A Dançarina - Parte III

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O dia havia sido muito agitado para Samantha. Ela recebeu uma proposta, irrecusável, de treinar um grupo de dançarinos de uma cantora famosa. Obviamente que a morena aceitou e os grupos não paravam de chegar. Ela, finalmente, fechou o estúdio quando o relógio marcava nove horas da noite. Terminava de passar o pano no chão de madeira, quando ouviu a porta da frente bater.

Colocou o esfregão de lado e apareceu nas escadas, apenas para ter certeza de que o que tinha ouvido era verdade. Até achou que poderia ter sido algum dos dançarinos, que esqueceu alguma coisa e voltou para pegar, mas não viu ninguém. Desceu devagar, olhando em cada sala do andar de baixo, antes de fechar a porta com o trinco e subir correndo novamente.

Pensou em pegar logo suas coisas e voltar no dia seguinte — que era sábado — para terminar a limpeza do lugar, mas paralisou ao chegar na sala do andar de cima.

— Você tem ótimas músicas — comentou o loiro, de costas. Samantha olhou para o esfregão e de volta para ele. Daria tempo pegar, se fosse rápida. — Não se preocupe. Não vou lhe fazer mal. Sou um amigo — A morena correu e pegou o esfregão, apontando para ele.

— Aham! E eu sou a Chapeuzinho Vermelho — respondeu ainda mantendo o cabo de madeira apontado para o homem.

— Sabe o que acontece com a Chapeuzinho, não é? — virou-se e deparou-se com a cena em questão. Sorriu de maneira calma. — Não na história fofinha, mas na verdadeira. O lobo a devora.

— Já chega! Saia já ou ligo para a polícia — respondeu ela e Sean apenas virou-se, reparando o telefone em cima da mesinha ao seu lado. Tanto o fixo quanto o celular.

— Eu já disse que não te quero mal. Só queria saber como você estava.

— Não te conheço. Para mim é um maníaco qualquer — sorriu ao ouvir as palavras da mulher. Achou que havia feito uma besteira sem tamanho, em ter apagado a memória dela, mas aquilo era fácil de resolver. Deu um passo em sua direção e ela deu dois atrás. — Não se aproxime mais ou eu juro que eu grito e quando você menos esperar... — os pensamentos de Sam foram interrompidos ao perceber que Sean estava a meros cinquenta centímetros de distância. Sentia a respiração dele bater em seu rosto e ficou completamente sem fala.

— Samantha, olhe em meus olhos — ele mandou. Tornaram-se tão claros quanto poderia ser. — Eu quero que você se lembre da noite de ontem. De tudo que aconteceu, exceto a tentativa de estupro. Para você, será apenas uma tentativa de assalto e nada mais. Se lembrará de mim e todo o resto. Você me entendeu?

— Me lembrarei de tudo o que aconteceu, menos da tentativa de estupro. Foi apenas um assalto — ela respondeu e ele sorriu, afastando-se tão rápido quanto conseguiu. A mulher piscou alguns segundos antes de novamente o encarar e a expressão de surpresa surgir em seu rosto. — Espera. É você!

— Eu? — perguntou o loiro, fingindo não saber do que ela falava.

— Agora me lembro — ela deixou o esfregão de lado e cruzou os braços. — Você me salvou ontem. Do assalto.

— Pensei que não se lembraria.

— Como eu poderia esquecer? — perguntou e ele abaixou a cabeça para que ela não visse sua cara de culpado ou o sorriso divertido em seus lábios. — Não consegui agradecer direito pelo que fez. Sendo outro, teria deixado acontecer.

— Não poderia deixar — respondeu sério. A imagem do homem, tentando forçar Samantha, apareceu em sua mente. Junto com ela, aquela sensação de ira que lhe tirava todo o controle. Percebeu que estava em sua forma vampírica e virou de costas, para não deixá-la ver o que estava acontecendo. Não podia ver ou se assustaria e sairia correndo. Não queria ter que apagar sua memória outra vez.

Amores Imortais - Contos de Imortal - (Hiatus)Where stories live. Discover now