Meu corpo cai de joelhos. Não sinto a dor deles, não sinto eles molharem devido ao vinho derramado. Tudo que sinto é uma dor absurda no peito — da cena a minha frente, do que ela representa e das consequências dela.
"Daisy." Chamo ela com a voz trêmula, embargada. Dou tapas leves na bochecha dela, balançando-a. "Por favor, por favor." Soluço desesperada. Minhas lágrimas turvando minha visão, mal consigo enxergá-la.
"Merda, merda!" Grito quando percebo que ela não vai acordar comigo.
Estou com o corpo de Daisy a minha frente. Não sei se ela está morta, não sei se ela realmente tem noção do que fez — tudo que sei são dos comprimidos sumidos, da garrafa de vinho vazia e de uma derramada no corpo dela e no tapete. Minhas mãos não conseguem se mover. Eu não consigo reagir, acordar. Tudo que faço é olhar para a boca entreaberta dela, que eu tanto beijei. Percebi que ela está respirando. Desvio para seus cabelos, que eu tanto acariciei. Suas mãos estão largadas ao lado do seu corpo, aquelas que sempre me tocaram com reverência. A roupa que ela usa é a mesma de quando brigamos.
A mulher a minha frente não é a mesma que me acorda com beijinhos e um café da manhã pronto. Que faz piadas bobas somente para me provocar e me fazer rir. Não é a mesma que dança ao som de uma música qualquer que toca no celular quando vamos fazer pipoca. Muito menos a que sempre tem a mania de mexer no cabelo quando está nervosa.
Essa mulher aqui — na corda bamba da vida e da morte, que eu sinto quando meus dedos vão a procura de seu pulso e o encontro fraco, mas ainda presente. A que eu me desespero, que vivo angustiada por não saber se ela estará viva no dia seguinte. Se afunda nos vícios e não admite a si que está doente — é o fantasma da mulher que ilumina minha vida.
Um fantasma teimoso, que assume o controle e acaba com a vida dela. Daisy não consegue sair dessa sozinha, eu sei disso. Mas ela não consegue admitir a si mesma. Eu percebi isso. Está no jeito como ela insiste em escapar de mim quando tento tocar no assunto. Em como eu sei muito bem que ela não jogou fora os comprimidos e muito menos os baseados no lixo, vi dentro de seu armário em uma das noites que não consegui dormir. Mas estava só ali, intocado, pensei que não usava mais e só esqueceu ou não quis jogar fora, eu sei como é difícil.
Porra, eu fui tão ingênua.
Percebo isso quando meus dedos trêmulos alcançam o telefone dela — 9275, digito sua senha com desespero. — Vejo a nossa conversa aberta no celular dela. Uma única mensagem digitada, mas não enviada.
"Me desculpe por hoje. Eu não se"
Ela não terminou a mensagem. Daisy nunca deixa algo incompleto. Mas o que ficou nas entrelinhas me tortura.
Disco o número sem pensar, com as lágrimas já escorrendo, borrando tudo. Mal consigo enxergar a tela.
"Por favor..." Sussurro, com o celular no ouvido. "Alguém ajuda... preciso de ajuda. Minha amiga... ela... ela tomou alguma coisa. Ela não tá bem. Ela vai..."
Soluço e olho para ela. Seguro o rosto dela com delicadeza e acaricio as bochechas pálidas dela enquanto escuto a mulher falar comigo — não consigo me concentrar direito. Não consigo me concentrar em nada além de Daisy.
"S-Sim, ela... tomou alguma coisa. Quetiapina, acho que metade da cartela. Bebeu vinho... Não sei quanto, eu—" Solto um som quebrado, não conseguindo falar direito com o nó na minha garganta.
E então eu noto, em cima da mesa de centro. Olho com a boca entreaberta, paralisada. Escuto os murmúrios da mulher no telefone que está no meu ouvido, mas não consigo entender. Me aproximo, analiso a cena. Não está tão bagunçado a mesa, — sem remédios, sem baseado — ela preferiu tomar os remédios no banheiro. Como se, se tivesse que trazer tudo para sala, desistiria.
YOU ARE READING
it's never over ; tswift.
FanfictionTaylor não pretendia sair naquela noite. Muito menos dançar até perder o fôlego, beber mais do que devia - e acabar tendo o melhor sexo da sua vida com uma estranha de sorriso marcante. Ela só não sabia que a mulher desapareceria no dia seguinte. Ag...
