Êxtase.
Delírio.
Essas palavras definiam bem o que a platéia sentia no momento.
E também o que Mikky sentia.
Seus fãs a amavam. Quando estava no palco ela era uma deusa. Era adorada por seus fãs.Eles gritavam e aplaudiam. Erguiam cartazes com frases como: "Mikky eu te amo!"
Ela se curvou para agradecer a platéia, e o local do palco onde ela estava começou a descer, a saída triunfal causou outra onda de frenesi no público.
Assim que desceu do palco foi direto para o camarim e se jogou no sofá.
- Estou exausta. Me traz um copo de chá gelado, Chris.
- Claro - sua assistente serviu o chá - Foi incrível essa noite. Você arrebentou!
- Arrebentei mesmo, não? - ela sorriu e tomou um gole do chá - Mas estou cansada.
- Srta. Liar - um segurança entrou no camarim - Há um homem aqui para vê-la.
- Se livre dele, não quero ver ninguém.
- Mikky, você sabe que tem que tratar bem seus fãs. Seu sucesso é graças a eles.
- Meu sucesso é graças a mim. Sou eu que danço e canto. Sou eu quem se preocupa em manter o corpo em forma. Pelo menos por um dia, uma noite, eu não quero ser a pop star Mikky Liar, quero ser apenas a Milenka. Quero descansar e relaxar.
Dizendo isso ela se esticou no sofá, e apoiou os pés na mesa de centro.
- Se livre dele, Auguste.
O segurança concordou com a cabeça e saiu. Chris olhou para Mikky com uma mistura de repreensão e pena.
Sua chefe não era uma mulher ruim, apenas tinha cicatrizes. Ela não sabia quase nada sobre o passado de Mikky. Apenas que tinha tido um começo difícil na vida. Aquilo a moldara. A tornara dura. Mimada e metida, mas não cruel ou má.
Sua definição de relaxar seria uma noite regada a álcool e sexo.
Ela era cuidadosa, e não causava ou se envolvia em escândalos, mesmo assim seu estilo de vida era nocivo para ela mesma.
Ela não se permitia sentir.
Amar.
Chris orava a Deus para que ela encontrasse alguém que a curasse. Que a completasse.
- Chris! Você é surda?! Me traz uma aspirina, estou com muita dor de cabeça, mas que porra!
Certo.
Que Mikky encontrasse um homem com colhões de aço para aguentá-la, ela pensou enquanto pegava os comprimidos.- Senhorita.
- O que foi agora, Auguste? - retrucou impaciente.
- O homem se recusou a ir embora. Disse que veio de muito longe para vê-la e não irá aceitar uma negativa.
- Quem ele pensa que é? Eu já disse que estou indisp...
Ela perdeu a fala e encarou a porta boquiaberta.
Um homem alto e moreno estava parado ali. Ele deveria ter mais de 1,90 de altura. Usava vestes diferentes, longas e claras. Seu cabelo era da cor do ouro puro, e descia até seus ombros.
Seus olhos eram da cor de avelãs e hipnotizantes.
Ele era como uma xicara de café de qualidade. Forte,
quente e gostoso.- Que Alá esteja com vocês - a voz dele provocou um arrepio na pele de Mikky.
Era profunda, uma voz de barítono.
Oh sim, Mikky gostaria de ouvir aquela voz sussurrando palavras sujas em seu ouvido.
- Sou o príncipe Karin Osamed. Vim aqui para conhecê-la, bela dama. Soube que estava indisposta, mas me parece muito bem.
- Posso abrir excessões - ela estendeu a mão - Fico honrada em conhecer um fã quem veio de tão longe.
- Não sou seu fã - ele beijou a mão dela - Seu estilo de música... Fere meus ouvidos.
Ela piscou, incrédula. Não acreditava no que acabara de escutar.
- Sente-se - Karin indicou a cadeira.
- Não de ordens para mim - ela semicerrou os olhos.
- Saiam todos - ele fez um gesto com a mão e todos obedeceram, incluindo Auguste.
- Não de ordens ao meu pessoal também! - ela olhou exasperada - Quem você pensa que é?!
Ele podia ser lindo, e Mikky admitia que a primeira vista queria ir para a cama com ele, porém dois minutos de conversa - aliás dele dando ordens a ela - a fez ver sua verdadeira face.
Um homem atrevido e arrogante. A única coisa que ela gostaria de fazer com ele agora era jogá-lo pela janela.
- Sou um príncipe, e meu tempo é muito precioso para ficar perdendo com futilidades. Eu vi um cartaz sobre o seu show e me interessou. Você é muito mais linda pessoalmente. Seu cabelo... Nunca vi uma cor assim. É idêntico a uma cereja madura. Eu vou adorar sentir seu perfume e descobrir se seu gosto também é parecido com cereja.
Todos os esforços que eu empenhei para vir até aqui vão valer a pena afinal.- O que? Como assim? O que quer comigo?
- Não ficou claro ainda? Vim até aqui para torná-la minha amante.
- Você só pode ser maluco! - ela deu um pulo na cadeira e se afastou - Ou isso não passa de uma pegadinha. Você é ator? É o pior ator que eu já vi, com esse sotaque falso e essas roupas estranhas. Vamos lá, cadê as câmeras?
Karin continuou sentado calmamente na cadeira.
- Não entendo porque sua surpresa. Não está honrada de ser minha escolhida?
- Vá pro Inferno! Ou pra qualquer outro lugar onde vocês árabes babacas vão!
Ela pegou o copo de chá de cima da mesa com brutalidade.
- O que voce pensa que eu sou? Um objeto de decoração? Vá te catar!
- Então está me recusando?
- Ah você ainda não entendeu? - ela bebeu um gole do chá, tentada a jogar o resto em cima dele, antes de responder - Vou simplificar pra você, já que "Vá pro Inferno" e "Vá te catar", não são explicações suficientes. Você é um grande idiota, e eu posso ter meus defeitos, mas nunca na minha vida vou aceitar ordens de um homem.
- Não será minha amante?
- É claro que não, seu monte de estrume!
Ele suspirou.
- Isso é decepcionante, e vai me dar mais trabalho do que eu pensei.
- O que está querendo dizer com isso? - A visão dela começou a escurecer, e antes que Mikky pudesse entender o que estava acontecendo, ela desmaiou.
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Refém no Deserto
RomanceEla é uma cantora pop. Rica, famosa e mimada. Não conhece o significado da palavra não. Ele é um príncipe árabe. Aventureiro e acostumado a nunca receber uma negativa por parte de uma mulher. O nome dele? Karin Osamed. O nome dela? Mikky Liar. E...