Dúvidas

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A semana passou rápido pra caramba, mal voltamos a estudar e já estava entupida de atividades, pesquisas, seminários. Credo, era tanta coisa que estava me sentindo mais entupida que um vaso sanitário. Ótimo, depois de concluir ainda iam ter coisas para tornar meu tempo ainda mais curto, concursos, provas. Só de pensar nisso doía.

- Carineee! - Legal, ainda tinha a parte  lidar com os chamados da minha mãe. Era uma linda manhã de sábado e fui acordada aos gritos sem necessidade. Já com Bianca era tudo mais fácil.
Arrumei minha cama e desci, estavam quase todos à mesa, só faltava a princesinha.

- Bom dia. - Falei fazendo esforço, estava com muito sono, se eu vendesse, desse ou alugasse, ainda sobraria.

- Bom dia filha. - Meu pai respondeu com um sorriso e minha mãe apenas me olhou. Às vezes tinha uma sensação tão estranha, como se ali não fosse meu lugar, ou como se fosse a peça errada do quebra-cabeça. Já tinha parado de pensar essas coisas, mas era praticamente contra minha vontade começar a pensar nisso. Quando falei a minha mãe pela primeira vez, ela simplesmente respondeu dizendo que eu sempre tive essa mentalidade de paranóia. Paranóia nada, quando falei que o tal do nosso vizinho estava flertando com ela, ninguém acreditou, além de meu pai que passou a observá-lo. E olha só quem estava certa? Exatamente! A minha mãe.

- Pai posso ir ao shopping com Camila?

- Fazer oque no shopping Carine? Você vai ficar em casa hoje. Tem coisa em casa para fazer. - Sério? Tipo tirar poeira de onde não tem? Ou ficar trancada no meu quarto olhando para o teto?

- Ai mãe também quero ir. - Ela tinha mesmo que aparecer agora?

- Não! Eu vou com Camila! - Fiz cara de brava.

- Não vejo problema em sua irmã ir. - Sabe aquele momento que você imagina cenas? Pois é, imaginei colocando uma mordaça nela. É uma pena que era só imaginação.

- Deixe ela ir Manuela. Elisa fica em casa hoje para ajudar. - Minha mãe soltou raio laser pelos olhos.

- Mas pai... - Ela não terminou, meu pai repetiu e ela finalmente se calou.

- Obrigada pai. - Dei um sorriso enorme.

Depois que todos terminaram o café lavei as coisas e fui arrumar meu quarto. Enquanto arrumava lembrei das vezes que me senti na família errada, eu sei, fico pensando idiotice, mas era algo que só eu entendia, só eu e Deus entendíamos o que se passava dentro de mim. Quando falei isso a Luís, ele disse que também já tinha passado isso na cabeça dele, mas faz parte da fase, tipo adolescentes se sentem assim, às vezes é um vazio e esse vazio não é fome, porque disso entendo perfeitamente.
Mandei esses pensamentos para longe e fui dormi um pouco. Adormeci rapidamente. Se eu soubesse que essa soneca não me traria sossego...

Sonhei que estava em um campo, tipo esses para piquenique e lá estavam meus pais e Elisa. Estavam todos felizes, me aproximei e eles continuaram como se apenas eles estivessem ali. Sentei-me e os observei mais um pouco.

- Pai! Mãe! Estou aqui. - Disse um pouco assustada. Eles me olharam.

- Quem é você? - Como assim quem sou eu? Fiquei muito assustada.

- Elisa! - Toquei em sua mão. Ela pareceu não entender.

- Por favor o que está acontecendo aqui? Por favor expliquem! - Comecei a chorar desesperadamente. Levantei no susto, com meu celular tocando era Camila, com o rosto ainda molhado com as lágrimas.

- Cáh? - Precisava conversar com ela, sei lá com alguém que me entendesse.

- Oi. - Respondi meio trêmula.

- Que voz é essa? Aconteceu alguma coisa?

- É... Tá ocupada? Vamos dar uma volta no shopping, na praça sei lá.

- Ia mesmo te chamar pra sair. - Ela deu risada.

- Okay então. Nos vemos daqui a pouco. Passa aqui ema casa.

- Certo então. - Ela desligou.

O amor está tão perto...Where stories live. Discover now