- please, don't try to find me through my dealer...

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Metade de um canudo, provavelmente cortado em uma tesoura qualquer, está ali. 

E junto, um pó branco. 

Daisy nunca usou pó branco. Nunca. 

Eu engulo três vezes — até sentir a ardência da garganta, até sair do transe. 

 "Tem... um pó branco aqui. Eu não sei se ela usou, mas...Ela está respirando mas está mole, apagada. Eu não sei... Venham logo, por favor. Eu não... não sei se ela aguenta." 

A atendente começa a me fazer perguntas — endereço, nome, se Daisy ainda está consciente, se há mais alguém aqui... Tento responder tudo, a voz trêmula, os olhos presos nela. Deixo o celular largado no chão e no viva-voz quando ela disse que eles já estavam chegando. 

Meu olhar não se desvia dela. Não consigo vê-la direito de tantas lágrimas, e tenho certeza que estou toda molhada por isso e pelo vinho. Mas não me importo. Minha testa encosta na dela. 

"Você prometeu... Fica comigo, por favor. Por favor, Daisy." Falo entre soluços. Sai confuso, eu começo a fazer apelos e promessas como uma mulher religiosa, desesperada por uma cura, por uma alternativa. Não posso pensar no que seria de mim sem ela. Preciso ser positiva. 

Uma das minhas mãos se entrelaçam com a fria de Daisy. "Você me ouve?" Sussurro, minha mão acariciando seus cabelos. "Você vai ficar bem, tá? Eu estou aqui."

"Você não pode fazer isso comigo." Minha voz sai entrecortada. "Eu sei que você tá cansada. Eu sei. Mas me avisa, me grita, me empurra, faz qualquer coisa... só não... não desiste, Daisy. Não me deixa." Beijo a bochecha dela, fecho os olhos e imagino em qualquer outra coisa. Na sensação dos seus cachos nos meus dedos, no gelado das suas mãos contra minha — qualquer coisa, qualquer sensação que não seja as batidas fracas do pulso dela contra meus dedos. 

Minutos se arrastam até o barulho de ambulância finalmente chegar aos meus ouvidos. Suspiro, aliviada. Fecho os olhos e murmuro, baixinho. "Fica comigo, tá bom? Eu estou exatamente aqui." Beijo sua testa uma última vez e me levanto quando o barulho da sirene aumenta e as luzes vermelhas e azuis invadem a sala pelas persianas. Abro a porta e aceno. "Aqui dentro!" Grito. 

Paramédicos entram rapidamente, sérios. Se ajoelhando sob o corpo de Daisy. Um deles, que acabou de entrar, fala comigo. "Sabe quantos comprimidos ela tomou? Ela tem histórico de uso de drogas?"

Balanço a cabeça, os braços cruzados, como se pudessem me proteger. "Quetiapina, acho que uns quinze comprimidos. Ela fumava maconha, mas acho que hoje usou cocaína, eu... não sei, acho que é a primeira vez dela usando. E ela bebeu vinho." Soluço, uma mão minha tampa a boca. Falar isso torna tudo ainda mais real. 

Vejo eles checarem a pupila de Daisy, pulsos, pressão arterial e respiração. Colocam uma máscara de oxigênio no pequeno rosto dela e a colocarem numa maca. 

Dou um passo para o lado enquanto levam Daisy para fora. Paro na porta do trailer, observando enquanto colocam ela dentro da ambulância. A cabeça dela balança, totalmente desacordada. Não parece a mesma mulher que me abraçava de noite. Não parece com a minha Daisy. A Daisy que me gritava, que me fazia rir, que me beijava como se o mundo fosse acabar — não está ali. Só sobra essa casca pálida e perdida.

O pessoal do filme — assistentes, diretora, atores — saíram dos trailers com o barulho das sirenes. Olhei para a expressão de cada um. Alguns estão assustados, outros curiosos. Mas meu olhar se atrai para a pessoa que mais está em destaque. 

Harry, a aproximadamente cinco metros de distância da ambulância. Sua expressão está ilegível — inexpressiva, como sempre está quando o assunto é Daisy — não consigo perceber se está com pena, raiva. — seja lá qual for o motivo para ele se sentir assim — ou se está escondendo os sentimentos de propósito. Franzo a testa levemente, analisando-o. 

it's never over ; tswift.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora