tem a chance de ter sonhos assim? Ellie virou para o lado e se xingou mentalmente por estar pensando besteira. Abraçou o travesseiro e fechou os olhos.

Ela estava em seu escritório, mas não havia ninguém, e muito menos algum som. Se levantou da cadeira do balcão e andou pelo escritório inteiro, realmente não havia ninguém ali. Parou por um minuto e pensou se deveria voltar a sentar na cadeira. Mas a única coisa qu fez foi pegar sua bolsa e sair pela portas francesas, pegou a chave do escritório em sua bolsa e as trancou. Guardou as chaves e quando se virou deu de cara com o homem dos seus sonhos.

- Você não se cansa de me assustar? - Ellie perguntou indagada.

- Eu não te assusto, você que não cansa de se assustar. - O homem dos olhos verdes disse. Ellie não conseguia entender seus trocadilhos. Revirou os olhos e pediu licença por que tinha que chegar em casa. - Você veio com o seu carro? Posso te dar uma carona.

- Que pergunta mais idiota. É claro que eu vim!

- E aonde ele está, Ellie? - Ele perguntou levantando a sombra celha. Ellie apontou para um carro vermelho estacionado numa rua paralela ao escritório. O homem olhou para o carro, estalou os dedos e o carro desapareceu.

- MAS O QUE VOCÊ FEZ? - Ellie gritou. - EU VOU CHAMAR A POLÍCIA!

- Você pode gritar a vontade, Ellie. Ninguém vai te ouvir porque não há ninguém na cidade. - Ellie olhou em volta e percebeu que não havia realmente ninguém, e ela estava no centro da cidade, sozinha com um estranho entre aspas.

- Tudo isso só pra eu aceitar a sua carona? - O homem sorriu e Ellie tentou se conter assim que lembrou que estava em um sonho. - Tudo bem então, aceito a sua carona.

O homem dos sonhos começou a andar, deixando novamente Ellie para trás que de novo teve que apressar o passo. Entraram em uma rua que havia uma fileira enorme de carros. O homem parou em frente a um carro preto, abriu a porta do motorista e Ellie a do passageiro. Ambos entraram no carro e ela tentou se sentir confortável no banco de couro. Olhou pelo retrovisor e perguntou ao homem por que havia tantos carros na rua se não havia ninguém na cidade.

- Você deveria fazer essa pergunta a si mesma, o sonho é seu, se lembra? - Ele colocou a chave na inguinição e ligou o carro, mexeu na marcha e deu partida.

Ellie se chamou de idiota em pensamento e se perguntou por que ainda tentava conversar com ele.

O homem dirigia meio que sem rumo, Ellie perguntou aonde ele estava a levando mas ele não respondeu. Ele virou a direita em alguma rua e um caminhão em alta velocidade se aproximava, ele parou o carro em ficou parado no meio da rua, enquanto o caminhão se aproximava. Ellie começou a entrar em desespero, tentou tomar o volante mas o homem a pediu para ficar calma. Ellie ficava mais desesperada conforme o caminhão se aproximava. Quando viu que não teria mais jeito, se abaixou e abraçou os joelhos, escondendo a cabeça nos mesmos, gritando com o impacto dos dois automóveis.

Ellie acordou, percebeu que estava na mesma posição do sonho, se assustou quando viu que uma Catarina descabelada e com uma expressão assustada estava na porta com um taco de beisebol em posição de ataque. Olhou rapidamente para para a janela após se desgrudar dos joelhos e percebeu que já era de manhã.

Homem Dos SonhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora