Capítulo 2 - Canibais

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    As horas se passaram rapidamente e logo já era noite novamente. Eu havia ficado o dia todo no mesmo local, pensando se tudo que eu fiz era realmente necessário.

Encostei-me à parede e fiquei observando o vai e vem das pessoas naquele local. Umas pareciam olhar para mim com uma expressão que eu não conhecia. Elas apertavam o passo e pareciam tomar distancia. Outras ficavam observando de longe com uma expressão de pena.

Comecei a escutar uma agitação, olhei em direção aquilo e vi que alguns jovens riam, se empurravam e falavam coisas altas, muitas vezes palavras feias e de baixo calão.

Falavam que haviam "pegado" uma menina "gostosa", que iriam leva-la para a "cama" e fazê-la "delirar" quando a "comessem".

Fiquei observando aquela conversa tentando entender o jeito que falavam e encontrar uma coerência.

Da para se "pegar" alguém sem que seja no colo?

Ou então, comidas não eram gostosas? Ou meninas são?

Se alguém for levar outra para cama, ela iria para lá para dormir, certo?

E, por que eles estão falando que vão comer as mulheres? E que elas vão delirar com isso?

Oh, não acredito... Eles são canibais!

Será que a autoridade desse local não sabia? Eles poderiam sair por ai comendo as mulheres depois de fazê-las dormir?

Será que elas gostavam disso?

Um arrepio percorreu minha espinha e tentei me concentrar em ficar desenhando linhas aleatórias no meu bloquinho para tentar esquecer tudo aquilo. Mas logo percebi que as vozes aumentavam e pareciam perto demais...

– Hm, veja o que temos aqui... – disse e levantei os olhos para vê-lo logo a minha frente. Seu sorriso tinha um toque de maligno, que parecia estar planejando algo a qualquer momento.

Pronto, agora eles queriam que eu fosse a próxima vitima deles. Eles queriam me comer!

– Nossa, que bonequinha linda... – disse o outro tocando meu rosto, como se aquilo fosse apenas uma carícia.

– Qual é o seu nome, heim boneca? – perguntou o primeiro. - hm, o gato comeu sua língua, é?

Todos riram em uníssono. O meu sangue fervia, podia sentir a raiva querendo me dominar, mas mantive minha postura, e não demonstrei nada.

– E essa armadura ai? – perguntou outro garoto. – Certamente vale uma gana.

– Você esta certo, Rick. - disse o que parecia ser o líder. Ah, a minha armadura não! – Anda boneca, passa essa armadura pra cá.

Fiz que não com a cabeça, eu não iria entregar a minha armadura.

– Ah então nós teremos que pegar. – sorriu.

O meu sangue fervia, eu só precisava falar uma única palavra... Apenas uma.

– O que pensam que estão fazendo? – escutei a voz de Noah. Todos os três olharam para ele.

– Hm, o mocinho veio salvar a dama? – perguntou um dos garotos. – Mas vejo que está em desvantagem...

– Quem disse que é o numero que importa? – Noah perguntou com uma autoconfiança visível. Mas, eu não sei se confiava tanto assim em que ele se sairia bem dessa...

– Veremos então... – a resposta parecia ser tanto a eles como a pergunta em meu pensamento.

Os três tentaram cercar Noah, que estava com um sorriso largo nos lábios. Aquele sorriso em seus lábios fez meu corpo estremecer.

A filha da Morteحيث تعيش القصص. اكتشف الآن